Uma Grande HQ Literária
- abril 14, 2023
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Apoie a criação deste HQ baseado na criação literária O Olho de Aldebaran. Crowfunding no Catarse.
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São Paulo, 14/04/2023
3,6 Minutos.
Quando Eu escrevi o romance O Olho de Aldebaran, em 1995, estava trabalhando em uma SoftHardware house – escrevia a documentação – o manual – de um programa feito em Cobol, visitava clientes e os ajudava na instalação. Era uma atividade que eu considerava complicada. Tinha acabado de tomar contato com as tecnologias (386, 486), mas meu irmão já estava terminando um curso de programação básica e fazia umas artes no equipamento dele. Eu achava estranho o ruído dos modens de 14 ou 28 kbps, mas o futuro estava batendo…
Trabalhávamos em um programa de administração ousado e avançado para a época: controlar todo o fluxo administrativo, comercial e contábil de uma empresa. Éramos em três e funcionávamos em um anexo do Press Bar, um restaurante bem legal de um dos sócios (Tomas Simacek). O nome do bar fui quem dei, para ver se atraia a categoria mais ‘botequeira’ da época: jornalistas. Errei feio! Ainda assim, “lotei” o bar duas vezes.
Do tempo em que fiquei por lá, todas as noites após o expediente, pude notar que havia uma freguesia regular – sempre os mesmos caras e as mesmas meninas, tomando cerveja e falando abobrinhas. Aí em lembrava de Itamar Assumpção: cansei de ouvir abobrinhas. Mas, tinha umas pessoas legais, claro. E momentos idem. Não dá para ser 100% ruim o tempo todo.
Depois de um ano fui trabalhar no antigo DMR do HC da USP. Um contrato temporário, como assessor de imprensa. O job foi fruto de uma iniciativa com mais 2 colegas jornalistas. Projetamos, textos, imagens, demos uma banho estético, correções, edições e vamos à luta! Foram vários clientes atendidos. Depois Roberto Iizuka Sam, um cara que admiro muito, decidiu terminar e fomos cada um para o seu lado. Eu creio que entendi as suas razões.
Na clínica do Departamento de Medicina de Reabilitação eu respondia diretamente à profª Drª Linamara R. Battistella. Mulher forte, sagaz, bonita, uma grande capacidade de organização e planejamento. Ela sabia o que queria e como conduzir. Graças a isso deu-me, creio, liberdade para visitar e conhecer todos os cantos do departamento, conhecer todas as pessoas, especialistas médicos, enfermeira(o)s e seus auxiliares.
Conversei e conheci os técnicos dos equipamentos super avançados da fisiatria, fisioterapia, cardiologia, gastro e nutrição, psicologia, serviço social… Enfim, serviço público complexo, bem estruturado e atualizado com tecnologia e espaço para Educação Física reparatória.
E eu percorria todos os locais que podia. E devia, afinal minha função era colher, organizar e traduzir de forma organizada para a imprensa, todas as informações do necessário para jogar luzes sobre aquela prestação de serviços. Eis o que faço.
O número das pessoas acometidas pelos males ali tratados era enorme – estimava-me em mais de 10% dos habitantes do estado, e vinha gente do país e de fora dele. Referencial, o laboratório de marcha, estimulação de potencial evocado e as máquinas interligadas tinham alcance internacional. É a Atual Rede Lucy Montoro.
Atletas famosos contribuíram para a sua aquisição, através de doações, e claro, os usavam como medida terapêutica na localização dos traumas e tratamentos indicados. Famosos do mundo esportivo de competição, automobilismo, tênis, times inteiros de futebol, de vôlei e basquete das ligas profissionais e amadoras passavam por lá. Outros atores da cena cultural também se utilizavam dos serviços médicos. Um desfile de personalidades.
Uma ação bem organizada era o time de basquetebol sobre cadeiras de rodas, patrocinado pela Nestlé. Acompanhei vários treinamentos, tratamentos e uma viagem ao campeonato nacional da modalidade, hoje esporte paraolímpico bem conceituado. Equipe completa fomos para a capital do Mato Grosso.
Lá, em um restaurante, comi Pequi pela primeira e última vez. A boca cheia de espinhos me traumatizou e me inutilizou por um dia inteiro. As enfermeiras do time me salvaram de uma derrota maior. Porém, cumpri meu papel: torci, entrevistei, fotografei, escrevi as matérias e disparei para todos os lados possíveis sobre tudo o que correu naqueles 4 dias de jogos. Fomos campeões! Dias memoráveis com pequi!
Entretanto, tudo isso é para dizer que esse emaranhado de situações fermentaram em minha mente e dali nasceu a ideia de escrever o livro. Em 1996 a massa crítica de informações ganhou formas, estava pronta e precisava ser depositada nalgum lugar, e confesso: pensei em um pedestal. A pergunta é: o que um jornalista sabe fazer? Escrever. Básico. Eu sei, tive de me convencer. Tanto que escrevi 6, coordenei com uma amiga o sétimo, e tenho mais outros dois para completar. Escrevi e lancei. Apesar dos números o país não é afeito à leitura. Nada de pedestal.
Relancei em2014 e o livro esteve na 2016, na 24ª Bienal Internacional do Livro. Contudo, bem antes, após a primeira edição (sempre bancados por mim – a vida de escritor no Brasil não é fácil!) contatei artistas gráficos, fiz artes e desenhos, compus algumas músicas (leit motifs), tive ajuda de compositores e arranjadores (meus irmãos), enfim, penso que fiz o que estava ao meu alcance. Porém, devo lembrar, a Lei Rouanet foi-me de muito pouca, de fato, nenhuma serventia.
Como em tudo no país há uma cadeia de sequências e envolvimentos limítrofes que funciona como o funil perverso dos escolhidos. Só entendi agora a parábola do rico no buraco da agulha, o avesso dela é real. Não que os critérios sejam qualidade ou outro valor estético real. É mais uma condição financeira aliada a muita sorte. Mas, quanto mais recursos você tem mais a sorte te favorece. Óbvio. Mas, eu plantei e aqui está, mais uma vez.
O projeto é transformar o livro e sua história em uma bela HQ. Colorida, com desenho de primeira. Achar uma artista gráfico, desenhista de quadrinhos e arte-finalista, passar o roteiro e, editar e publicar. Então partir para a ação. Lançar a revista com acabamento de ótima qualidade gráfica. Disseminar, divulgar, doar exemplares para as bibliotecas públicas municipais, para as escolas de segundo grau do município de São Paulo, e espero para secretarias de Educação e Cultura de outras cidades. Participar de eventos, aulas, rodas de imprensa etc… Para isso coloquei a ideia no site do crowfunding.
Espero que dê frutos, que você possa gostar da ideia, colaborar, apoiar, e ter em suas mãos, brevemente (alguns meses) a revista e quem sabe uma camiseta com uma arte de referência ao livro. Estou confiante!
Volmer Silva do Rêgo
Publisher – proprietário da Revista AEscolaLegal