Fake News – Gov.Com
- outubro 26, 2024
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As mentiras direcionadas e dispersadas nas redes sociais para colocar governos e pessoas sob suspeita, servem para confundir e consequentemente derrubar a confiança e o crédito que se
As mentiras direcionadas e dispersadas nas redes sociais para colocar governos e pessoas sob suspeita, servem para confundir e consequentemente derrubar a confiança e o crédito que se
Marco Felix
Brasília – DF, 26/10/2024
3 Minutos.
A crescente desconfiança na veracidade das informações fornecidas por governos e o constante ataque às instituições, presenciados, sobretudo, em disputas eleitorais protagonizadas por líderes antidemocráticos, reflete um cenário global de crise de confiança.
No Brasil, esse fenômeno é ainda mais evidente. Além da desinformação, os cidadãos são diariamente bombardeados com fake news. O que influencia diretamente suas percepções sobre a gestão pública. Segundo a pesquisa Edelman Trust Barometer 2022, apenas 35% dos entrevistados disseram confiar nos governos. Já as empresas tiveram a confiança de 66% dos entrevistados.
Nos últimos anos, com a ascensão das redes sociais e a rápida disseminação de conteúdos falsos, o papel da comunicação governamental tornou-se ainda mais estratégico. Houve um ganho na importância estratégica para combater as Fake News. O Instituto Locomotiva aponta que 62% dos brasileiros já acreditaram em notícias falsas. Apontou também que os temas eleitorais, relacionados às políticas públicas, estão entre os mais disseminados, com índices de 62% e 63%.
Isso demonstra que o desafio da comunicação governamental não se limita à disseminação de informações corretas. São necessárias estratégias de combate a desinformação que corrói a confiança pública.
Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), realizado em 2018, mostrou que notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras no antigo Twitter (X), principalmente devido às emoções que elas despertam, como medo e surpresa. Para se ter uma ideia, notícias falsas sobre política têm maior disseminação do que informações igualmente falsas sobre terrorismo, ciência ou economia, de acordo com o estudo.
Essa dinâmica é especialmente perigosa para governos, pois a propagação de desinformação agrava a desconfiança nas instituições e afeta diretamente a avaliação pública dos governantes.
Por mais robustas que sejam, as estratégias de comunicação não conseguem se proteger completamente contra crises ou a repercussão de eventos negativos no cenário político. A desinformação, disseminada rapidamente, enfraquece a confiança pública nas instituições e compromete a imagem dos líderes. Assim, embora a comunicação seja uma ferramenta poderosa, ela não é suficiente por si só.
Contudo, mesmo governos bem avaliados podem ter sua reputação severamente prejudicada se a comunicação for ineficaz ou mal conduzida. Da mesma forma, governantes que enfrentam crises de imagem, especialmente em momentos de gestão falha da comunicação, frequentemente veem seu capital político derreter.
O sucesso de uma comunicação eficaz não depende somente da capacidade de engajar, como evidenciado no caso de Curitiba. Em 2012, a cidade se destacou ao adotar uma abordagem inovadora em suas redes sociais, utilizando um tom leve e humorístico para conectar-se diretamente com a população.
Entretanto, embora essa estratégia tenha gerado um alto nível de engajamento, ela não foi suficiente para garantir sucessos eleitorais automáticos. Os prefeitos que seguiram nesse período específico não conseguiram a reeleição. Isso reforça que, por mais eficiente que seja uma campanha de comunicação, o sucesso da gestão perante a opinião pública é incerto.
Por outro lado, o exemplo de Recife, por meio da plataforma Conecta Recife, mostra como a comunicação atrelada à tecnologia pode ser utilizada para consolidar a imagem de uma administração com resultados práticos.
A plataforma, que tem como abordagem “levar ao cidadão a chave digital da prefeitura”, facilitou o acesso a serviços essenciais, como consultas, vacinas e demais serviços públicos municipais e de outras esferas. De fato, ela oferece uma resposta prática aos desafios enfrentados pelos cidadãos, especialmente durante a pandemia. Esse tipo de solução, que alia tecnologia e comunicação eficaz, com resultados visíveis aos cidadãos, foi determinante para criar uma imagem de eficiência da gestão, rendendo prêmios em diferentes áreas à gestão local.
Portanto, o sucesso da comunicação governamental vai além de engajar o público; ele está diretamente ligado à capacidade de traduzir o discurso em soluções práticas que realmente beneficiem o cidadão. Quando a comunicação é acompanhada por ações concretas que resolvem problemas, como no caso de Recife, o governo ganha credibilidade e a confiança da população é restaurada.
Assim, a chave para essa transformação está em como as pessoas percebem as ações no dia a dia. Humanizar a mensagem, usar tecnologia para oferecer soluções reais e manter o diálogo com a sociedade são caminhos essenciais para superar a desconfiança e, sem dúvida, uma boa ferramenta de combate às fake news.
Marco Felix – Coordenador Geral de Comunicações – Ministério do Empreendedorismo