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Elogio da Loucura

  • abril 27, 2023
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Fé e razão excessivas são colocadas à prova e desnudas neste ensaio secular em contestação bem humorada aos princípios morais e religiosos do século XV, ainda serve para

Elogio da Loucura
Originalmente publicado em 1511, em Paris, Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam, foi capaz de abalar as estruturas do racionalismo secular e da escolástica cristã do século XVI. Seu conteúdo serve até hoje para reflexões.

Redação

São Paulo, 27/04/2023

2 Minutos.

Até os dias atuais o livro mantém seu frescor, principalmente pelos apreciadores das ciências políticas e sociais. A obra, que formou uma das bases intelectuais da filosofia humanista do Renascimento, ganha uma nova edição pelo Grupo Editorial Edipro.

No ensaio satírico, o filósofo e teólogo holandês faz uma homenagem à Utopia, de seu grande amigo Thomas More. Erasmo de Rotterdam critica os costumes dos homens daquela época, sem se direcionar a alguém específico. Quem fala em nome do autor é a própria “Loucura”.

Desta forma, as ideias de Erasmo ajudaram a abrir espaço para intelectuais, como Lutero, assumissem posições e ficassem contra o Papa, no lançamento das bases da Reforma Protestante, anos depois. Ao longo das páginas, a “Loucura” elogia a si mesma como a verdadeira imperatriz da humanidade. Desta forma, o autor enaltece a natureza humana e oferece um espelho para que a sociedade possa se divertir e até mesmo rir de si própria.

Elogio da Loucura
A capa do livro escrito em 1511 por Erasmo de Roterdam. (Img. Web)

De acordo com Fabrina Magalhães Pinto, doutora em História Social da Cultura e quem assina a apresentação desta edição de Elogio da Loucura, os adversários do autor “não o entenderam ou não admitiram a pilhéria erasmiana sobre temas religiosos tão controversos. Este passatempo de viagem, no entanto, teve imensa difusão, agitando as multidões, abalando a Igreja, e contribuindo para incitar vários estados alemães a ouvir os reformadores. A carta que recebera de Martin Dorpius, em 1515, é um bom exemplo da recepção negativa do texto entre os teólogos”.

A Fé, ora a fé! Mas, e a razão?

Entretanto, a narrativa de Erasmo, armado com a zombaria, consegue atacar questões sérias de sua época. Temas morais como a intolerância e a ingratidão não escapam ao tom humorístico da “Loucura”.

Dos reformistas protestantes liderados por Lutero aos ortodoxos cristãos seguidores do Papa, todos são alvos da ironia desta obra.

A principal ocupação dos mundanos é acumular sempre riquezas e contentar em tudo e por tudo o próprio corpo, pouco ou nada se importando com a alma, cuja existência, por ser ela invisível, muitos chegam mesmo a pôr em dúvida.

Já as pessoas inflamadas pelo fogo da religião seguem um caminho totalmente oposto e depositam toda a sua confiança em Deus, que é o mais simples de todos os seres: depois dele e dependendo dele, pensam na alma, sendo a coisa que mais próxima está da divindade.

É assim que não pensam no corpo e não só desprezam os bens da fortuna como até os recusam. E quando, por dever, são obrigados, como pais de família, a pensar nos interesses temporais, por aí enveredam contra a vontade e experimentam um vivo pesar, porque têm como se não tivessem e possuem como se não possuíssem.” (Elogio da Loucura, pgs. 155 e 156)

Assim, o Elogio da Loucura, regado com piadas de Erasmo de Rotterdam, vai contra as morais católica e protestante, e mesmo em desfavor do racionalismo exacerbado. É, portanto, uma defesa aberta à tolerância, à liberdade de pensamento, ao mesmo tempo em que o autor constrói uma das maiores expressões do humanismo, base ideológica do Renascimento.

Ficha técnica:
Título: Elogio da Loucura
Autor: Erasmo de Rotterdam
Tradução: Paulo M. de Oliveira
Editora: Edipro
ISBN: 9786556600994
Páginas: 160
Formato: 14cm x 21cm
Preço: R$ 49,90

 

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