História da Violência Brasileira
- outubro 23, 2024
- 0
A posse da terra x Reforma Agrária é um tema recorrente no Brasil. O país, contudo, ainda não a fez, o que gera as inúmeras crises de violência
A posse da terra x Reforma Agrária é um tema recorrente no Brasil. O país, contudo, ainda não a fez, o que gera as inúmeras crises de violência
Curitiba-PR, 23/10/2024
2.7 Minutos
A violência histórica que nos constitui é matéria central na composição da ficção rural brasileira.(Fernando Gil).
O vencedor do Prêmio Jabuti Acadêmico na categoria Letras, Linguística e Estudos Literários, professor da UFPR fala sobre as conexões do regionalismo e da literatura rural. Relaciona-os aos processos de desenvolvimento da cultura e da sociedade brasileiras
Estilo literário que enuncia narrativas que se passam em lugares como o sertão, o pampa ou o cerrado brasileiro, o romance rural, surgiu no século XIX. Portanto, pode ser considerado uma noção com amplas conexões àquilo que a crítica e a história da literatura denominaram “regionalismo”.
Porém, não se trata apenas de narrar uma matéria que acontece em um espaço diferente do urbano. De fato, na ideia de romance rural, observa-se um balanço desequilibrado entre o espaço rural, suas paisagens, suas figuras humanas e suas relações.
Assim, para o professor e pesquisador de literatura brasileira, Fernando Cerisara Gil, o romance rural configura um dispositivo narrativo específico. Apresenta mudanças formais ao longo do tempo, mas traz em si algumas constantes, dentre as quais se destacam a violência. Este é o elemento central das ações e a presença do homem pobre rural como protagonista.
Exemplos desse estilo literário podem ser encontrados em diversas obras importante da literatura brasileira. O sertanejo e Til, de José de Alencar; Inocência, de Visconde de Taunay. Também n’O cabeleira, de Franklin Távora; ainda no século XIX. Nas narrativas Vidas secas, de Graciliano Ramos, e Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, no século XX. Atualmente, o romance Torto arado, de Itamar Vieira Jr., também traz o gênero.
Segundo o pesquisador, a apropriação do mundo rural deve ser entendida como incorporação do espaço e da matéria rurais à letra impressa, realizando-se a partir da violência, do poder patriarcal brutalizador e da pobreza.
Gil, que é docente titular do Departamento de Literatura e Linguística (Dellin) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ainda chama atenção para outro elemento crucial na narrativa rural. Ele aponta o protagonista, geralmente retratado na figura do homem livre pobre, vivendo em um espaço de liberdade possível, porém com alto nível de constrição social de naturezas diversas.
Recentemente, o livro Pelo prisma rural: ensaios de Literatura Brasileira, do professor Fernando Cerisara Gil, foi premiado na categoria Letras, Linguística e Estudos Literários na primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, da Câmara Brasileira do Livro (CBL).
Com isso, aprofundando esse assunto, envolvendo complexas relações entre literatura, cultura e sociedade no Brasil, o Professor Fernando Gil concedeu entrevista à Ciência UFPR.
Para ler o artigo na íntegra acesse a revista Ciência UFPR – clique aqui.
Se quiser fazer algum comentário aqui, role até o box Comentários.