Trump Pode Fracassar nos Objetivos Políticos
- junho 14, 2025
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Ao tomar medidas antipopulares e desrespeitar limites do poder, o presidente eleito Trump dos EUA abusa da Democracia que o elegeu.
Ao tomar medidas antipopulares e desrespeitar limites do poder, o presidente eleito Trump dos EUA abusa da Democracia que o elegeu.
O capitalismo pode ser democrático ou antidemocrático.
Ricardo Guedes
Belo Horizonte, MG – 14/06/2025
3.6 Minutos.
Quando democrático, o capitalismo pode ser liberal, de mercado, como nos Estados Unidos, ou socialdemocrata, no pacto entre as classes, como nos países Escandinavos. Quando antidemocrático, o capitalismo pode ser ou na forma de ditadura, como ocorrido em países da América Latina nos anos 60. Ou na forma do fascismo, na cumplicidade do líder e do liderado, na atribuição aos “inimigos” a “culpa” de sua situação; no caso Americano, os “imigrantes”.
Trump está hoje entre o fascismo emergente nos Estados Unidos, e a tentativa de ser um ditador, independentemente da vontade do povo.
Os Estados Unidos apresentam um problema significativo, por serem as suas Leis consuetudinárias. Na Constituição, com os seus princípios, nem tudo está escrito. Assim, por exemplo, um prisioneiro condenado pode vir a ser candidato à Presidência da República, uma vez que não há proibição normatizada.
Trump foi eleito nos Estados Unidos por 49,9% e Kamala Harris recebeu 48,5% do voto popular. Uma diferença tênue; na Califórnia, Kamala Harris venceu Trump de 58,5% a 38,3%. Nos Estados Unidos, a popularidade de Trump está hoje em 45%, muito baixa para pouco mais de 100 dias de governo. Enquanto a do Governador da Califórnia, Gavin Newsom, no meio do mandato está em 52% para o limite crítico de 50% em eleições no país.
Roy Cohn, que trabalhou com McCarthy, e que exerceu o papel de conselheiro de Trump no início de sua carreira, passou à Trump a ideia da fluidez das leis. Adicionando as máximas de seus três princípios: 1º: atacar sempre o adversário; 2º– nunca admitir o erro; 3º– comemorar qualquer revés como vitória. E assim Trump age.
Trump enviou a Guarda Nacional e Marines à Califórnia. As cenas presenciadas em Los Angeles são dignas de uma “República de Bananas”, na expressão depreciativa então cunhada por O. Henry, aos países abaixo do Rio Grande* [N.E.: ou Rio Bravo* – na fronteira com o México].
A Lei da Insurreição, de 1807, usada pelo Norte contra o Sul na Guerra da Secessão, prevê o uso de forças federais nos Estados em caso de “rebelião”. À época considerado como “atentado violento para mudar o governo constituído”, não configura o atual momento na Califórnia, a não ser no exagero da interpretação semântica.
Segundo Karen Bass, Prefeita de Los Angeles, Trump usa a cidade como um “experimento” para testar os limites de seu poder. Os protestos já se estendem por mais de 35 cidades do país. Enquanto o movimento “No Kings” neste sábado(14/06/25), devido à parada militar em Washington, se estende por mais de 2.000 manifestações.
Mas o ponto de equilíbrio do fascismo nos Estados Unidos é tênue. Adicione-se os erros de Trump na política tarifária, que irá gerar inflação e não resultará em crescimento para o país. O Instituto YouGov em pesquisa em 10 de junho mostra que somente 34% dos Americanos aprovaram o envio de tropas por Trump a Los Angeles. A popularidade de Trump deverá cair, e a de Gavin Newsom subir, com o declínio da força política de Trump.
Com isso, Gavin Newsom torna-se forte candidato pelo Partido Democrata para Presidente dos Estados Unidos em 2028.
Ricardo Guedes – Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago
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