Carne de Porco e Muito Antibiótico
- abril 9, 2025
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Muito cuidado ao consumir carnes. O uso de antibióticos indiscriminadamente em animais acaba prejudicando a nossa saúde.
Muito cuidado ao consumir carnes. O uso de antibióticos indiscriminadamente em animais acaba prejudicando a nossa saúde.
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Redação
São Paulo, 09/04/2025
3.6 Minutos
O Brasil está entre os países que mais utilizam antibióticos na produção animal, com a suinocultura nacional registrando uma média de 358 mg de antibióticos por quilo de suíno produzido — o dobro da média global, segundo um estudo da USP. A prática controversa agrava a crise de resistência antimicrobiana, uma das maiores ameaças à saúde pública de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Mais de 70% dos antibióticos vendidos no mundo não são usados em pessoas, mas em animais criados em fazendas intensivas. Nesses sistemas, esse tipo de medicamento é comumente usado como promotor de crescimento ou de forma preventiva e não para tratar doenças.
O uso inadequado de antibióticos em animais saudáveis contribui diretamente para o surgimento das chamadas superbactérias, que são resistentes a múltiplos antibióticos e representam uma grave ameaça à saúde humana. Se não agirmos agora, podemos enfrentar um futuro onde infecções simples voltarão a ser fatais”, alerta Cristina Diniz, diretora da ONG Sinergia Animal no Brasil.
Só em 2019, estima-se que 4,95 milhões de pessoas morreram devido a doenças associadas à resistência antimicrobiana. Casos alarmantes como surtos de salmonella resistente em frangos e chocolates à base de leite ou a transmissão da bactéria letal MRSA na exportação de porcos.
Há inúmeros registros no documentário AMR: Dying to Change the World, de Alex Tweddle, lançado neste ano. Pesquisas evidenciam o risco para humanos. A situação pode ser visualizada a nível global através do mapa Resistance Bank, que reúne casos científicos sobre a resistência a antibióticos em animais.
Atualmente, o Brasil é o segundo maior consumidor global de antibióticos destinados à produção animal, ficando atrás apenas da China. Enquanto a União Europeia já proibiu o uso indiscriminado desses medicamentos na pecuária, o relatório Porcos em Foco da Sinergia Animal aponta que gigantes da indústria nacional como BRF, JBS e Aurora Alimentos ainda permitem o uso de antibióticos em animais saudáveis em larga escala.
Apesar do cenário preocupante, há sinais de mudança. Em fevereiro deste ano, a VPJ Alimentos tornou-se a primeira indústria da suinocultura brasileira a se comprometer em banir a prática. Ela passou a restringir o uso de antibióticos apenas para fins terapêuticos e eliminou seu uso como promotor de crescimento ou para tratamentos preventivos e metafiláticos.
“As grandes empresas do setor precisam assumir a responsabilidade e seguir exemplos como o da VPJ Alimentos e da União Europeia, comprometendo-se com um produção mais segura e ética. Somos o quarto maior país produtor e exportador de carne suína do mundo. A saúde pública e o futuro da eficácia dos antibióticos para milhões de pessoas dependem dessas escolhas”, reforça Cristina Diniz.
Para conferir as empresas brasileiras que ainda permitem o uso indiscriminado de antibióticos, acesse o relatório Porcos em Foco, clique aqui
Sinergia Animal – Organização internacional que trabalha em países do Sul Global para diminuir o sofrimento dos animais na indústria alimentícia e promover uma alimentação mais compassiva.
A ONG é reconhecida como uma das mais eficientes do mundo pela Animal Charity Evaluators (ACE).
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