Inflação – Imposto para Pobres
- janeiro 30, 2025
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Em tudo há um ou mais impostos. Alimentos, remédios, moradia, elergia elétrica, água, educação, salários...Rico nem sente. Paga pouco, proporcionalmente...
Em tudo há um ou mais impostos. Alimentos, remédios, moradia, elergia elétrica, água, educação, salários...Rico nem sente. Paga pouco, proporcionalmente...
São Paulo, 30/01/2025
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A inflação é, sem dúvida, um dos maiores inimigos da sociedade brasileira. Ela corrói o poder de compra, penaliza desproporcionalmente as classes mais pobres e sabota qualquer tentativa de planejamento financeiro das famílias. Apesar de o IPCA-15 de Janeiro ter registrado uma alta de apenas 0,11%, a menor para o mês desde 1994, os impactos da inflação continuam profundos e disseminados. Esse dado apenas introduz um problema muito maior e mais persistente: a incapacidade do governo federal (qualquer que seja) de combater a alta generalizada dos preços de forma efetiva e duradoura.
Os aumentos recentes em itens básicos, como tomate, café e combustíveis, mostram como a inflação impacta diretamente o dia a dia das famílias brasileiras, especialmente as mais pobres. Enquanto a elite econômica consegue se proteger com ajustes patrimoniais, os trabalhadores não têm a mesma alternativa. Essa desigualdade fica ainda mais evidente quando vemos o custo de alimentos e serviços subir, afetando a mesa e o orçamento familiar.
Inflação – Imposto para Pobres
A postura do governo federal tem sido de certa passividade ou, às vezes, pior, de omissão. Em vez de atacar a inflação pela raiz, o discurso político insiste em narrativas que não resolvem o problema prático. O Brasil precisa urgentemente de uma política fiscal mais rigorosa, com controle de gastos e medidas que sinalizem responsabilidade para investidores e para a população. No entanto, o que se vê é um aumento de promessas populistas que minam a credibilidade econômica do país.
Outro ponto de preocupação é o papel do Banco Central (BC)*. Com a chegada de um novo presidente ao comando da instituição, surgem dúvidas sobre como ele lidará com as inevitáveis pressões para afrouxar a política monetária. A taxa de juros é uma ferramenta essencial para conter a inflação, mas também é alvo de críticas por seu impacto sobre o crescimento econômico. A questão é: o novo presidente do BC será capaz de resistir às pressões políticas e manter uma postura técnica e independente? Ou veremos uma flexibilização que pode trazer alívio de curto prazo, mas agravar o problema inflacionário no longo prazo?
Entretanto, a inflação segue como um imposto invisível e impacável que pesa mais sobre os mais pobres. Ou seja, a falta de uma reforma fiscal consistente e a insistência em soluções paliativas mostram o despreparo da atual gestão para enfrentar o problema.
A recente queda nos preços da energia elétrica, por exemplo, foi resultado de um alívio pontual com o Bônus de Itaipu. Portanto, não de uma medida estrutural que ataque os custos de energia no país.
O Brasil precisa de uma agenda econômica clara, que inclua medidas efetivas para conter a inflação e estímulos ao crescimento sustentável. Sem isso, quem continuará pagando o preço é o trabalhador brasileiro, que vê seu salário perder valor a cada mês enquanto as contas aumentam.
Murillo Torelli – Professor de Ciências Contábeis da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP
[N.E.: Para aprofundar o debate fica uma reflexão: Quem é o verdadeiro responsável pela inflação? Botar a culpa no tomate, no xuxu ou em qualquer outro alimento ou em combustíveis já perdeu a eficácia. Daqui há pouco falarão que a culpa é da internet, das fake news, dos influencers. Cada estado da União faz os seus impostos. Salários de 350 mil reais e corrupção política/empresarial local são comuns.]
* O BC e o CMN foram criados em 1964. Tempos sombrios.
*O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie ou desta revista.
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