18/05/2025
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História da Violência Brasileira

  • outubro 23, 2024
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A posse da terra x Reforma Agrária é um tema recorrente no Brasil. O país, contudo, ainda não a fez, o que gera as inúmeras crises de violência

História da Violência Brasileira
As ações das elites brasileiras que se dizem nacionalistas e defensoras dos costumes religiosos e de seus bens demonstram a selvageria escondida atrás da propaganda anticomunista da guerra-fria. Escravagistas e mantenedores do status quo de exploração e propriedade das terras, tentam esconder-se da realidade da luta de classes. Será que ela ainda existe?

A violência histórica que nos constitui é matéria central na composição da ficção rural brasileira.(Fernando Gil).

O vencedor do Prêmio Jabuti Acadêmico na categoria Letras, Linguística e Estudos Literários, professor da UFPR fala sobre as conexões do regionalismo e da literatura rural. Relaciona-os aos processos de desenvolvimento da cultura e da sociedade brasileiras

Estilo literário que enuncia narrativas que se passam em lugares como o sertão, o pampa ou o cerrado brasileiro, o romance rural, surgiu no século XIX. Portanto, pode ser considerado uma noção com amplas conexões àquilo que a crítica e a história da literatura denominaram “regionalismo”.

Porém, não se trata apenas de narrar uma matéria que acontece em um espaço diferente do urbano. De fato, na ideia de romance rural, observa-se um balanço desequilibrado entre o espaço rural, suas paisagens, suas figuras humanas e suas relações.

Assim, para o professor e pesquisador de literatura brasileira, Fernando Cerisara Gil, o romance rural configura um dispositivo narrativo específico. Apresenta mudanças formais ao longo do tempo, mas traz em si algumas constantes, dentre as quais se destacam a violência. Este é o elemento central das ações e a presença do homem pobre rural como protagonista.

Os espaços da guerrilha rural e a urgência de reforma agrária.

Exemplos desse estilo literário podem ser encontrados em diversas obras importante da literatura brasileira.  O sertanejo e Til, de José de Alencar; Inocência, de Visconde de Taunay.  Também n’O cabeleira, de Franklin Távora; ainda no século XIX. Nas narrativas Vidas secas, de Graciliano Ramos, e Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, no século XX. Atualmente, o romance Torto arado, de Itamar Vieira Jr., também traz o gênero.

História da Violência Brasileira
Livro aborda as questões da posse da terra e da violência dela resultante.

Segundo o pesquisador, a apropriação do mundo rural deve ser entendida como incorporação do espaço e da matéria rurais à letra impressa, realizando-se a partir da violência, do poder patriarcal brutalizador e da pobreza.

Gil, que é docente titular do Departamento de Literatura e Linguística (Dellin) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ainda chama atenção para outro elemento crucial na narrativa rural. Ele aponta o protagonista, geralmente retratado na figura do homem livre pobre, vivendo em um espaço de liberdade possível, porém com alto nível de constrição social de naturezas diversas.

Recentemente, o livro Pelo prisma rural: ensaios de Literatura Brasileira, do professor Fernando Cerisara Gil, foi premiado na categoria Letras, Linguística e Estudos Literários na primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, da Câmara Brasileira do Livro (CBL).

Com isso, aprofundando esse assunto, envolvendo complexas relações entre literatura, cultura e sociedade no Brasil, o Professor Fernando Gil concedeu  entrevista à Ciência UFPR.

Para ler o artigo na íntegra acesse a revista Ciência UFPR – clique aqui.

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