Da Educação como Método
- abril 22, 2022
- 0
Quem tem controle e dita os modelos educacionais necessários, a serem adotados e adequados nas antigas colônias europeias é quem domina a economia e o poder bélico mundial.
São Paulo, 22/04/2022.
Alguns minutos de sua atenção
A Educação é também uma coleção construída de métodos. Ela visa em passar aos neófitos (apadêutas – alumnos – iniciantes) a partir de sistemas de escolarização, estruturada, inicialmente, dentro da família, no lar, a proposta básica de uma sociedade em coesão. Tem, dentre suas traduções a etimologia da formação linguística, o termo: educere – um verbo que deriva do substantivo formado pelo radical edu: alimento, o que confere ao conceito diversos atributos. Alimentar e manter são assim formadores da ideia de educar.
Está intimamente ligada a ideia de manutenção de um sistema metodológico, cujo objetivo é fazer prosperar e tornar permanentes estruturas ideais, e portanto, ideológicas, sociais desejáveis, econômica e politicamente. Porém, sociedades que têm as células básicas estruturais – famílias -, destroçadas ou mal constituídas, não se sustentam.
Na sociedade industrial, os esforços físicos de humanos e animais, antes aplicados aos trabalhos afeitos ao campo, agricultura e pastoreio foram transferidos para as máquinas, e a ideia de conduzir e manter alimentados máquinas e humanos estava contida na educação – formar crianças, homens e mulheres para trabalhar nas indústrias. Isso acarretou problemas enormes, e um deles foi o êxodo migratório das fazendas produtoras de alimentos para os centros urbanos onde as fábricas se aglomeravam.
O acúmulo de gente em torno das fábricas inaugurou o conceito bastante físico, real e palpável da subcondição da vida, da exploração e do acúmulo do capital resultante do trabalho (mais valia etc.). Entretanto, ao mesmo tempo, obrigou o raciocínio e a inteligência humanas na direção da busca de soluções para o problema. E, como em uma cornucópia mágica, para cada problema uma sequência de soluções, e para cada solução apresentada um novo problema surgia. Erros e acertos, todos temporários, mutáveis e passivos de novas intervenções. A educação se mostra assim dentro de um terreno movediço, mutante e necessariamente evolutivo.
Para onde a sociedade mundial caminha
Importa saber quem detém as rédeas políticas e econômicas, responsáveis pela aplicação dos métodos educacionais para alimentar e manter as diferentes pessoas em seus diferentes nichos ecossociais, e quais as suas intenções. Em um sistema que tende a globalização, ainda que resistências associadas ao nacionalismo se apresentem nos 4 cantos da bola planetária, orientar os processos metodológicos, criar e desenvolver modelos educacionais e adequá-los às pessoas tem sido um desafio, porque dentro das estruturas sociais vigentes há disputas políticas pelo poder. Estas disputas não são justas e cabem no ‘ringue’ do vale-tudo.
Raciocinando de forma pragmática: apesar de a indústria brasileira (uma piada!) não ser competitiva no cenário mais atual das economias do mundo – basicamente não há incrementos ou políticas industrias que a fomente, e de forma básica vivemos de extração e venda de produtos naturais ou commodities,- o que se procura fazer por aqui em termos de educação é preparar o ser humano para o trabalho (visão empresarial – e a noção equivocada de empreendedorismo da dependência e da exploração – a condição do status quo permanece inalterada). Como em um enorme formigueiro, cada um deverá ter e ser alimentado e colocado em um determinado caminho – numa trilha – e segui-la até a sua formação para atuar “profissionalmente” até morrer, ou findar seu período produtivo. Pelo menos deveria ser assim. Mas, também não é. O mundo como vontade e representação. Por que? Na verdade, para que?
Há os que defendem que um soldado deve morrer na batalha. Ah! É uma guerra? Respondam capitães e seus soldadinhos de chumbo! E há quem defenda que é preciso antes desenvolver o senso de humanidade – humanismo – nas pessoas. Ah ! É um passeio no jardim? Para isso, o modelo educacional tradicional deve ser reforçado, e ao mesmo tempo reformulado. Como assim? Como carro em movimento, troquem o pneu…
A contrapartida é a reclamação dos ideólogos que pretendem jovens, imaturos, mas obedientes trabalhadores para as suas empresas, hoje focadas, mediadas e amparadas pelas modernas tecnologias da computação, pela legislação que suprimiu direitos trabalhistas antes conquistados por ações políticas e institucionais, e o recondicionamento da criação de postos de trabalho completamente diferentes dos antigos, com os quais as gerações de 30 ou 40 anos atrás, portanto educadas e formadas em outras condições, não estavam sequer desenvolvidas e prontas ou esperavam tais mudanças. O que fazer eliminá-las?
A vontade coletiva a ser contida
Na realidade, este encurtamento da força humana de trabalho e de sua “idade produtiva” (fruto de uma imposição tecnológica detida pelos países mais avançados), tende a gerar nacionalismos exacerbados e conservadores, ao abandonar as gerações mais experientes ou com amadurecimento/conhecimento acumulados em sabedoria (apenas a vida e as experiências oferecem) tornou-se o calcanhar de Aquiles das sociedade que pretendem emergir com posicionamento no ranking, porque subsidia e mantém alimentadas apenas alguns que tem acesso às provisões do tesouro construído pelo esforço coletivo. E estes poucos permanecerão/continuarão no comando. Gerar competitividade, no limite, produz um efeito nocivo. Os noticiários das mídias oficias e também alternativas vivem disso.
A educação humanista deveria preveni-los quanto a estes problemas, mas o processo está envolvido no imediatismo e na velocidade – os ‘novos’ deuses adorados pelos marketing -; e correndo ninguém tem tempo para apreciar a paisagem, de ver o outro (ser visto), ou ao vê-los será apenas a imagem, geralmente distorcida por filtros. Nisso se baseia a educação do futuro: virtualidades imersivas, enquanto a realidade se degrada e fica para poucos, com o desgaste acelerado da obsolescência programada. Para bem poucos, se sobrar natureza!