Ciência no Brasil – Vai?
- maio 1, 2023
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Descontinuidade na Ciência e no desenvolvimento reflete uma certa falta de projeto político de estado para o país.
Descontinuidade na Ciência e no desenvolvimento reflete uma certa falta de projeto político de estado para o país.
Belo Horizonte – MG, 01/05/2023
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No mundo, foram dois os modelos de desenvolvimento da atividade científica. O modelo da ciência pela ciência, como na Inglaterra, na Alemanha e nos Estados Unidos, embora ultimamente vinculados à atividade tecnológica e econômica, e o modelo da ciência com o objetivo da tecnologia, como na França, Rússia, Japão e China, mantendo institutos autônomos de ciência para o desenvolvimento das ideias.
Ambos os modelos funcionam, desde que haja continuidade de apoio a médio e longo prazo para o seu desenvolvimento. Em ambos os modelos, historicamente, observa-se a diferenciação do papel social do cientista em relação às atividades tecnológicas e econômicas.
No Brasil, observa-se a desenvolvimento dos dois modelos, simultâneos. O primeiro modelo, o tecnológico, teve início com Dom Pedro II após a Guerra do Paraguai. A Guerra do Paraguai, de 1865 a 1870, foi uma guerra de grandes proporções, com um total de 440 mil mortos, 100 mil brasileiros, 30 mil argentinos, 10 mil uruguaios, e 300 mil paraguaios.
Na Guerra Civil Americana, de 1861 a 1865, ocorreram 650 mil mortes. Dom Pedro II, então, resolveu modernizar o país, com a fundação da Escola Politécnica do Rio de Janeiro em 1971. A origem de nossas Universidades Federais, nos moldes do ensino francês, veio por Henri Gorceix da Academia de Ciências da França para a Escola de Minas de Ouro Preto. É a base de nossa industrialização na siderurgia brasileira.
O segundo modelo, o da ciência pela ciência, ocorreu com a fundação da USP em 1934. Após a perda da Revolução Constitucionalista de 1932, a elite paulista resolveu fundar uma Universidade. Nas palavras de palavras de Júlio de Mesquita, “vencidos pelas armas, sabíamos perfeitamente que só pela ciência e pela perseverança voltaríamos a exercer a hegemonia no seio da Federação”. A USP tinha por objetivos a “investigação científica de altos estudos, de cultura livre, a formação das classes dirigentes”.
Teodoro Ramos, matemático, foi enviando à Europa para trazer expoentes para as cátedras na nova universidade. Vieram Gleb Wataghin, discípulo de Enrico Fermi, na Física, e Roger Bastide e Levi Strauss, nas Ciências Sociais. A USP chegou a ocupar a posição entre as 100 melhores universidades no mundo há 20 anos atrás.
O Brasil tem um problema sério: bom de inauguração, fraco de manutenção. O problema no Brasil para o desenvolvimento da ciência e tecnologia, comparado a outros países, é o da continuidade do apoio às atividades, intermitente no país. As condições intelectuais estão criadas, falta o apoio. O Brasil carece de um projeto científico e educacional de médio e longo prazos.
Ricardo Guedes – Ph.D. pela Universidade de Chicago – CEO da Sensus
[N.E.: Para saber mais sobre Siderurgia Nacional leia aqui].