Orçamento da Educação
- junho 23, 2024
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Por falar em austeridade bilionários não pagam impostos, salários de militares e pensões, grandes empresas que dão calotes no IR, no INSS e enviam dinheiro para fora do
Por falar em austeridade bilionários não pagam impostos, salários de militares e pensões, grandes empresas que dão calotes no IR, no INSS e enviam dinheiro para fora do
André Cintra – Brasil de Fato
São Paulo, 23/06/2024
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O “teto de gastos” caiu no primeiro ano do governo Lula – e os orçamentos da Educação e da Saúde já podem ter novamente aumento real. Podem e precisam. Em 2023, a Saúde respondeu por 3,69% do orçamento efetivamente pago pela União. A Educação representou um pouco menos: 2,97%. Já com o pagamento de juros e amortizações da dívida pública, a União executou 43,23%.
Só que ao menos dois ministros do governo, Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), insistem em mirar nos ministérios sociais quando evocam a busca do “equilíbrio fiscal”. Partiu de um órgão vinculado à Fazenda – a Secretaria Tesouro Nacional – um estudo sobre o impacto da desvinculação das receitas dessas pastas.
Hoje, a Constituição prevê pisos orçamentários para a Educação [18% da RLI (receita líquida de impostos)] e para a Saúde [15% da RCL (receita corrente líquida)]. Conforme o relatório do Tesouro, a flexibilização desses mínimos constitucionais teria o potencial de liberar R$ 131 bilhões para outros gastos de custeio e investimentos de 2025 a 2033.
Em abril, quando a proposta de desvinculação começou a ganhar apoio no setor financeiro e na grande mídia, os ministros Camilo Santana, da Educação, e Nísia Trindade, da Saúde, foram a público para manifestar oposição à medida. “Minha posição clara é a importância de ter recuperado o orçamento da Saúde”, afirmou Nísia, na ocasião. “Sou a favor da manutenção da vinculação e vou conversar com meus colegas de ministério.”
Na mesma direção foram o Conselho Nacional de Saúde e a Frente pela Vida, que, na semana passada, lançaram nota conjunta em defesa de mais recursos para o SUS (Sistema Único de Saúde). “Sabidamente o SUS tem uma história de subfinanciamento, agravada pela perda de recursos nos governos que antecederam a este”, dizia a nota.
As entidades estimaram o impacto do “teto de gastos” para o setor: “A Emenda Constitucional 95/2016 fez o Ministério da Saúde perder mais de R$ 70 bilhões no período 2018-2022, dos quais R$ 46,2 bilhões somente em 2022, fragilizando o sistema de financiamento da saúde”. De resto, “aumentam as necessidades da população, e a contínua e necessária qualificação e expansão de serviços”.
A Educação segue igualmente subfinanciada, mesmo com o fim do teto de gastos. Não à toa, a Conferência Nacional de Educação estabeleceu, em janeiro, uma meta de elevar o orçamento do setor para 10% do PIB até 2034. Em média, o Brasil investe apenas US$ 3.583 por ano em cada estudantes da rede pública. Nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), a média é três vezes maior: US$ 10.949 por ano.
Deve-se comemorar o feito de que 40 milhões de brasileiros – entre crianças, adolescentes, jovens e adultos – estudam em escolas públicas. Mas, segundo a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) – que acaba de realizar seu 45º Congresso Nacional –, “quase 20% da juventude brasileira” não concluiu o ensino básico. “Dentro desse universo, são mais de 2 milhões de crianças e adolescentes fora das salas de aula. Essa fotografia não cabe dentro do álbum de um Brasil mais justo, democrático e igualitário”, aponta a Ubes.
Em meio a isso, Haddad não abre mão de defender o déficit zero em 2024, nem o Banco Central acena com uma redução mais acelerada da Selic, a taxa básica de juros. O sistema financeiro e os bilionários do país, sobre tudo os que especulam no mercado de ações e papéis, comemoram.
[Bancos praticam Usura. Veja o histórico das taxas cobradas desde o primeiro governo de FHC].
Volta e meia, surgem propostas mirabolantes para sacrificar o orçamento da Saúde e da Educação em nome de uma austeridade travestida como equilíbrio ou responsabilidade fiscal. Por essa lógica, temos de prioritariamente cuidar das contas antes de repensar as prioridades orçamentárias e governamentais.
“É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo”, reza a máxima atribuída a Delfim Neto, ex-superministro da Fazenda do regime militar. O rentismo não tinha força no período ditatorial – nem no País, nem no mundo. Mas, embora o bolo nunca tenha crescido tanto quanto no “milagre econômico”, as fatias não foram devidamente repartidas.
Veja aqui em números (trilhões) o valores do PIB – O “teto de gastos” aprovado no governo Michel Temer (MDB) – que era restrito às áreas sociais – foi saudado como uma audaciosa medida pró-austeridade. A proposta era congelar os orçamentos da Saúde e da Educação por 20 anos, limitando seu reajuste à reposição inflacionária. Lula prometeu derrubar o teto – e cumpriu. Desvincular as receitas sociais é uma forma velada e alternativa de ressuscitá-lo.
Umas perguntas inocentes: para onde vai o dinheiro dos cortes na Educação e na Saúde? Quais dívidas são maiores do que a Educação e a Saúde do povo brasileiro que é em suma, aquele que constrói a riqueza do país? Quem contraiu estas dívidas? Quem as paga de fato? E por que pagar?
Veja as famílias bilionárias do Brasil aqui
Divide R$15 mil por 12. É isso que vale um estudante por mês?
Divide corretamente por material, transporte, saúde, alimentação, atividades acadêmicas ou não de lazer e aprendizado… Acha suficiente? Sobra para uma viagem, para comprar alguma roupa decente para verão ou inverno, para comprar remédio, ou um par de tênis, um celular, ou um computador para estudar em casa, um ‘hambúrguer’ com um(a) namoradinha (0)? Um livro?
E tem quem insiste em educação financeira?!?!🥴