3 Possíveis Compostos antiCovid19
- outubro 28, 2022
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A alta da inflação nos últimos 4 anos atrapalhou muito o consumo de alimentos frescos, importantes na manutenção do equilíbrio da saúde. Principalmente, para o cidadão de baixa
A alta da inflação nos últimos 4 anos atrapalhou muito o consumo de alimentos frescos, importantes na manutenção do equilíbrio da saúde. Principalmente, para o cidadão de baixa
São Paulo, 28/10/2022
2 Minutos.
O laboratório Unit for Drug Discovery do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), em parceria com pesquisadores da Universidade de Hamburgo e do Deutsches Elektronen-Synchrotron (DESY), ambos da Alemanha, identificaram três possíveis compostos para o tratamento da COVID-19.
Ou seja, são compostos naturais selecionados em uma triagem com 500 fármacos, que se mostraram promissores em inibir a proteína PLpro – uma das enzimas responsáveis pela proliferação do SARS-CoV-2. Todos os três compostos, 4-(2-hidroxietil)fenol (YRL), 4-hidroxibenzaldeído (HBA) e metil 3,4-dihidroxibenzoato (HE9) são derivados do fenol e classificados como polifenóis¹, uma classe de compostos bioativos presentes em plantas.
De acordo0 com a matéria publicada na revista Communications Biology, a pesquisa mostrou que os compostos inibem entre 50% e 70% a ação dessa enzima. Os testes foram feitos em células Vero (linhagem oriunda de rim de macaco) e comparados com um grupo de células que não recebeu os compostos. A linhagem Vero possui similaridades com a célula humana e é muito usada como modelo experimental nesse tipo de estudo.
“Assim, ao inserirmos os compostos nas células infectadas, constatamos que eles impediram a replicação do coronavírus ao atingir a PLpro, que tem a capacidade de inativar as células do sistema imunológico, podendo levar a casos graves da doença. Como um percentual considerável dos vírus não conseguiu se replicar, as partículas virais infecciosas foram eliminadas”, explica Edmarcia Elisa de Souza, pós-doutoranda do ICB-USP
“Desta forma, vale ressaltar que os compostos não apresentaram toxicidade. Ou seja, não houve dano à integridade das células, principalmente nas concentrações baixas em que os compostos apresentaram atividade antiviral”, complementa.
Portanto, a descoberta desse alvo terapêutico é muito relevante, porque trata-se de uma alternativa ao que vem sendo feito na ciência. “Na literatura existe pouca coisa sobre a PLpro, então todo novo conhecimento sobre ela é importante.
Então, saber que é possível inibir a replicação do SARS-CoV-2 por meio dessa proteína é uma grande descoberta, pois a maioria dos estudos para tratamentos da COVID-19 tem como alvo as proteínas Spike e 3CL (noutro estudo). Conseguimos mostrar que existem mais opções, caso esses estudos não avancem”, reforça Souza, que tem bolsa de pós-doutorado da FAPESP.
O próximo passo é fazer testes em modelos animais para avaliar melhor a eficácia dos três compostos. Caso sejam bem-sucedidos, será possível avançar para os testes clínicos. “Os compostos foram isolados da natureza, não há nenhum registro sobre a utilização deles a não ser em pesquisas primárias e a eficácia verificada abre a possibilidade para novas terapias”, afirma.
O líder das pesquisas no Brasil é o professor Carsten Wrenger, que recebe apoio da FAPESP para o projeto Dissecação estrutural de nanopartículas assistidas e entrega de medicamentos nas doenças infecciosas humanas.
No total, foram avaliados seis compostos selecionados pela equipe de pesquisadores da Alemanha. “Nossos colaboradores observaram o grau de interação entre os compostos e a PLpro. Isso foi feito por meio de cristalografia de raios X, um método inovador e ainda pouco difundido”, informa Souza.
A cristalografia permite fundir o composto à proteína e observar se pequenos cristais foram produzidos nessa união. Cristais esses que não poderiam ser vistos à luz dos microscópios tradicionais. “Analisando os cristais, conseguimos produzir modelos tridimensionais das estruturas para identificar se elas se ligam e onde isso acontece. Quanto mais pontos de ligação entre elas, maior a afinidade”, explica o professor Christian Betzel, líder do estudo na Universidade de Hamburgo (Alemanha) e professor visitante do ICB-USP.
A eficácia dos três compostos contra o SARS-CoV-2 foi posteriormente analisada em células Vero infectadas no BSL3 Cell Culture Facility for Vector and Animal Research, do Departamento de Parasitologia do ICB-USP. Trata-se de um laboratório de nível 3 de biossegurança (NB3), que confere proteção aos pesquisadores que trabalham com o cultivo de microrganismos patogênicos.
O artigo pode ser lido aqui.
Assessoria de Comunicação do ICB-USP.
Esta tabela inclui os tipos mais comuns de polifenóis e em que alimentos estão presentes:
Tipos de polifenóis | |
Flavonoides | Alimentos ricos e plantas |
Flavonóis | Açafrão, orégano seco, cebola roxa crua, espinafre |
Flavonas | Folhas frescas de aipo, hortelã seca, verbena, orégano seco |
Isoflavonas de soja | Farinha de soja, tempe, leite de soja, iogurte de soja |
Flavanonas | Hortelã seca, orégano seco, suco de laranja, alecrim fresco, toranja |
Antocianinas | Amoras, mirtilos, sabugueiro, salsaparrilha preta |
Flavanóis | Cacau em pó, chocolate amargo, chá preto, chá verde, edamame, morangos, pêssego, maçã |
Ácidos fenólicos | Alimentos ricos e plantas |
Ácido benzoico (gálico e elágico) | Framboesas, mirtilos, romã e nozes |
Ácido cinâmico (cumárico, cafeico, ferúlico e sinapínico) | Café, maçã, pera, alcachofra, frutos vermelhos, vinho, amendoim, cenoura, tomate, canela e alho |
Curcumina | Cúrcuma |
Lignanos | Linhaça, sementes de gergelim e abóbora, feijão, soja, brócolis |
Estilbeno (resveratrol) | Vinho tinto, suco de uva natural e cacau em pó |
Amidas polifenólicas (capsaicinoides e avenantramidas) | Pimenta e aveia |
Gingerol e Shogaol | Gengibre |
Outros alimentos: | feijão preto e branco, limão, avelã, amêndoa, azeite, azeitona, aspargos, alface roxa, ameixa, grãos inteiros, centeio, tomilho, entre outros. |
É importante incluir estes alimentos numa dieta variada e balanceada para obter todos seus benefícios.
(Fonte: https://www.tuasaude.com/polifenois/)