A Ciência é o que é?
Você sabe como funciona um estudo científico?
São Paulo, 23/03 de 2021.
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Vamos lá: imagine que você precise transportar 5000 litros de água numa casa que fica no alto de uma montanha. Você então começa a levantar as perguntas: será que não tem água lá e ninguém encontrou? E se furarmos um poço artesiano? É mais caro? É um problema pontual ou uma escassez de longo prazo? Será que um cano rompeu? Quantas pessoas moram na casa? Aliás, há gente morando lá? Será que pode ser água de reuso ou tem que ser potável? Eu posso levar 50 litros em 100 dias, 1000 litros em 5 dias, 500 litros em dez dias…? Tem que ser em galões, garrafas, barris…?
As perguntas acima seguem um rigor científico, conhecido como dialética:
*Hipótese (será?)
*Tese (propostas)
*Antítese (problemas das propostas)
*Análise (o sopesar entre as propostas e os problemas)
*Síntese ( a conclusão que se chegou)
Isso sem contar os testes (experimentos) pra ver a qualidade da água, do recipiente, da logística, do armazenamento, do clima…Cientistas não são os chatos do rolê, não querem que as coisas deem errado só para mostrarem que estão certos. Eles estudam o mundo há décadas, séculos, milênios!!
Então, não há uma briga entre senso comum versus ciência, aliás, muito do que se conhece como ciência hoje em dia já foi senso comum, e vice-versa. Você já tomou muita água com açúcar para se acalmar, não foi?
A questão é quando nos armamos de dogmas, ou seja, verdades fincadas e que ninguém pode mexer. A ciência não trabalha no absoluto, por isso ela é esse terreno instável de reticências.
Em quem acreditar?
Você pode dizer: ah, mas cada hora cada um fala uma coisa! É exatamente assim!! Milhares de pessoas estão se debruçando sobre os problemas do mundo, nas ciências exatas, humanas e biológicas, e ninguém tem o cetro da verdade.
Mas…mas…precisamos ouvir quem segue o rigor científico. Como diz Carl Sagan: “a ciência não é o que eu quero, ela é o que é.”
Assim, desarme-se desse ódio à Ciência, se desvencilhe dessas certezas herdadas ou adquiridas, e pare um pouco para analisar: será que essas pessoas que dedicam suas vidas a um único assunto, são amadoras? Estão equivocadas?
É tempo (já passou, na verdade), de olharmos as coisas com mais criticidade, sem abrir mão da fé, da esperança. Não são antagônicos, se complementam, se dosados.
Senão, a casa na montanha vai ficar sem água. Se conseguirmos 5 mil pessoas, cada uma levará 1litro e não pesa pra ninguém.
Marcio Ruzon – Ativista de Direitos Humanos
