Tendências – As evoluções decorrentes das novas tecnologias digitais e de comunicação têm modificado de forma profunda, constante e regular várias dimensões da sociedade, tendo destaque especial à educação e, mais especificamente, na modalidade a distância.

Max Damas

Rio de Janeiro, 20/05 de 2021.

2 Minutos

A facilidade na criação de novas conexões cada vez mais velozes entre si, a disponibilidade e o acesso crescente de conteúdos a qualquer momento e de qualquer lugar, o uso de algoritmos de inteligência artificial cada vez mais refinados e associados à aprendizagem de máquinas, a diversificação de dispositivos móveis com capacidades crescentes de processamento e funcionalidades são todos fatores que têm transformado, e muito, a forma como as pessoas aprendem, desaprendem e reaprendem (uma espécie de meta-aprendizagem).

São inúmeras as tecnologias e plataformas digitais existentes com alto grau de impacto nos processos de cognição, potencializando a aprendizagem e ampliando as possibilidades de comunicação, interação e o surgimento de novos saberes. A *educação vem se digitalizando numa espiral ascendente a cada inovação tecnológica que é incorporada nos ambientes onde a aprendizagem ocorre. Tais inovações sempre trazem associadas a si três aspectos importantíssimos: as ferramentas, as pessoas e os processos.

A inovação só é plenamente aceita se esses três elementos se comunicam claramente com interfaces e responsabilidades bem definidas, além da existência de um ambiente que permita o seu pleno desenvolvimento, permitindo identificar as melhorias, propor correções e medir resultados. No caso em estudo, estamos refletindo sobre as inovações tecnológicas na educação, logo o que se deve acompanhar e medir é como as pessoas (professores e alunos) utilizam as ferramentas disponíveis por meio de processos e regras claras que em conjunto geram resultados de ampliação da aprendizagem e de descoberta de novos caminhos cognitivos.

Como forma de contribuir, descreveremos a seguir algumas das tendências em educação a distância, no que concerne ao advento de inovações tecnológicas:

Tendências

1. Realidade virtual: possibilidade de simular ambientes reais de forma virtual. Utiliza-se um ambiente digital com interfaces diferenciadas que afetem nossos sentidos e consequentemente nossa resposta aos estímulos do ambiente. Como a interação é intensa, o aluno se percebe totalmente imerso, absorvendo rapidamente o conhecimento planejado;
   
2. Realidade aumentada: aqui existe uma imersão no real a partir do virtual. Ou seja, um ambiente que é um misto de elementos virtuais e reais. A partir de um ambiente real, novos elementos virtuais (geralmente desafiadores) são colocados de tal forma a trazer ao aluno a experimentação próxima do real, atenuando o medo do erro (fator inibidor da aprendizagem);
   
3. Gamificação: uma competição com regras definidas e metas a serem alcançadas. Ao avançar na competição, os objetivos de aprendizagem são alcançados cumulativamente e os jogadores (alunos) além de avançarem no aspecto cognitivo, também são provocados a desenvolverem habilidades de liderança, criatividade, adaptabilidade e flexibilidade;
   
4. Storytelling: a antiga arte de contar histórias adaptada a ambientes com amplos recursos de multimídia e com acesso em tempo real a um leque enorme de informações que podem rapidamente serem incorporadas na história contada. É claro que a história deve estar alinhada com os objetivos de aprendizagem e associadas ao contexto de vivência e experiência dos alunos, de tal forma que exista uma rápida assimilação do conhecimento;
   
5. Mobile Learning: uso de aplicativos em dispositivos móveis que permitem ao aluno ter acesso ao conhecimento de qualquer lugar e a qualquer momento, usando podcasts, vídeos, pílulas de conhecimento, qr-codes, infográficos, E-book, notificações. As vantagens são inúmeras: aumento do engajamento, melhoria na retenção, assertividade na comunicação, aprendizagem mais direta e associada ao cotidiano do aluno.
   
6. Social Learning: adaptar os ambientes virtuais de aprendizagem com ferramentas de interação e comunicação entre os alunos. Os ambientes atuais ainda são muito baseados na relação professor e alunos, mas sabe-se, pedagogicamente, que quanto maior é o grau de interação entre os alunos maiores serão as trocas de experiências e conhecimentos e maiores serão os resultados de aprendizagem, com diminuição da evasão e maior senso de identidade com o seu próprio aprender;
   
7. Chatterbot: uso de algoritmos de inteligência artificial que permitem a conversa entre os alunos e um software preliminarmente configurado com uma séria de ordens e sequências de linguagem. O chatterbot é capaz de compreender a linguagem e aprender além do que foi inicialmente configurado. Dessa forma, é capaz de inferir e dar respostas ao aluno. Os alunos podem assim fazerem perguntas a qualquer momento e caso o software não reconheça a pergunta ela automaticamente será enviada para o professor, que responderá ao aluno e ao mesmo tempo alimentará o software com uma nova sentença. Dessa forma, o chatterbot estará em permanente evolução;
   
8. Learning Analytics: uso de algoritmos de inteligência artificial que sejam capazes de observar e coletar os caminhos de aprendizagem de cada aluno e propor alternativas para potencializar a aprendizagem individual de cada um com base nas experiências, escolhas, erros e acertos realizados ao longo da jornada desenhada. Ao final, todos os alunos chegarão ao mesmo objetivo de aprendizagem, mas cada um pelo caminho que seja mais apropriado ao seu desenvolvimento cognitivo.

Por fim, fica claro que boa parte das tendências acima colocadas não são de forma alguma baseadas em tecnologias e metodologias recentes, mas se tornam inovadoras quando aplicadas num ambiente propício, com uma finalidade específica e com uma cultura pronta para recebê-las. Todos têm como base a ciência e a exploração massiva da necessidade inata do ser humano em se comunicar e se relacionar, objetivando alcançar novas descobertas sobre si mesmo e sobre o ambiente em que ele interage (sejam essas relações reais ou virtuais, presenciais ou remotas).

Cada vez mais percebemos que a educação é uma forma sofisticada de comunicação, onde o transmissor e o receptor trocam de posições numa frequência acelerada pelas tecnologias digitais, alternando momentos de reflexão e refração da informação, gerando conhecimentos multidisciplinares em várias e imprevisíveis direções.

Max Damas – Gestor acadêmico – Especialista em educação e novas tecnologias.

[N.E. * site do MEC – não parece funcional. Uma demonstração de que não se está priorizando esta modalidade Educação.]