5% entre 5 e 9 anos são Autistas
- maio 28, 2025
- 0
Professores, escolas, gestores e pedagogos precisam com urgência entender dos cuidados e as relações de educação inclusiva em todos os níveis.
Professores, escolas, gestores e pedagogos precisam com urgência entender dos cuidados e as relações de educação inclusiva em todos os níveis.
PATROCINÁVEL
Redação
São Paulo, 28/05/2925
9.0 Minutos
Essa é a maior prevalência do diagnóstico por faixa etária e meninos são maioria. Segundo os números recém-divulgados do Censo 2022; Brasil tem 2,4 milhões de pessoas com autismo
O Brasil tem 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Isto representa 1,2% da população, conforme as informações do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram divulgadas nesta sexta-feira (23/5). Esta é a primeira vez que o IBGE faz um levantamento das pessoas com Transtorno do Espectro Autista no país, graças à Lei n.º 13.861/2019.
Entre os diversos dados revelados pelo levantamento, o Censo também aponta que 3,8% são meninos entre 5 e 9 anos (264 mil). Também que 1,3% das meninas na mesma faixa etária (86 mil) têm diagnóstico de TEA. Os diagnósticos mais concentrados estão entre crianças de 5 a 9 anos (2,6%). Além deles seguem-se os de 0 a 4 anos (2,1%). Enfim, são números que reforçam o avanço no diagnóstico precoce, resultado de maior conscientização e busca de informações por parte de pais e responsáveis.
Os números são similares aos do mais recente relatório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Isso mostra que a prevalência de autismo cresceu no país, chegando a 1 a cada 31 crianças de até 8 anos. A pesquisa utilizou os dados mais recentes do monitoramento nacional dos EUA, também de 2022.
“É natural que os números indiquem maior prevalência de TEA em meninos, pois é uma pesquisa de quem já recebeu o diagnóstico. No entanto, é importante considerar que muitas mulheres autistas não são diagnosticadas, ou têm o seu diagnóstico tardio. Isso deve impactar esses dados coletados”. Quem afirma é a Conselheira Clínica da Genial Care, rede de cuidado de saúde atípica especializada em crianças autistas e suas famílias, Alice Tufolo.
Maioria dos alunos diagnosticados no espectro autista estão no ensino fundamental
O Censo aponta que a maioria dos estudantes diagnosticados no espectro autista – 508 mil crianças e adolescentes – estão no ensino fundamental. São números que representam 66,8% das crianças diagnosticadas com TEA no Brasil.
O levantamento do IBGE também investigou a taxa de escolarização das pessoas autistas. Assim, constatação é de que essa taxa é maior entre os autistas (36,9%) do que na população sem esse diagnóstico (24,3%).
Além disso, a maioria das pessoas com TEA se autodeclara branca (1,3%). Em seguida estão “as pele” amarela (1,2%), preta (1,1%), parda (1,1%) e indígena (0,9%). Conectado a políticas públicas, o Censo de 2022 reforça a necessidade de cada vez mais espaços sobre desigualdade no acesso ao diagnóstico e diferença racial entre famílias atípicas.
“Essa distribuição também pode refletir mais o acesso desigual ao diagnóstico do que a real distribuição de pessoas autistas considerando as raças. Justamente porque já é sabido que o autismo é uma condição neurobiológica que não escolhe cor, etnia ou classe social. Porém, infelizmente, o acesso ao diagnóstico ainda é algo de difícil acesso para muitas pessoas no Brasil”, destaca Alice Tufolo.
Portanto, é cada vez mais comum ouvir falar sobre o aumento de diagnósticos de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), tanto entre adultos quanto entre crianças. De acordo com dados da Answer ThePublic, o termo “autismo” e “autismo e TDAH” são pesquisados cerca de 6.600 vezes por mês. Entretanto, estes dados, revelam uma crescente busca por informações e suporte sobre essa condição. Há décadas atrás, no entanto, o TEA era pouco compreendido, o que levava a diagnósticos errados ou à ausência deles.
“Quando descobri o autismo do meu filho, senti um abismo imenso e percebi o quanto eu estava despreparada. Porque debater a questão era algo muito difícil tanto para as escolas, quanto para as famílias e para a sociedade em geral. Ou seja, tudo é muito complexo, pouco aprofundado, sem contar o emocional. Portanto, uma mãe nunca espera esse tipo de diagnóstico”, pontua a empresária Ingrid Monte, mãe de um menino de 9 anos, diagnosticado com TEA com pouco mais de 2 anos de idade.
O que é o Transtorno do Espectro Autista?
O Autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que muda a maneira como uma pessoa percebe e interage com o mundo ao seu redor. Suas principais características incluem dificuldades na comunicação, interação social e padrões de comportamento restritos e repetitivos.
Como o espectro é amplo e impacta diversas áreas, cada pessoa apresenta características do transtorno de maneira única. Isso é o que torna o acompanhamento personalizado e multidisciplinar essencial.
Para as famílias, o diagnóstico pode gerar muitas emoções, como insegurança e ansiedade, especialmente sobre o futuro da criança. Estudo da Genial Care em parceria com a Tismoo.me, 79% dos cuidadores de crianças com autismo expressam grande preocupação com o que está por vir após o diagnóstico.
“As apreensões podem ser relacionadas ao futuro dessa criança, principalmente em relação à independência e autonomia. Tanto quanto, de modo mais imediato, saber quais terapias realizar, visto a quantidade de informação que hoje existe a disposição. É relevante, assim sendo, que a família tenha profissionais de confiança que trabalhem com práticas baseadas em evidências para melhor suporte e direcionamento nesse momento inicial.” Destaca a especialista Alice Tufolo.
A intervenção precoce é um dos maiores aliados para o desenvolvimento das crianças com sinais de atraso no desenvolvimento. Pois é na primeira infância o momento em que há uma maior plasticidade neuronal – capacidade do cérebro em criar novas conexões. Ela permite que profissionais capacitados, juntamente com a família, estimulem a criança a conquistar habilidades essenciais, prevenindo dificuldades futuras.
O Ministério da Saúde classifica a intervenção como precoce quando ocorre na primeira infância (de 0 a 6 anos). Nesse período, o cérebro infantil apresenta alta neuroplasticidade. Esta condição natural facilita a aprendizagem e o desenvolvimento quando os estímulos são adequados.
Estudos, como os publicados no Journal of Autism and Developmental Disorders, mostram que intervenções precoces podem melhorar em até 40% os resultados cognitivos e adaptativos.
Crianças que recebem os cuidados e estímulos certos desde cedo têm mais chances de desenvolver habilidades fundamentais, como comunicação, interação social e independência.
“Intervenção comportamental, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e suporte educacional são fundamentais para o desenvolvimento das crianças com TEA. Essas terapias ajudam na construção de habilidades essenciais para a independência e inclusão social. Quando as intervenções são adiadas ou inexistem, as crianças podem enfrentar barreiras significativas. Geralmente em áreas como educação, emprego e relacionamentos”, afirma Tufolo.
Entretanto, ela reforça que, embora a intervenção precoce seja crucial, nunca é tarde para buscar apoio. “Desenvolvemos o potencial único de cada criança, por meio de inteligência clínica, para oferecer terapias personalizadas com resultados visíveis. Especialistas caminham lado a lado com as famílias, escutando suas necessidades e fortalecendo a participação da cuidadora no desenvolvimento da criança.” Com terapias personalizadas, é possível ajudar a criança a desenvolver seu pleno potencial e alcançar uma vida com mais autonomia e independência.
A intervenção multidisciplinar, que envolve diferentes áreas da saúde, como Psicologia baseada na ABA, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, é essencial. Este conjunto de ações melhora a qualidade de vida e a autonomia das crianças com TEA. Portanto, é uma abordagem permite um tratamento integrado que potencializa as habilidades e o bem-estar da criança. Além disso beneficia toda a família.
Práticas baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA) são altamente eficazes e recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para pessoas com desenvolvimento atípico. Essa técnica modifica comportamentos e desenvolve habilidades por meio de reforços positivos e estratégias individualizadas. A Fonoaudiologia, por sua vez, foca no desenvolvimento da comunicação e da linguagem. Enquanto a Terapia Ocupacional trabalha habilidades motoras e de percepção corporal, impactando diretamente as atividades diárias da criança.
“Quando essas terapias são integradas e adaptadas às necessidades individuais, os progressos são impressionantes. Não apenas transformam a vida da criança, mas também proporcionam alívio e esperança para as famílias”. Quem afirma é a Orientadora e Terapeuta Ocupacional da Genial Care, Alessandra Peres.
Para Alessandra, investir em soluções personalizadas é essencial para garantir uma intervenção mais eficaz e menos desgastante. “A intervenção no TEA tem avançado no Brasil e no mundo, mas ainda há muitos desafios a serem superados. Portanto, a integração de terapias e o uso de tecnologias que apoiam terapeutas e cuidadores podem transformar o cenário. Pois promovem o desenvolvimento das crianças e melhoram a sua qualidade de vida. A busca pelo tratamento certo, respaldado por profissionais qualificados e uma abordagem individualizada, é fundamental. Ou seja, ela garante o sucesso na jornada de cada criança com TEA”, finaliza.
Para comentar role até o box Comentário.