Modelo Alemão de Ciência
- agosto 22, 2022
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O fundador do modelo alemão de Educação Alexander Von Humboldt tinha uma visão bastante clara das escolas superiores : "não deveriam apenas ensinar, como também pesquisar."
O fundador do modelo alemão de Educação Alexander Von Humboldt tinha uma visão bastante clara das escolas superiores : "não deveriam apenas ensinar, como também pesquisar."
Na sequência dos modelos científicos adotados pelos países europeus, Ricardo Guedes nos traz agora um texto sobre o modelo alemão.
Belo Horizonte, 22/08/2022
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Como já visto nos textos iniciais desta sequência, a ciência experimental nasceu na Itália dos séculos XV e XVI com apoio da burguesia italiana, interessada na utilidade política da queda de dogmas. Na Inglaterra, a ciência se desenvolveu nos séculos XVI e XVII a partir das ideias Baconianas de progresso e da Reforma Protestante, na ação racional da busca de explicações da realidade, como valor na sociedade. Na França do século XVIII, o apoio à atividade científica resultou da expectativa tecnológica do Governo Francês com relação a seus resultados.
Na Alemanha do século XIX, o apoio à atividade científica não resultou da existência de um movimento social pela ciência ou por uma demanda tecnológica. Comprimidos pelas Guerras Napoleônicas e seu passado de pouca integração, na formação tardia da nação alemã ao longo do século XIX, a ciência desenvolveu-se no âmbito das Universidades, como atividade autônoma, na busca do conhecimento para a formação de um “espírito alemão”. Paradoxalmente, ao se desenvolver como atividade autônoma dentro do contexto universitário, a ciência pode se desenvolver com maior plenitude, gerando tecnologias a partir da ciência pura de forma genuína e diferenciada.
Em 1809 foi criada a Universidade de Berlim, através da qual o modelo científico alemão passou a se articular. Em 1817 foi criada a revista Isis para a divulgação de trabalhos filosóficos e científicos. Em 1822 foi criada a Associação de Cientistas e Doutores de Língua Alemã, a primeira associação da Europa no gênero. Deixada ao sabor dos intelectuais, a ciência na Alemanha apresentou desde cedo a tendência da busca do “Wissenschat”, do conhecimento intrínseco da natureza e dos fenômenos sociais, independentemente de suas aplicações imediatas.
Os triunfos da ciência natural fizeram com que a ciência empírica, a partir de 1825, se colocasse em uma posição cada vez mais central dentro do sistema de ensino profissional alemão.
A crescente especialização da atividade gerou o aparecimento dos Institutos dentro das Universidades a partir de 1860.
Esta nova organização do trabalho possibilitou, a partir de 1870, que a ciência aplicada se desenvolvesse, não como uma consequência de demanda fora do âmbito universitário, mas como um dos métodos de se adquirir conhecimento novo, válido e aplicável.
No início do século XX, foram criados dentro do meio industrial os institutos de ciência aplicada como os de Berlim, Leipzig, Giessen, Cottingen e Freiburg, permanecendo as Universidades como centros de ciência, filosofia e ensino profissional.
Da Alemanha provêm grandes filósofos, matemáticos, físicos e cientistas sociais, como Kant, Hegel, Freud, Simmel, Marx, Weber, Leibniz, Humbolt, Born, Heisenberg, dentre tantos, na síntese emblemática com Einstein com a Teoria da Relatividade Já os modelos de ciência nos Estados Unidos, na Rússia e no Japão tomaram caminhos diferentes.
Ricardo Guedes – Ph.D. pela Universidade de Chicago – CEO da Sensus