Abre-se uma Janela de Oportunidades.
Ao longo dos tempos, as transformações sociais e econômicas percebidas na história têm proporcionado da mesma forma alterações no processo de passagem de conhecimento entre pessoas através da educação.
Se há centenas de anos a predominância eram pais ensinando filhos e mais velhos educando os mais novos, com base em sua experiência e interesses dentro de um alcance bastante limitado, com a revolução industrial nas últimas décadas o processo de ensino foi igualmente industrializado.
Novas profissões, cadeias globais de consumo e com tudo isso surge a necessidade de formação de mestres e professores em grandes quantidades, para levar conhecimento a uma massa de pessoas demandadas a suprir as necessidades de um mercado cada vez mais veloz.
Até muito recentemente os modelos educacionais clássicos, com escolas e grades curriculares claramente definidas, foram suficientes para manter oferta e demanda de mão-de-obra em um razoável equilíbrio.
Com a atual onda de transformação digital, uma revolução mais profunda nos impacta diretamente e com tanta velocidade que cria um vórtice de alta complexidade para nós sapiens, seja no relacionamento entre as entidades físicas (pessoas, construções, meio ambiente) e/ou com as abstrações de Yuval Harari.
Novas tecnologias com infinitas possibilidades instigam a nos tornarmos consumidores com novas necessidades e comportamentos, sendo que ao mesmo tempo, temos urgência em nos tornar profissionais que precisam reaprender suas habilidades para atender às empresas que estão tendo que se adaptar para sobreviver e atender a estas novas demandas.
Neste ponto, começamos a perceber que os formatos de educação tradicionais não são mais suficientes e a inovação acontece. Não há grade de formação que resista ao impacto das novidades e dê a certeza de que o conteúdo ensinado neste ano será relevante no próximo ciclo e estará conectado às novas tendências e necessidades.
Esta crise existencial dos modelos educacionais, agravada pelo contexto COVID-19, tem sido extremamente valiosa para a inovação ao criar uma janela de oportunidade para equidade e inclusão através da educação, respeitando os diferentes níveis de diversidade no aprendizado e desempenho profissional.
Percebemos tanto a popularização de modelos que já estavam por aí, porém em segundo plano, quanto para o surgimento de novos formatos e possibilidades que devem ser amplamente explorados e, assim, cada um poderá construir seu próprio modelo que atenda ao seu ritmo, suas necessidades e às do mercado em que atua ou ambiciona atuar profissionalmente.
Na teoria
Metodologias, melhores práticas, frameworks. Existe uma ampla variedade de alternativas para tornar o aprendizado mais simples e eficiente, nos permitindo estar preparados para compreender e navegar através destes complexos cenários.
Métodos que utilizem recursos visuais para decompor e organizar cenários, como o design thinking, por exemplo, são os queridinhos do momento – e não é à toa. Os post-its coloridos já eram extremamente úteis para estruturar e compartilhar conhecimento quando em papel, e hoje através de plataformas digitais como Miro e Mural o alcance é ilimitado.
Quando combinados a processos de realização de resultados, como o modelo Ágil e o Lean, temos um arsenal de ferramentas extremamente poderoso para aprender na prática, onde conseguimos medir os resultados, erros e acertos, e calibrar de forma assertiva nossa jornada de formação que não é mais uma linha reta mas um emaranhado de curvas e ciclos de reaprendizagem continuada.
#ficaadica: experimente somar estas ferramentas a bons mentores e mentoras. Independentemente da idade ou formação, sempre tem alguém disponível por aí que pode nos agregar muito com suas vivências.
Na prática
Através dos mais variados canais digitais de informação (redes sociais, portais de conteúdo e notícias, acervos online, newsletters) podemos acessar e validar conhecimento, por conta própria ou em contato direto com especialistas. A educação não precisa mais ser unidirecional, todos podem educar a todos, não há mais verdade absoluta.
Além disso, existem hoje startups como a Carambola, que se propõe a preencher uma lacuna histórica de desalinhamento entre as oportunidades de emprego disponíveis no mercado de trabalho de tecnologia da informação e as empresas que disponibilizam estas vagas.
Há uma grande dificuldade para acolhimento de novos entrantes, uma vez que as entregas são sempre urgentes com líderes, equipes e squads excessivamente atarefados por estarem suprindo exatamente a falta de pessoal qualificado para executar os projetos em um ciclo ruim que mantém a exclusão de quem está fora, e esgota quem está dentro promovendo alta rotatividade nas profissões relacionadas.
A forma encontrada pela Carambola para endereçar este sério problema passa por uma revisão profunda no processo de onboarding das pessoas pré-selecionadas, geralmente com alguma formação básica em tecnologia, para atuar nas junto às equipes nas empresas.
Nestes times, o modelo ágil de execução de projetos é utilizado para acelerar as habilidades das pessoas em quatro dimensões (soft skills, hard skills, processos e orientação a resultados) para alinhamento aos parâmetros executados na empresa contratante e assim maximizar o desempenho individual, e consequentemente a satisfação do colaborador consigo e com sua habilidade de aprender e gerar resultados profissionalmente.
Futuro
Algumas instituições tomaram a dianteira e buscam configurar o futuro da educação no mundo. Em meados da década passada, a Singularity estabeleceu novos modelos para pós-graduação e formação executiva, enquanto mais recentemente o Google provocou abalos nos cursos técnicos e superiores ao lançar seus próprios certificados de proficiência em plataformas tecnológicas. Ambos fazem uso intensivo de métodos visuais e ágeis para formar profissionais aptos à nova realidade de mercado.
Vai dar certo? Quanto vai durar? Aguardamos e seguimos na caminhada.
Thiago Ponte é cofundador da panda3.