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Esse Estranho Sionismo

  • julho 10, 2024
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Se uma guerra pudesse resolver os problemas do mundo dos humanos, após 10 mil anos de História já estaríamos salvos da barbárie.

Esse Estranho Sionismo

Posso estar redondamente enganado, mas após leituras, comecei a pensar seriamente em sair da confusão que a atualidade criou, com uma certeza: guerras são a maior demonstração da incapacidade humana de se aceitar como filhos de um só deus.

Redação

São Paulo, 10/07/2024
6,5 Minutes.

Enquanto as guerras se arrastam e carregam consigo bilhões de pessoas (superpopulação e “carência” de recursos” se resolvem como?) umas em nome de um deus, trazendo no bojo a ideia de um apocalipse que parece interessar mais a uns grupos do que a outros, e outras por pura economia política, fiquei curioso com as alegações de Theodor Herzl*, após ler trechos de um dos seus livros: O Estado de Israel. Em seguida, aguçado pela dúvida e a curiosidade, pesquisando um pouco mais encontrei e li isto:

Abraham Leon escreve em 1942 que “durante o tempo que o judaísmo ficou incorporado ao sistema feudal, o ‘sonho de Sião’ não foi precisamente mais que um sonho e não correspondia a nenhum interesse real (…). O taberneiro ou o ‘granjeiro’ judeu da Polônia do século XVI pensava em retornar à Palestina tanto quanto o milionário judeu da América de hoje.

Eis que a dúvida persistente guiou-me. E, claro a confusão, alimento essencial para manter acesa a luta entre esquerda e direita, atualmente desorientada e com poucas referências. Ou, pelo menos, como criadouro de vítimas da estratégia bélica da propaganda. A matadora das verdades. Tudo indica, desta forma, haver discordâncias gritantes entre os judeus, e suas facções/partidos (um aspecto de sua atual democracia), quanto a ideia do retorno a Palestina. E que a escolha por este território foi um tanto aleatória, dado que outras paragens lhes foram apresentadas como opções. Todas foram levadas a apreciação das comunidades judaicas presentes e participantes dos mais de 20 congressos sionistas, com os objetos de escolhas postos à mesa.

Desde lá
Esse Estranho Sionismo
Dois Mapas: 1 Moderno (IBGE) 2 antigo (como era a região no tempo antes de Cristo. (Google)

A Palestina (território onde outras tribos já estavam estabelecidas há séculos, desde antes de Cristo e sob o manto imperial de Roma (numa contagem histórica ocidental) ‘receberam’ os judeus no período mosaico. Moisés reuniu as tribos e saiu do Egito na peregrinação de 40 anos, diz a bíblia.

Na região palestina, muito além de cananeus e depois das 12 tribos de Israel – de onde derivam as três chamadas de Judeus – várias outras tribos ‘batalhavam ‘ entre si. Todas, seguramente, tentando se aproximar do mar Mediterrâneo, uma saída para o resto do mundo ao poente.

As Palestinas – Israelitas e Judeus

Tempos depois, quando os judeus saíram em diáspora pelo mundo e deixaram aquelas paragens para trás, estabeleceram-se por diversos cantos do mundo principalmente Europa (por que?) em um processo de integração e assimilação apoiados (em tese) pelos diversos países onde chegaram.

Uma tábua de salvação a sua falta de identidade territorial que se manteve apenas (o que não pouco!) pelo seu credo e costumes antigos (derivados de sua experiência no Egito?)

Uso de buchas

Na Inglaterra (Balfour), quando da Primeira Guerra do século XX, através de seu emissário, o rei Jorge V ofereceu aos seguidores de Herzl, por solicitação do barão de Rotschild (da dinastia financeira internacional e família poderosa e bilionária da Inglaterra ainda hoje – veja Rio Tinto)* uma declaração com condições específicas.

Um parágrafo de ligação.

Para dar uma melhor compreensão histórica dos fatos e projetar ‘ilações, suspeitas ou meras conjecturas’ conectivas, faz-se necessário e interessante abordar dados, fatos e circunstâncias em torno do assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando do Império Austro-húngaro em 1914.

Também após a Segunda Guerra do Século XX, com a derrota do nazifascismo hitlerista, França e Inglaterra e os aliados ofereceram diversas paragens para os sionistas seguidores de Herzl, dentre elas regiões da África e da América do Sul.

Por razões religiosas, e portanto, pragmáticas, dentro da discussão ‘democrática’ – decisão conjunta – escolheram novamente ir a Palestina. O que não se sabe são os fundamentos reais por trás da fachada religiosa tradicional e da decisão tomada. Pode-se imaginar, portanto, os judeus, como vítimas, a parte frágil da ‘equação’, ainda que se deva considerar sua relevância. Sem eles nada disso seria feito.

Ouso, receoso, perguntar: é só um bode expiatório? Outra questão é os sionistas que ajustaram a proposta sabiam do que aquilo significava? Sim. Decidiram colocar os judeus numa guerra. Tinham uma vingança como motivação (contra os alemães nazistas), e deveriam pagar o preço imposto pela Inglaterra no contrato… Entretanto, nem todos os judeus concordavam.

Motivos e razões paralelas

A partir disso fica nítida a impressão de que a retomada e o processo de colonização da Palestina, habitada por pequenas tribos, é uma proposta nascida da organização político-partidária. É a (re)opção de um grupo, como vemos o do atual partido Likud. O fato de querer pela força tomar todo o território sob a justificativa de combater o Hamas ou qualquer outro povo da terra.

Para além disso tem até um versículo da bíblia – Isaías cap.40 – vs.17 e outros – que reclama aquele pedaço de território como sendo dele e do povo de Deus. Salienta que o resto das nações não têm a menor importância. Bom, de fato, qualquer religião tem o condão de escrever, interpretar e portanto, rescrever seus cânones. Homens velhos, com enormes barbas brancas e talit (xale) branco com 4 franjas e partes cobrindo a cabeça são confiáveis? Ou com aquelas roupas pretas e seus chapéus de pele…Sem desmerecer sua capacidade, criatividade e inteligência, sinto-me ainda no dever de duvidar. Mais de 3 mil anos de história deveriam nos ensinar algo, não?

Fico pensando naqueles africanos e suas roupas coloridas, em chineses, gregos, tibetanos, indígenas norte-americanos e outros povos também antigos. Os romanos, os celtas… Moda e modo. Cada um com o seu e a sua. Por aqui temos ternos pretos ou azuis (moda) e aquele grupo de seguranças armados de óculos escuros por perto…

Portanto, dá-se a entender que também não são exatamente uma união. Moisés uniu as tribos (umas 90?) antes de sair do Egito, depois 12 foram ‘escolhidas’, excluídas as outras, 3 ficaram com as responsabilidades… Como o Risorgimento italiano dos (1815 a 1870 d.C.) ou da Alemanha (1871 d.C.), ou mesmo a União Europeia – Maastrich (com o fim de fortalecer as nações que compõem as suas relações politicas, econômicas e sociais.) Não vejo o imbróglio como um questão religiosa. Pelo contrário, percebo-a (a religião) como o cabo de aço que prende-sustenta o estado (balão flutuante) da animosidade ao território. Essa condição, em si, busca traduzir a expressão de um dos tantos deuses que coabitam nosso mundo dos sonhos e pesadelos.

Da coisa que nos chegadistinções necessárias

*Baruch Ben Avraham acrescenta: “… São 2 mil anos de coexistência nos quais a marca da presença judaica foi impressa na cultura, na língua e mesmo nos costumes portugueses. Não é sem causa que chamamos azeitona ao fruto da oliveira, chuva o regresso das águas, lavagem a limpeza das nossas roupas e ação ao produto de nossos atos. Isso fica claro quando descobrimos que oliveira em hebraico é hazeit, que regresso shuv, que branco é lavan e que hazia é ação.

O que vamos ver agora é evidência de que as marcas da presença judaica na Espanha e em Portugal são muito mais profundas do que a mera linguagem que em parte também derivamos dos árabes, ela se inscreve profundamente nos nossos nomes, no nosso sangue, no nosso DNA.” Bom lembrar que semitismo é mais do que uma questão linguística. É cultural. Assim como o latim, o celta, o germânico, o eslavo…

Reordenando

Em novembro de 1947 (após o fim da Segunda guerra e início da Fria) as Nações Unidas recomendaram a partição da Palestina em um Estado judeu, um Estado árabe e uma administração direta das Nações Unidas em Jerusalém. Ali onde três das grandes religiões do planeta se juntariam. O sionismo internacional ainda hoje não advoga tal resolução. Não aceitam e pronto. Entretanto, a partição foi “aceita” pelos líderes sionistas, por uma razão aparentemente simples: – estavam chegando na “nova Palestina”, aquela abandonada há 3 mil anos atrás.

Estavam e eram em menor número, pobres, sem armas e sem apoio dos que já estavam por lá. Os outros judeus não sabiam das linhas pequenas do acordo? “Estavam de gaiatos no navio?” Porque a diferença entre judeus e israelenses? Não são a mesma coisa? Os judeus eram uma pequena tribo da Judeia? Quem queria o estado de Israel?

De outro lado, as lideranças árabes não ficaram nada satisfeitas. O fato conduziu à Guerra Civil na Palestina de 1947-1948. Israel declarou sua independência em 14 de maio de 1948 e Estados árabes vizinhos atacaram o país no dia seguinte. Desde então, Israel (o Estado) travou uma série de guerras com os Estados árabes vizinhos. Mas, há fortes relatos de que judeus e palestinos viviam tranquilos sob o mesmo sol.

Quando Yasser Arafat, o egípcio, entra em cena a coisa pega fogo, pois ele fundou o Fatah como líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Entretanto, décadas antes o governante egípcio Gamal Abdel Nasser já havia estreitado relações diplomáticas e comerciais com a URSS. Isso que dizer alguma coisa? Claro que sim.

Intervencionismo x  Ḥarakat al-Muqāwamah al-ʾIslāmiyyah

Claro que EUA, Inglaterra, França, e a Alemanha (que exportou toda a ideologia nazista – anticomunista para o Novo Mundo – as 3 Américas) – não gostaram e, prevendo dificuldades de domínio na região da África do Norte, incentivaram e apoiaram os radicais sionistas a firmarem um território a força na região. Curiosamente, à época os EUA investiram US$ 1 bilhão no Egito para demovê-lo da aliança do pan-arabismo com ares socialistas soviéticos. Logo em seguida assassinaram o seu sucessor Anwar Al Sadat e, diz-nos a história, por militares radicais insatisfeitos com suas atitudes. Lenha nova e gasolina na fogueira.

De lá para cá tivemos Camp Davis – acordos, Golda Meir, a primeira-ministra mulher de Israel, que nasceu na Ucrânia e viveu nos EUA, líder inconteste da batalha do Yom Kippur pelo Partido Trabalhista Judeu, e também alguns assassinatos de líderes judeus que discordavam das tendências Likud.

Ainda no deserto?

Embora ainda não se possa afirmar como o encadeamento histórico aqui apresentado nos leve a uma certeza dos motivos do novo conflito envolvendo Israel (EUA e países europeus – Inglaterra e Alemanha), sabe-se que o entrelaçamento destes fios condutores promove o surgimento de comentários que se organizam e conformam esta forma de pensar com razoável solidez. Mas, é só um estudo preliminar. Na verdade, o que mais está por trás disso tudo?

Além dos links no texto acrescento estas referências:

* Rio Tinto no Brasil

*Primavera Árabe

*Haredin (o que são?)
https://www.timesofisrael.com/haredim-are-fastest-growing-population-will-be-16-of-israelis-by-decades-end/

*Um jornal de Israelhttps://www.timesofisrael.com/

*AL Jazeera um jornal árabe – https://brasil.elpais.com/noticias/al-jazeera/

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