Geoeconomia e Geopolítica
- outubro 29, 2024
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África II é um exemplo no qual não nos podemos mirar. As grandes potências fizeram grandes estragos no continente. Já os fizeram em casa, na Ásia, nas Américas
África II é um exemplo no qual não nos podemos mirar. As grandes potências fizeram grandes estragos no continente. Já os fizeram em casa, na Ásia, nas Américas
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São Paulo, 29/10/2024
3.6 Minutos.
É sabido que o país está na mira dos grandes industriais da mineração. Ouro, Lítio, Urânio, Cobre, por exemplo, são os mais cobiçados pela sua importância na aplicação de tecnologia e indústria de ponta. Representam vultosas somas bilionárias.
Os números abaixo, citados pela jornalista de economia do Valor Econômico, do Grupo Globo, (jornalismo para poucos) deixam claro que entramos do radar já a bastante tempo. Entretanto, a soberania do país só estará ameaçada se tivermos governos frouxos e deslocados dos nossos verdadeiros interesses e necessidades.
Entretanto, a história nos mostra que mesmo as reações desenvolvimentistas de governos como os de GV e JK, nas décadas de 1940/1950, encontraram um jeito de manter o nível de subserviência ao capital externo. A criação de polos industriais de extração mineral (Petróleo e ferro, por exemplo) em atenção às pressões internacionais, são notórias. Claro, atraiu inúmeras vezes a atenção de vendilhões e compradores.
A intenção era a de facilitar o comércio com as matrizes desenvolvidas na Europa e depois aos EUA, interessados na exploração, uso e transformação destes recursos naturais, sem que perdêssemos o controle sobre eles. Entretanto, a ideia de privatização dos anos 1990, chamada de Privataria Tucana (gestão sob FHC e o ministro “rolo compressor“) e as tentativas da (má) gestão Bolsonaro em 2019 a 2022 (“vamos vender tudo“, disse seu ministro Paulo Guedes, “enquanto a boiada vai passando” arrematou o ‘madeireiro’ Sales) jogaram o país, mais uma vez na boca dos leões e dos chacais.
Assim, uma das lições que ficam ao sabor amargo do nosso tempo é que no Brasil as instituições de Educação superior, notadamente os institutos de pesquisas nacionais, precisam de enormes incentivos para o desenvolvimento das Ciências. Essa é uma ameaça potencialmente destrutiva para qualquer país que queira, de fato, ser soberano. A razão é até simples de entender.
Temos os recursos, já os localizamos nós e Elon Musk com todos os seus satélites. Antes dele, EUA e países europeus também. Sabemos explorá-los, porém isso nos deixa com a cara dos mineradores dos séculos XIX e início do XX.
Os cuidados com o meio ambiente e os povos tradicionais, precisam ser respeitados, e as penas aos infratores aplicadas com eficácia pedagógica. Sejam eles brasileiros, grandes, médios e pequenos, sejam estrangeiros idem.
Com o desenvolvimento científicos das pesquisas, poderemos passar a agregar valores cada vez mais a estes recursos. Além de criar capital humano altamente qualificado. Em vez de ferro ou aço, chapas, blocos, placas, fios, de aço, cobre etc, devemos melhora-los, molda-los, transforma-los em peças úteis para o mercado global, no mínimo.
Stella Fontes (Valor, /10/24) : o interesse por commodities metálicas ligadas à tecnologia e à transição energética, como lítio e cobre, deu novo impulso às buscas por depósitos minerais e projetos pelo mundo. É o reflexo do aquecimento das operações de fusão e aquisição (M&As, na sigla em inglês/economês) no setor. Além desses minerais, a procura por ouro segue em alta, e o Brasil é um dos países que estão no alvo de empresas e de governos estrangeiros por causa do potencial de suas reservas.
No mundo, segundo dados da Dealogic, os M&As anunciados na indústria somavam US$ 48 bilhões no ano até agosto, uma alta de 8% na comparação anual, incluindo operações com reflexo no Brasil – esse número poderia quase dobrar se a Anglo American não tivesse recusado a oferta de compra de US$ 43 bilhões feita pela BHP em maio.
A tendência, segundo especialistas e executivos do setor, é esse movimento ganhar tração nos próximos anos. Os investimentos previstos também são vultosos: só no país, até 2028, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), serão aportados US$ 64,5 bilhões, sem considerar potenciais aquisições.
[N.E.: A pergunta espinhosa é: nas mãos de quem estão estas instituições privadas que pesquisam, investem e atuam no Brasil (o ‘país do futuro’, historicamente está explicado – de pai para filho o futuro chegou na colônia – atrás de nossos recursos minerais?)]