Crise Civilizatória nos EUA
- março 5, 2025
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A Crise Civilizatória nos EUA é provavelmente um desfecho de um crescimento que se perdeu de suas bases e princípios humanistas...
A Crise Civilizatória nos EUA é provavelmente um desfecho de um crescimento que se perdeu de suas bases e princípios humanistas...
Belo Horizonte, MG – 05/03/2025
2.6 Minutos.
Arnold Toynbee, em seu monumental trabalho “A Study of History”, nos fala sobre as “elites criativas”, que geram uma civilização, através da organização de suas normas e valores, que quando se dissipam levam à derrocada civilizatória. E Edward Gibbon, em “The rise and fall of the Roman Empire”, analisa o declínio do Império Romano por consequência da quebra de seus valores e das guerras internas e seu endividamento, quebrando o “ethos” da civilização.
O conceito fundamental de Roma, em sua fundação, foi o da “virtude”, na excelência, coragem, caráter e valor, concedidos aos homens. A base estava na Mitologia Romana, na Deusa Minerva da medicina, das artes, da poesia e da guerra. Uma civilização não pode ir contra os seus fundamentos.
Os “Pais da Nação” fundaram os Estados Unidos nos conceitos da liberdade, do mercado, e do progresso. O mercado, que traz a eficiência na ação; a liberdade, traz a garantia das diferenças e do consenso nas decisões. O progresso, no conhecimento e na cultura, que avança o domínio do homem sobre a natureza e as sociedades.
A eleição de Trump representa o inverso desses valores. Na economia, a introdução de tarifas protecionistas vai na direção oposta da eficiência econômica, o que fez a América. Na política, a perseguição interna aos contrários e ações externas imperativas na política internacional vão na direção oposta do que que fez a América “Great Before”, o domínio pela eficiência, e não pela força. E na cultura, indícios de decadência se tornam presentes. Em dados levantados pela revista “Forbes”, até 2022 somente 2% dos MBAs formados por Harvard não conseguiam obter emprego. Eram 10% em 2023; 25% em 2024; e isto não se resolve com barreiras alfandegárias. O dólar é desvalorizado perante as moedas internacionais.
No cinema, indústria cultural que expressa o mesmo nascer desta grande nação, tivemos o Oscar, anteriormente, para filmes como “Gone with the wind”, “Giant”, “Spartacus””, “2001 Uma odisseia no espaço”, dentre outros. Assim, a indicação para o prêmio, nesta edição, do filme “The Substance” é indicativo de decadência da cultura americana. Por isso o Brasil, com Walter Salles e Fernanda Torres, ali venceu, meritoriamente. Porque trouxemos paz, harmonia, inteligência, crítica e serenidade. Ou seja, a preservação de nossos valores e valores universais; deveríamos ter ganho mais.
A economia dos Estados Unidos, que representava 40% do PIB mundial em 1960, hoje cai para 25% somente. Ainda expressiva, mas, não mais determinante.
Problemas à frente.
Ricardo Guedes – Ph.D. pela Universidade de Chicago e do Conselho Editorial do Brasil Confidencial.
Autor do livro “Economia, Guerra e Pandemia: a Era da Desesperança”
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