Vírus e Bactérias não esquecem
- julho 6, 2023
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Não se pode pensar em Saúde e considerar toda a sociedade se uma de suas bases estiver deformada e carente. Saúde é coletiva ou é só negócio.
Não se pode pensar em Saúde e considerar toda a sociedade se uma de suas bases estiver deformada e carente. Saúde é coletiva ou é só negócio.
Redação
São Paulo, 05/07/2023
2,5 Minutos.
Aumento dos casos trazidos pela pandemia agravou cenário que já sofria com a falta de informação e de políticas públicas para manter essas doenças sob controle.
Um estudo realizado pela Universidade Federal de Uberlândia, em parceria com a Universidade de Córdoba, revelou que durante a pandemia de covid-19, doenças como malária, leishmaniose e dengue tiveram um aumento na mortalidade, mas uma queda nas internações no Brasil. Em tese, isso se explica pelo medo das pessoas de buscar assistência médica durante esse período. O resultado foi que as doenças consideradas “esquecidas” foram, na verdade, negligenciadas.
Leishmaniose, tuberculose, doença de Chagas, malária, esquistossomose, hepatites, filariose linfática, dengue e hanseníase são doenças infecciosas, transmitidas entre pessoas ou no contato com animais portadores, e afetam principalmente a população mais pobre e com acesso limitado aos serviços de saúde. Embora sejam evitáveis e tratáveis, essas doenças ainda trazem consequências sociais, econômicas e para a saúde, tanto das pessoas afetadas quanto da sociedade, comprometendo a capacidade das comunidades de se desenvolverem e prosperarem.
Pesquisas e conscientização
Em janeiro de 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório que estabeleceu metas, alinhadas com os Objetivos do Milênio para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Lá foram propostas as ações integradas até 2030 para combater essas doenças “esquecidas”. Desta forma, para os profissionais clínicos dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, esse movimento aponta urgência no investimento em pesquisa para o desenvolvimento de medidas de prevenção e tratamento e, principalmente, informação.
De acordo com especialistas, o pouco conhecimento sobre essas enfermidades dificulta a mobilização de recursos para a implementação de ações efetivas. “Acreditamos que é responsabilidade do poder público desenvolver estratégias de conscientização e divulgar informações precisas por meio da mídia para atingir o maior número possível de pessoas com informações de qualidade”, reitera Larissa Herman Nunes, médica do corpo clínico destes hospitais.
Além disso, ela defende a necessidade de fortalecer o sistema de saúde, capacitar profissionais e melhorar a infraestrutura de atendimento, especialmente nas áreas mais afetadas. Por isso, o papel dos profissionais de saúde em lembrar a população da existência dessas doenças é fundamental. “A orientação deve ir além do tratamento médico, incluindo alertas constantes sobre cuidados com saneamento básico e meio ambiente. São medidas que podem ser tomadas para evitar a contaminação ou minimizar os danos causados por essas doenças”, complementa.
[N.E.: O plano de Saneamento Básico do país continua parado no Congresso nacional, em meio a uma luta política e empresarial. De um lado os que querem realiza-lo pensando em dinheiro (centrão – acesse) versus os governistas que apoiam o governo atual e suas ações de cunho social. Privatizar ou não? A luta aberta dispõe sobre as regras e as responsabilidades dos que têm o poder de realizar as obras, garantir sua eficácia e fiscalização. Deixar na mão da iniciativa privada pode ser temeroso. O Estado nacional não deve correr este risco, mas não se pode mais ficar esperando.]