Guerra e Dados sob o Horror
- março 8, 2022
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Com as guerras a humanidade sempre sai perdendo, e a recuperação é longa e duradoura, a dor na memória e na genética humanas atravessa os séculos, e razões
Belo Horizonte, 08/03 de 2022.
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Do ponto de vista econômico, a Ucrânia, com 44 milhões de habitantes, apresenta PIB de US$ 155 bilhões com renda per capita de US$ 3.500,00. Comparativamente, a renda per capita média mundial é de US$ 11.300,00, Estados Unidos US$ 63.000,00, Europa Ocidental US$ 46.900,00, Rússia US$ 11.600,00; Iraq US$ 5.700,00, a Geórgia US$ 4.400,00.
Com a dissolução da União Soviética, o PIB da Ucrânia caiu de US$ 91 bilhões em 1990 para US$ 31 bilhões em 1999, recuperando para US$ 188 bilhões em 2008. Com variações significativas ao longo dos anos, Zelensky assume com PIB de US$ 153 bilhões em 2019, US$ 155 bilhões em 2020. Com poucos recursos, a Ucrânia tem dificuldades neste cenário de guerra.
O conflito entre os Estados Unidos e a Rússia é claro. Já no final da 1ª Guerra Mundial, os Estados Unidos, então aliado à Rússia Czarista, enviam 10.000 soldados à Rússia para o combate aos Bolcheviques. Ao final da 2ª Guerra Mundial, o General Patton sugere a Eisenhower levar os russos de volta a suas fronteiras. Em 1949 a OTAN é formada, em 1954 o Pacto de Varsóvia.
Com a dissolução da União Soviética em 1991, é formado o acordo tácito da não entrada da OTAN nas então República Soviéticas, certamente não cumprido, porque o mundo é dinâmico, muda de acordo com os interesses e a força de cada um.
Interesses diversos – razões absurdas
O ponto crítico é a instalação de mísseis nucleares nas fronteiras da Rússia. A Ucrânia não tem moeda de troca no atual jogo político internacional.
A Rússia requer a não entrada na União Europeia e, principalmente, na OTAN.
Os Estados Unidos e a União Europeia não têm fortes motivos de combater diretamente no conflito, já que a entrada da Ucrânia na União Europeia e na OTAN eram, neste momento, manifesto de intenções em mercado futuro ainda não concretizado. A Ucrânia paga um preço alto, de ambos os lados.
No plano político, o argumento da defesa da democracia não se sustenta. Os Estados Unidos são aliados a ditaduras de diversas matizes por conveniência política, assim com a Rússia, da direita à esquerda, por ambos os lados. Da mesma forma, o argumento da quebra do direito internacional também não se sustenta.
Desde 1950, os Estados Unidos participaram de cerca de 30 guerras no mundo, a Rússia em 6. Os Estados Unidos invadiram o Iraque, estado soberano, e a Rússia a Geórgia, dentre outros exemplos. A OTAN, como tratado de defesa restrito aos países que participam da organização, interviu e participou militarmente por iniciativa própria na Guerra da Bósnia, países então não aliados, visando à desestabilização da Sérvia e estabilização da região a seu favor.
Hoje, o confronto da OTAN com a Rússia não é cogitado, preço muito alto para o perigo de guerra nuclear. Zelensky e a Ucrânia estão, na prática, deixados à própria sorte, no jogo internacional dos interesses militares e econômicos, o determinante do mundo atual. A estratégia é a manutenção do conflito localizado e das sanções para o enfraquecimento recíproco do outro lado.
A opinião pública mundial compra argumentos fáceis, envolvida nas ideologias e na difusão de versões por internet. As imagens das batalhas da resistência na Ucrânia são pouco visíveis ou divulgadas. A solução será necessariamente diplomática desta verdadeira tragédia.
Ricardo Guedes – Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus
(N.E. – interessante notar que foram os democratas norte-americanos, os responsáveis por diversas destas guerras – tanto quanto os republicanos).