Besouro – Flores e Abelhas Brasileiras
- abril 19, 2022
- 4
A natureza nos dá mostra de sua complexidade e ao mesmo tempo nos faz refletir sobre nossa pobre condição de ignorantes e como ela funciona. Plantas e insetos
A natureza nos dá mostra de sua complexidade e ao mesmo tempo nos faz refletir sobre nossa pobre condição de ignorantes e como ela funciona. Plantas e insetos
Redação
São Paulo, 19/04/2022.
1 Minuto.
Que as abelhas brasileiras sem ferrão são ótimas polinizadoras e produtoras de mel e própolis todos nós já sabemos. Que elas ajudam muito no processo de desenvolvimento das culturas de pomares, hortas e florestas também. Assim como sabemos que a simbiose, a interação e participação de diferentes espécies – mutualismo – na busca de alimento e sobrevivência, não só favorece aos insetos, mas às próprias plantas das quais dependem, e aos humanos que as cultivam e delas tiram proveito também.
A Ciência tem papel decisivo nestas descobertas. Pastores, bispos e outros profissionais da fé já comprovaram que a religião trabalha em outras esferas.
A Dra. Tatiana Ramos (XXXX), Bióloga-entomóloga e o doutorando Gleycon Silva, Ecologista especializado em abelhas e Meliponicultura (IPAM) têm realizado, com o apoio desta revista e de seu caderno especial Ciência&Você, um grande trabalho na divulgação de conhecimento sobre a importância dos insetos (como a Joaninha, a Tesourinha e as mais de cem espécies de abelhas brasileiras), dando-nos a saber da impressionante importância deste seres pertencentes ao tesouro natural brasileiro.
Recentemente, outra equipe de cientistas passou a relatar a descoberta das relações entre a Dalbergia ecastaphyllum , vegetal da família das Fabaceae uma planta leguminosa comum no Brasil, também encontrada numa região de manguezais do litoral nordestino, como sendo a principal fonte botânica da própolis vermelha brasileira, onde as abelhas coletam uma resina avermelhada dos caules para produzir a própolis.
Produção cruzada – tecnologia natural.
A espécie vegetal ocorre em ecossistemas costeiros de dunas e manguezais, onde os apicultores locais instalam suas colmeias para produção de própolis. A indução da produção de própolis era praticamente desconhecida.
Relatórios anteriores e evidências de campo sugeriram que a resina avermelhada disponível nos caules da D. ecastaphyllum não foi produzida espontaneamente, mas induzido pela presença de um inseto parasita que se alimenta dos caules da planta.
Pesquisas nos apiários da associação de apicultores de Canavieiras, Bahia, Brasil, levaram à captura de um besouro-jóia, uma espécie desconhecida do gênero Agrilus Curtis (Buprestidae). Pesquisas acabaram confirmando que este besouro-jóia é um indutor de produção de própolis vermelha.
A atividade apícola é capaz de causar impactos sociais, econômicos e ambientais positivos para um expressivo número de agricultores familiares no Estado da Bahia, sendo que a própolis é um dos produtos da colônia de maior rentabilidade e agregação de renda.
Existem vários tipos de própolis – verde e marrom,- por exemplo, segundo a sua origem vegetal e geográfica, como a própolis vermelha produzida na região Nordeste, que tem se destacado com elevado valor de mercado devido as suas características biológicas.
A resina vegetal que serve de base para a produção desta própolis é proveniente de Dalbergia ecastaphyllum, uma espécie de Fabaceae cuja ocorrência e distribuição na Bahia ainda são pouco conhecidas.
Em toda a costa litorânea baiana foi observada a sua presença de o que revela o potencial do estado baiano para a produção da própolis vermelha.
Informações comportamentais sobre a biologia e ecologia química confirmam que a resina avermelhada de D. ecastaphyllum está diretamente relacionada ao ataque do besouro e só ocorre quando Agrilus própolis adultos emergem do caule da planta.
Qual é o fim do Antropoceno?
Essas informações são muito importantes para os produtores brasileiros de própolis interessados em expandir a produção de própolis vermelha, o que pode ter efeitos favoráveis na economia das comunidades de mangue, promovendo a geração de renda, criando novas oportunidades de negócios e ajudando a sustentar as comunidades e famílias locais.
Embora esta artigo tenho sido publicado apenas em 02/2022, as pesquisas e as descobertas das qualidades da planta e suas relações com os insetos são ainda bem mais antigas, e nos mostram como temos muito a (re)aprender sobre o nosso verdadeiro papel sapiens, dentro deste ciclo sistêmico e complexo que sustenta toda a vida na natureza. O quanto já foi destruído por ignorância, talvez nos redima com novas chances. Entretanto, se o fazemos criminosamente, como tem ocorrido nos diversos biomas brasileiros e mundiais ultimamente, estaremos condenados ao verdadeiro inferno.
Boa publicação, instrutiva e com boa explicação!
Excelente artigo! Entre 2013 e 2017, mais de 1 bilhão de abelhas morreram no Brasil devido ao envenenamento por agrotóxicos, incluindo abelhas melíferas e selvagens!