17/05/2025
Economia Política Política Sustentabilidade

Gentrificação x Urbanismo

  • outubro 31, 2024
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Gentrificação é o que acontece em Gaza, Palestina. Qual é a ideia por trás disso? Limpeza étnica e genocídio resultantes, preparam o terreno para serem ocupados dos ricos

Gentrificação x Urbanismo
Milhões de palestinos perderam suas casas.  Imprensa internacional até hoje não comenta o fato como deve ser. Todas as chamadas soam assim, pró-Israel. Usam frases do tipo nas manchetes: “Israel bombardeia casas, hospitais, escolas onde terroristas estavam escondidos.” Dificilmente dizem dos milhões da população palestina afetada. A partir do radical Gen – questão genética por princípio (que puxa para o lado “religião”, os indefectíveis gentios), racista por extensão, capitalista por adesão e interesses, e desumana por natureza. É germinal?

Pseudo jornalismo e hipocrisia. A grande mídia é toda sionista? Perguntar ofende? Entretanto, ao que parece o projeto de comunicação proposto por Joseph Goebbels* encontrou eco em todo ocidente. Uma contradição aparente, mas que tem fundamentos psicossociais econômicos e históricos muito bem enraizados. Por que? Ora, não era para combater o nazismo hitleriano que a mídia organizada internacional deveria atuar? Alertar o problema para as gerações futuras? Ou seja, nunca mais nazismo!?

Os EUA importaram (deixaram entrar) milhares de oficiais das forças armadas da Alemanha hitlerista, muitos dos quais com enorme conhecimento técnico-científico. É sempre bom conhecer o seu inimigo, dizem os estrategistas. Aprender como ele opera e quais são seus planos. Principalmente, usar o conhecimento deles contra eles.

Desde há muitos séculos passados uma grande parte da riqueza alemã e inglesa e europeia teve origem judaica. Séculos após fez frente ao Califado Omíada de Córdoba (Espanha e Portugal, com entradas pela fronteira sudoeste da França). Isso ocorre como reação desde as expansões do Império Romano a.C. na região da palestina. Os cristãos iniciaram as Cruzadas* e fomentaram a Inquisição*, e muitos judeus fugiram e subiram mais ao norte. Foram parar na Holanda, na Alemanha, nos territórios do Império Austro Húngaro e mais além, ao Leste europeu. Sabe-se que há comunidades judaicas no Japão. Muitos vieram para o Brasil e depois se espalharam aqui também.

Gaza – ruinas da ação de Israel com apoio dos EUA e Europa branca do Norte. (Img. Web)

[N.E.: se você não gosta de pesquisar História nos livros e documentos, pode assistir alguns filmes que tratam, ainda que de forma amena do tema.
Cito 2 : Cruzadas, dirigido por Ridley Scott e O nome da Rosa, dirigido por Jean Jacques Anaud. ]

Guerra-religião e riquezas

Os senhores feudais, ‘reis’ cristãos europeus brancos do norte foram conclamados pelo papa que solicitou exércitos e os exortou contra os mouros. Porém, boa parte do capital que suportou os exércitos dos senhores feudais nas guerras de retomada vieram da igreja católica romana e de confiscos sobre riquezas acumuladas pelos judeus e até árabes. A religião era a “linguagem” utilizada para justificar as guerras, em franca oposição à política. O que pode ser visto também em Karl Jaspers.

Gentrificação é um conceito sociológico que acarreta a substituição física, econômica, social e cultural de um bairro (cidade) ou uma área urbana proletária para burguesa após a compra de propriedades, e sua consequente revalorização no mercado através do influxo de residentes e empresas mais abastados. Portanto, é um tema comum e controverso na política e planejamento urbano. A gentrificação geralmente aumenta o valor econômico de um bairro. Porém apesar disso, o deslocamento demográfico resultante geralmente se torna um grande problema social.

Uma beleza que esconde dores e sofrimento. (Img Web)

Contudo, muitas vezes, propõe uma mudança na composição racial ou étnica de um bairro e na renda familiar média. Isso ocorre à medida que a habitação e os negócios se tornam mais caros e os recursos que antes não eram acessíveis são ampliados e melhorados e trazem novidades.” (Wikipedia).

Muros invisíveis – Do fenômeno humano ao conceito sociológico

Gentrificação é comum no sistema capitalista. Em NY-EUA vimos o Soho, e parte do Brooklin e outros bairros (quando inauguraram a escola Avenue ) como expansões da dominação burguesa sobre as regiões pobres. A polícia foi amplamente usada para repressão, prisão e morte de muitos residentes, negros e latinos, a título de revitalização das áreas.

Uma ponte de crueldade separa duas realidades. No Brasil também ocorre, em SP (Cracolândia – Heliópolis, Higienópolis, Morumbi…), no RJ (as UPAS, Manguinhos, Maré), MG, BA, PE (Recife – palafitas), sempre de forma disfarçada de empreendimentos etc… Eventualmente, os recursos provêm de esferas internacionais e estão relacionados a iniciativas de cunho comercial. É um modo capitalista de mitigar os problemas, cuja origem remonta a arquitetos franceses orientados por Haussmann. Provavelmente seus feitos devem ter influenciado e provocado a inveja de Hitler e de Mussolini em seus ideais que reordenaram Roma e Berlin. Vide o excelente documentário sueco Arquitetura da Destruição de 1989 aqui.

“Entre os vários estudos sociológicos realizados, podemos destacar aqueles relacionados ao bairro do Pelourinho e ao papel do patrimônio cultural e histórico em processos de gentrificação, em Salvador. Um olhar crítico sobre o tema da Operação Pelourinho, como ficou conhecido o projeto de recuperação de um dos mais expressivos conjuntos arquitetônicos do período colonial brasileiro, pode ser considerada uma das primeiras operações de gentrificação no Brasil.

No centro histórico da cidade de Salvador, o Pelourinho sofreu uma reforma “relâmpago” quando em 1992 foi aberta uma licitação pelo governo do Estado. Empresas privadas deveriam realizar a reforma com um prazo de 150 dias para a conclusão das obras. Feita em curto período de tempo, a reforma foi muito criticada em vários pontos. Especialmente, por ter sido executada praticamente à revelia das instâncias municipais e federais de preservação.

Um pé é lourinho – o resto do corpo é preto

Atualmente, o Pelourinho é um grande centro cultural e o coração da trade turística de Salvador. No entanto, esta profilaxia social resultou numa remoção forçada de milhares de residentes da classe trabalhadora para a periferia da cidade, onde eles têm encontrado dificuldades econômicas significativas.” (Wikipedia).

Atualmente as polícias municipais (fortemente armadas) e estaduais fazem incursões diárias na região. Pude constatar isso pessoalmente em viagem recente.

Mudanças radicais e forçadas

Pelas ruas adjacentes ao marco histórico, inúmeras igrejas e casas coloniais que antes pertenceram a uma provável classe média, talvez de funcionários públicos da época da colônia, viceja um comércio multicolorido onde se instalam mistura de turistas, negros e brancos moradores locais. Entretanto, além da alta burguesia baiana também com seus investimentos, há portugueses, franceses, italianos, alemães e brasileiros do Sul. Fomos e somos (re)colonizados.

Também o bairro do Recife Antigo, que em 1910, fora reconstruído segundo o modelo da Paris de Haussmann sucumbiu a um acordo com a Fundação Roberto Marinho e a empresa Akzo do Brasil para pintar as fachadas do Bairro do Recife Antigo em 1993.

O Projeto Cores da Cidade, que também se realizou no Rio de Janeiro, e em Parati foi um dos primeiros resultados práticos da “revitalização” dos bairros e das cidades, efetuada no sistema de parcerias. A Akzo doava as tintas, os proprietários arcavam com a mão de obra, a prefeitura supervisionava as reformas e dava incentivos fiscais aos proprietários, e a Fundação Roberto Marinho (FRM) assegurava a divulgação das reformas em rede nacional de televisão. Um marketing oportunista na onda da responsabilidade social.

Recorrências

Historicamente, um fato ocorrido entre 1902 e 1906, no início do século XX, conhecido como Revolta da Vacina, em uma região central do Rio de Janeiro (então capital da República) escamoteia a mesma situação. Sob o pretexto de erradicar doenças contagiosas, como a febre amarela, varíola e tifo, o então presidente paulista Rodrigues Alves, dono de extensas terras, aceitou a proposta de empresas francesas de eventos para “revitalizar” a área próxima ao cais do porto. Lá onde seria instalada a Feira Mundial de Ciências, marco expressivo da nova ordem capitalista mundial.

Largo da Batata em São Paulo. Mudanças. (Img Web)

Entretanto, todo o processo brasileiro não teve a crueldade explícita do atual nazisionismo israelense (ou ucraniano, que também pode ser entendido da mesma forma, com algumas diferenças pontuais). Mas, de certa forma, escondem um jogo de interesses econômicos e violência desmedida que se sobrepõe às reais necessidades dos deslocados, martirizando-os e marginalizando-os ainda mais.

Na real

Ou seja, na realidade, os processos de gentrificação estarão agora e sempre cada vez mais colocando em risco a coesão social e a inclusão de distritos históricos. Em alguns casos, levando mesmo, a uma transformação social brutal e a despejos forçados. Entretanto, sem políticas públicas adequadas e coerentes que busquem resolver as questões de forma continuada e constante, que cuidem do sentimento das pessoas, respeitando suas identidades e verdadeiras necessidades, o processo é criminoso e desumano.

Quanto maior a ocupação e população local, mais ocorrem fenômenos de gentrificação. É uma regra imutável? Ou a guerra sai mais barato? Valendo a última opção o que é uma vida, na verdade milhares delas, se comparadas ao faturamento da indústria de armas alemã, francesa, norte-americana etc…?

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