Conversando com meu amigo Roberto Carvalho, ex-Prefeito de Belo Horizonte, ele me disse que “cultura é um bem de primeira necessidade”. Ele tem toda a razão. Cultura é know-how, base do desenvolvimento de todos os povos.

 Ricardo Guedes

Belo Horizonte, 03/05/2022

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A Educação, no conceito anglo-saxão da palavra, é o conjunto de conhecimentos, normas e valores que fazem das pessoas um líder, um empresário, um profissional, conjunto tão bem descrito por Joseph Ben-David da Universidade de Chicago e da Hebrew University em seu livro Centers of Learning, na análise dos paradigmas do desenvolvimento da ciência e da tecnologia na Itália, França, Alemanha, Inglaterra, Rússia, Estados Unidos e Japão, dentre outros.

 Após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha se reergueu porque tinha cultura, a capacidade de saber fazer. Assim também foi com o Japão.

 Na Europa, a cultura é o bem fundamental da Social-Democracia. Até 1920, a classe de trabalhadores manuais cresceu em até 25% da população economicamente ativa, permanecendo então constante em todas as economias do mundo. Os partidos políticos sociais então tiveram de abrir mão da representação única dos trabalhadores para atingirem 50% dos votos em 2º turno, com a rotatividade no poder com o grupo empresarial.

A cultura foi fundamental na percepção do outro, e da relação recíproca de suas necessidades e investimentos. Assim, foram priorizadas a educação e a economia, na solução dos problemas sociais e de seu desenvolvimento.

 No Brasil, por razões históricas, temos uma massa de pessoas sem educação, sem know-how. A Belíndia de Bacha, na composição da Bélgica e do que então era a Índia em um só país, justapostos, mas separados.

Investindo no que é certo

No Brasil, não há outra solução para a sobrevivência da classe de pouca renda e sem know-how do que a institucionalização do Bolsa Família, ou similar, adicionando-se a educação como bem para o desenvolvimento futuro.

Soluções liberais estritas para o desenvolvimento social não funcionam, como funcionaram nos Estados Unidos na presença de normas e valores, esbarrando aqui na falta de know-how.

Lula, durante o seu governo, aplicou 0,5% do PIB em programas sociais, gerando bem-estar e renda na formação de um mercado nacional, indo o PIB do país de US$ 700 bilhões em 2002 para US$ 2,2 trilhões em 2010.  As pesquisas nacionais da Sensus mostram que o Bolsa Família não somente ativou o mercado, mas propiciou às pessoas a vontade de progredir e trabalhar ainda mais na obtenção da riqueza.

 Os países são diferentes, com diferentes níveis de cultura, precisando de soluções diferentes. Cultura é know-how, que devem ser construídos ao longo do tempo como política de investimento.

Ricardo Guedes – Ph.D. pela Universidade de Chicago – CEO da Sensus

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