Mega Madona
- maio 5, 2024
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Madonna veio ao Rio de Janeiro e fez mega show para mais de 1,4 milhão de pessoas. Enquanto isso o RGS está debaixo d'água.
Madonna veio ao Rio de Janeiro e fez mega show para mais de 1,4 milhão de pessoas. Enquanto isso o RGS está debaixo d'água.
Redação
São Paulo, 05/05/2024
2,7 Minutos.
Ao reunir mais de um milhão e 400 mil pessoas na praia de Copacabana – RJ – Madonna, a rainha do Pop (65 anos), atraiu uma considerável plateia de fãs para seu show ‘Celebration‘ em um momento tenso da política e da economia local, regional e global. Milhares de nen nem, feministas, lgbtqia+ e populares comuns se agruparam nas areias cariocas para um ‘rebolante‘ fim de semana que atraiu gente de todo tipo.
Sintomático como polo de eventos no RJ da famosa praia, a já cantada e decantada Princesina do Mar por outras expressões musicais, mais uma vez não falhou em sua missão de iluminar a cidade e atrair as mariposas da noite para mais um festejo sob os auspícios do estado e da prefeitura cariocas.
O orla fluminense, onde boêmios das classes media, media alta, milionários e artistas ainda desfilam grifes, estilos, poses, posses e pretensões, também já foi palco de outras manifestações. No entanto, muitas foram de cunho bem menos alegres. Nos últimos 20 anos arrastões, comícios verde amarelos, milícias ‘bolsonaristas’, ao estilo-essência das facções criminosas, crimes e assassinatos cruéis e covardes, entre outras, mereceram destaque na mídia e imprensa mundial. Com destaque para a Revolta do forte de Copacabana, em que militares tenentistas se voltaram contra as forças legalistas e oligarcas locais.
Cidades e praias famosas parecem ter este “charme“. Como na Cuba dos anos 50, onde mafiosos e endinheirados norte-americanos e europeus faziam a festa. Assim como em Casablanca, no Marrocos, ou Trípóli na Líbia, e claro, Marselha na encantada Côte D’azur francesa, de onde partiram entoando cânticos de liberté, égalité, fraternité milhares do povo, homens e mulheres para derrubar a monarquia parisiense. Cada uma a sua época!
Mas, aqui, sob os trópicos, Copacabana também trouxe e lembrou o país e o mundo, sob o luar das noites mornas e dos dias quentes debaixo do sol e calor tropical com 35 graus, ser ótimo local onde trabalhadores e manifestantes pela paz, eventos esportivos de envergadura mundial, como a copa do Mundo de futebol, a Olimpíada de 2016, enviaram outras mensagens ao povo brasileiro e ao mundo.
No entanto, nenhuma destas manifestações teve o condão de superlotar a área como o fez Madonna. De causar inveja a partidos e políticos brasileiros que desde o movimento pelas Diretas Já que concentrou na região central de São Paulo, um número gigantesco de populares.
Você por argumentar: “sábado a noite, calor, de graça e com cara de festa, até eu!” Menos, cara pálida, menos! O show da mulher teve um quase evidente caráter político. E econômico. Teve muita gente que foi lá para trabalhar, ela inclusive.
Seguramente, o evento aqueceu a economia local e deu a chance de vendedores e ambulantes salvarem seu fim de semana.
Obviamente, deixará grife e representações de seus negócios por lá. No fundo, é pura questão financeira.
Politicamente importante, deixou uma mensagem de festa e alegria para uma cidade estigmatizada. São incontáveis as ações policiais desastrosas e cruéis contra pobres, pretos, e comunidades.
Em teoria midiática contra mafiosos, milicianos, crime organizado e gangues de traficantes que a tornam um caldeirão fervendo de intenções e lutas por poder.
A antiga capital do império é um centro nervoso e caótico. De um lado, milionários, militares e políticos, garçons, garçonetes e donos de barracas de praia se misturam com bandidos e facções criminosas mascarados de legalidade, espalhando ondas de violência e medo. Sabe-se que, a partir dela já se contaminaram muitas das grandes cidades do país. Há estudos bem interessantes feitos pela Academia e por organismos internacionais que deixam claro o tamanho do envolvimento e das ligações que alicerçam estas estruturas. Do peixinho de beira mar até grandes tubarões de águas profundas e barracudas salientes com seus vestidos e gravatas de seda. Do outro lado gente comum.
Uma festa como a de Madonna, certamente teve a intenção de jogar um pano frio sobre a fervura do verão tardio carioca, e ao mesmo tempo levantar o moral da cidade, trazendo possíveis momentos de reflexão para além da festa ao resto do país. Para quem foi e pulou na areia, não, óbvio. A não ser que estivesse em um passeio socrático querendo saber quanto custou tudo aquilo. Ou como criar um ídolo?
Uma reflexão do tipo: Rio Grande do Sul merece atenção, por exemplo. 4 tragédias seguidas em 4 anos e nenhuma providência real. Isso pode, internauta?
Os festeiros de Copacabana, alheios, pelo menos têm para onde voltar após a pândega.