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Juros Altos e Desastres

Onde a dívida e as crises colidem, o desastre está próximo.  Pagamentos de dívidas ou serviços sociais: alguns países têm que escolher.

Irwin Loy

Genebra – Suíça, 07/07/2023

1,9 Minutos.

É bem difícil resistir a um desastre quando um governo gasta mais no pagamento de dívidas do que em serviços sociais. Os números da ONU divulgados na semana passada adicionam mais detalhes aos contornos de uma crise de dívida global que está atraindo
cada vez mais a atenção dos humanitários. Enquanto isso, o aumento da dívida é uma das muitas questões na agenda enquanto os ministros das Finanças do Grupo dos 20 (G20) se reúnem esta semana na Índia.

Os governos de 25 países gastaram pelo menos um quinto (1/5) de sua receita no serviço da dívida externa, de acordo com um briefing de
julho publicado pelo Programa de Desenvolvimento da ONU. Os países de baixa renda gastam mais de duas vezes mais em pagamentos de juros do que em assistência social e mais de 1,4 vezes mais do que em assistência médica.

Cerca de 46 países de todo o espectro de renda estão gastando pelo menos 10% de sua receita em pagamentos de juros. Eles incluem
Bangladesh, Colômbia, Egito, Quênia, México, Nigéria e Iêmen. E o Brasil?

Há uma clara sobreposição com crises humanitárias e riscos futuros: metade são países com respostas humanitárias ativas (incluindo
planos regionais para refugiados e migrantes). Mais de um terço são considerados de alto ou muito alto risco de emergências que
podem sobrecarregar os recursos de resposta, com base no Inform Risk Index – uma das várias medidas que o sistema humanitário usa
para avaliar a probabilidade de um país precisar de assistência.

Juros Altos e Desastres
Uma regra que salva, mas que precisa ser melhor explicada à toda a sociedade. (Img. Web)
Juros Altos e Desastres.  Relações perigosas

Países como o Brasil que gastam mais de 10% de sua receita em pagamentos de juros estão em risco alto ou muito alto de emergências que podem sobrecarregar os recursos nacionais de resposta.

O crescente peso da dívida é um dos muitos fatores que estão levando a emergências humanitárias mais longas, eliminando a capacidade
das comunidades de enfrentar crises sem recorrer à ajuda externa. O dinheiro gasto em dívidas é dinheiro que não vai para os
programas – como redes de segurança social do governo – ou infraestrutura que podem ajudar a evitar que uma emergência se transforme em uma crise.

As crescentes cargas de dívida dos países foram alimentadas por uma mistura de pesados empréstimos pandêmicos, altas taxas de juros
em meio à turbulência econômica global e as consequências de desastres tornados mais voláteis pelas mudanças climáticas.

A crise da dívida global também é produto de um sistema financeiro que historicamente favoreceu nações ricas e continua a punir
outras. Os países em desenvolvimento pagam taxas de juros muito mais altas e enfrentam condições mais duras em suas dívidas, de
acordo com um relatório separado da ONU sobre a dívida divulgado na semana passada.

Gastos com a dívida consumiram 46,3% do orçamento federal em ...

                 As altas taxas de Juros não se justificam enquanto o desemprego e serviços sociais essenciais e básicos não se realizam.

O Brasil é líder no Sul Global.  Outros líderes, incluindo a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, são as vozes mais altas que pedem a reforma do sistema financeiro global para adequá-lo às necessidades dos países vulneráveis ao clima.

Durante as inundações históricas do ano passado no Paquistão, o país contraiu mais dívidas novas do que recebeu em ajuda humanitária, de acordo com uma análise. Os números da ONU mostram que os pagamentos líquidos de juros do Paquistão somaram quase 40% da receita do governo.

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Redação

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