As Inteligências Artificiais (IA) e a produção intelectual e científica: último flanco da tríade memória-atenção-representação.

Redação

São Paulo, 18/12/2024
3 Minutos.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem ele. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens”. (João 1:1-4).

A enigmática menção do apóstolo cristão João pode ser lida na Bíblia (qual delas?). Ele fala em princípio. Contudo, qual princípio? No início de tudo? Tudo o que? Do planeta, da humanidade, da formação do ser humano, da sua criação em algum laboratório, da evolução com o passar dos tempos? Porém, duas correntes se evidenciam a partir de uma dicotomia ideológica: o Criacionismo que dá sustentação, e portanto identidade às diversas corretes religiosas do Ocidente, enquanto afasta-se do discurso científico acadêmico. E, de outo lado, o Evolucionismo, balizador das ocupações científicas que deram crédito ao biólogo e pesquisador Charles Darwin, como vemos em seu livro A Origem das Espécies.

Quem tem Medo da IA?

Entretanto, ambas formas de traduzir o pensamento humano também criaram uma relação que, em tese, seria biunívoca. Ou seja, está presente em quantidade e qualidade num mesmo complexo mental, representando-se mutuamente. Não é o caso. Há uma briga humana de interesses e cada um puxa a corda para o seu lado, mesmo sabendo que ela não se romperá com facilidade. A não ser que se Prometeu ressurja e crie um terceiro polo. Uma interferência capaz de separar definitivamente (se já não estiver) as duas modalidades e as deixar em luta eterna, cada qual em seu campo-zona de conforto. Talvez a IA se preste a este servicinho ordinário.

Há 8 tipos de inteligência, segundo o psicólogo norte-americano Howard Gardner.

Penso que a IA pode detonar a lógica, esta que subjaz ao raciocínio apologético cartesiano, ‘derivada’ da aristotélica. Outro pensador Carl Sagan em um de seus magníficos livros fala de três estruturas do cérebro humano que são básicas. Ele as chama, junto com outros bioanatomistas pesquisadores de complexos: reptiliano, córtex e os 2 hemisférios. No reptiliano estão concentradas as nossas capacidades e habilidades de reação ao mundo externo ligadas diretamente aos reflexos, às reações aos estímulos sensoriais, físicos. Medo, raiva, agressividades, a força da sobrevivência agindo acima de tudo, ligando conexões com glândulas e enzimas, alterando nosso estado de consciência…

Quem tem medo da IA?

Já o córtex é o complexo sensorial cognitivo da lógica, do ordenação do racional – matemático, evoluído como querem ser os processadores quânticos que imitariam humanos com a quase perfeição (brincando nos laboratórios do Senhor). Este tem um pequeno departamento – o neo-cortex aqui na falta de dados mais elaborados. Entender o mundo e localizar o que, de fato, interessa para sobreviver.

“Somos primos dos dragões e das corujas..!”

Os hemisférios são os mais conhecidos, um esquerdo e um direito e cada qual com suas funções determinadas em regiões precípuas. Linguagem, emoções, pensamentos abstratos, raciocínio espaço-temporal, sentimentos, como resultado das interações com a parte lógica do cérebro. Aquilo que cria a mente (já que a interligação, a interseccionalidade e a interação entre as partes é complexa e fenomenológica, ou fenomenal. O humano é fruto de seu meio – complemento. Portanto, interno e externo se complementam.)

No caso da IA, precisaremos avançar muito, mas muito até chegar a imitar um humano. Entretanto, a considerar o Nexus 6 (a arte antecipa a Ciência – tecnologia – o teste Voight-Kampff determinava as reações a partir do complexo reptiliano), e pensando em Nietsch com seu super humano, é bom ficar com as barbas de molho. Daqui há uns 100 anos, este pesadelo, que poder ser um sonho, será sim, bem plausível.

Apoio:
2 Links sobre o tema 1): Intenso processo de erosão da inteligência humana avança a passos largos….
e aqui 2): com Miguel Nicolelis.