Adolescentes e o Medo pós Isolamento
- outubro 7, 2021
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Um ano e meio de isolamento social não termina sem deixar sequelas. A ressocialização não tem sido fácil para muitas
Um ano e meio de isolamento social não termina sem deixar sequelas. A ressocialização não tem sido fácil para muitas
Carolina Delboni
São Paulo, 07/10 de 2021.
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Mas, depois de tanto tempo em isolamento social, perdas de familiares ou pessoas próximas, medo, incertezas do futuro e muitos dos apoios que tinham interrompidos, como escola e grupo de amigos, não é fácil retomar o dia a dia dentro de uma possível normalidade. Alguns adolescentes têm enfrentado crises de pânico ao se depararem com o mundo fora de casa.
Ao contrário de alguns que têm comemorado a retomada da escola e de algumas atividades cotidianas, outros jovens têm enfrentado ansiedade e insegurança, todos gatilhos de uma possível crise de pânico, evento que já é caso em consultórios de psicólogos.
O fato deles terem passado muito tempo dentro de casa, com uma certa suspensão da vida, seguros e com recursos de proteção como a própria tela do computador ou do celular, tem dificultado esse abrir a porta de casa e poder fazer parte do mundo novamente.
Exige deles que saiam do ambiente protegido e se exponham na escola, entre os amigos e até a desconhecidos. É preciso se reinserir no mundo outra vez e isto não tem sido fácil a muitos adolescentes.
Um novo estudo da Universidade de Calgary publicado na revista médica JAMA Pediatrics, mostra uma porcentagem alarmante de crianças e adolescentes que estão passando por alguma crise mental devido à pandemia de COVID-19.
A publicação reuniu dados de 29 estudos separados de todo o mundo, incluindo 80.879 jovens em todo o mundo.
As novas descobertas mostram que os sintomas de depressão e ansiedade dobraram em crianças e adolescentes quando comparados aos tempos pré-pandêmicos.
Isso mostra que o reflexo da pandemia nos adolescentes já extrapolou as paredes do quarto. Existe um isolamento dentro do isolamento e não é aquele saudável e típico esperado da idade. Agora é permeado pelo que chamamos de doenças mentais.
E entre as certezas que temos é que a pandemia nos deu um alerta para questões que possivelmente já estavam aí, talvez apenas à espera de um gatilho. Saúde mental é dos assuntos mais urgentes e contemporâneos. Precisamos olhar, falar e cuidar. Sejamos adultos, adolescentes ou crianças. Porque a vulnerabilidade é intrínseca ao ser humano.
Carolina Delboni. Pedagoga – Jornalista e escritora, colunista semanal do Estadão Digital. Garantias de Direito da Criança.