16/05/2025
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Crise Civilizatória nos EUA

  • março 5, 2025
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A Crise Civilizatória nos EUA é provavelmente um desfecho de um crescimento que se perdeu de suas bases e princípios humanistas...

Crise Civilizatória nos EUA

Infelizmente, presenciamos o início da crise da civilização dos Estados Unidos, país que sempre tanto admiramos.


Arnold Toynbee, em seu monumental trabalho “A Study of History”, nos fala sobre as “elites criativas”, que geram uma civilização, através da organização de suas normas e valores, que quando se dissipam levam à derrocada civilizatória. E Edward Gibbon, em “The rise and fall of the Roman Empire”, analisa o declínio do Império Romano por consequência da quebra de seus valores e das guerras internas e seu endividamento, quebrando o “ethos” da civilização.

O conceito fundamental de Roma, em sua fundação, foi o da “virtude”, na excelência, coragem, caráter e valor, concedidos aos homens. A base estava na Mitologia Romana, na Deusa Minerva da medicina, das artes, da poesia e da guerra. Uma civilização não pode ir contra os seus fundamentos.

Os “Pais da Nação” fundaram os Estados Unidos nos conceitos da liberdade, do mercado, e do progresso. O mercado, que traz a eficiência na ação; a liberdade, traz a garantia das diferenças e do consenso nas decisões. O progresso, no conhecimento e na cultura, que avança o domínio do homem sobre a natureza e as sociedades.

A eleição de Trump representa o inverso desses valores. Na economia, a introdução de tarifas protecionistas vai na direção oposta da eficiência econômica, o que fez a América. Na política, a perseguição interna aos contrários e ações externas imperativas na política internacional vão na direção oposta do que que fez a América “Great Before”, o domínio pela eficiência, e não pela força. E na cultura, indícios de decadência se tornam presentes. Em dados levantados pela revista “Forbes”, até 2022 somente 2% dos MBAs formados por Harvard não conseguiam obter emprego. Eram 10% em 2023; 25% em 2024; e isto não se resolve com barreiras alfandegárias. O dólar é desvalorizado perante as moedas internacionais.

Para quem quiser ver

No cinema, indústria cultural que expressa o mesmo nascer desta grande nação, tivemos o Oscar, anteriormente, para filmes como “Gone with the wind”, “Giant”, “Spartacus””, “2001 Uma odisseia no espaço”, dentre outros. Assim, a indicação para o prêmio, nesta edição, do filme “The Substance” é indicativo de decadência da cultura americana. Por isso o Brasil, com Walter Salles e Fernanda Torres, ali venceu, meritoriamente. Porque trouxemos paz, harmonia, inteligência, crítica e serenidade. Ou seja, a preservação de nossos valores e valores universais; deveríamos ter ganho mais.

A economia dos Estados Unidos, que representava 40% do PIB mundial em 1960, hoje cai para 25% somente. Ainda expressiva, mas, não mais determinante.

Problemas à frente.

Ricardo Guedes Ph.D. pela Universidade de Chicago e do Conselho Editorial do Brasil Confidencial.
Autor do livro “Economia, Guerra e Pandemia: a Era da Desesperança

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