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A Economia dos Excluídos

Quais são as suas preocupações ordinárias? Ou seja, o que pega mais no seu dia a dia? Custo de vida, carestia, aluguel, viagem pra Disney?

Redação

São Paulo, 12/06/2024
3,5 Minutos.

Um balanço rápido, não científico, mas de percepção empírica, daquelas que se experimenta em diversos locais, por onde as pessoas comuns frequentam e transitam durante seus dias de atividades, deixa-nos uma inexplicável impressão de que há mesmo mundos paralelos. Ou que algo está muito errado!

Ao sair de casa para o trabalho, ir até o ponto de ônibus ou até a estação de metrô mais próxima o cidadão e a cidadã comuns, percebem que o que ontem era 1 hoje já são dois. Nota-se uma evolução rápida e permanente dos valores de objetos tangíveis e intangíveis. Mas, ora bolas caro leitor, o que vem a ser estes objetos? Vamos ao dicionário e considerações amiúde.

Tangível: real, corpóreo, palpável, sensível, tateável, tátil, tocável. Ou seja, o que está ao alcance de sua mão, que pode ser visto, usado, levado a boca. E aqui, em síntese, estou me referindo aos alimentos. Não ao que pode ser comido, mas àquilo que, de fato, alimenta o corpo. O básico em um café da manhã, por exemplo: uma fruta, um pãozinho, um copo de leite com café, um pedaço de queijo, um ovo, às vezes um pedaço de bolo ou um iogurte… Ou seja, destas coisas da azáfama diária das pessoas normais, em condições normais de temperatura e pressão.

Faço questão de diferir comida (o que se come) de alimento – o que alimenta. Sim, porque numa ida básica a um supermercado, você encontra diversas ofertas de produtos com doses excessivas de açúcar, sal, colorizantes, flavorizantes, conservantes, e outras partículas que entrarão em seu organismo, não antes de criar uma confusão em seu cérebro, em pleno esforço para poder diferir o que é bom ou não para a sua saúde, e por fim, aquele algo estranho nos intestinos que segue para o sangue.

Inventores de nada e ilusões

Cria da sociedade de consumo, o lixo industrial bem embalado, colorido e de preço atraente (em comparação a outros produtos mais “sérios”) lota as prateleiras e são colocados em locais específicos nas gôndolas dos mercados com o propósito básico de te atrair, com preço lá embaixo. Fazem parte das estratégias de marketing dos funcionários do capital. Ultraprocessado, aquilo está lá para vender, mas quem os compra geralmente tem pouco ou nenhum dinheiro. Normalmente ignorantes do mal que causam, mas necessitados e muitas vezes famintos… Embora, saiba-se, há os que custam caro.

Flor de plástico até atrai abelhas, mas não serve

Lembrei de um poema de Manuel Bandeira (neste link). Após esta pequena digressão (cabe digestão?) de cunho crítico analítico, voltamos à tangibilidade, ou aquilo que se pode tocar e trazer a boca. Vi que uma batata no Rio Grande do Sul (o exemplo mais próximo) teve um aumento de 20,1% após as trágicas chuvas de maio e seus efeitos. Isso, provocou aumento na inflação e no custo da cesta básica em todo o país.

E aqui nos deparamos com o sistema da composição humana de preços e valores que (des)regula sua relação espúria com a natureza. O Sol aquece a água, que evapora, sobe para a atmosfera na forma gasosa, junta-se pela ação dos ventos que também as resfriam, formando belos cúmulos que voltam a se precipitar e cair no chão.

A Economia dos Excluídos
Moedas digitais, sem lastro. O que valem mesmo? (Img. Web)

Aprendemos isso na escola primária. Se você cobrir o solo com uma manta plástica, borracha, cimento ou asfalto, você o impermeabiliza. Toda água destas chuvas não é absorvida pelo terreno e escorre. Ela tende a escorrer em função da inclinação do solo, para onde for mais baixo – ângulos, retas, movimento, medidas e outras considerações que aprendemos no ensino fundamental.

No que a Educação falhou?

Nos anos iniciais do ensino médio aprendemos que oceanos, rios, vales, montanhas, florestas, e outros “acidentes” naturais são ricos de vida, e que estão em um ciclo natural de conservação, evolução e impermanência (por conta de outros processos, como erosão, lixiviação, desmoronamentos etc). Nem na natureza eles são para sempre.

Instabilidade também natural. Vulcões, terremotos, maremotos (tsunamis), tempestades, ciclones ocorrem frequentemente em diversas regiões, e, às vezes, ao mesmo tempo por todo o planeta. Deixando a humanidade de lado, causam interferências profundas no meio ambiente e moldam a geografia das regiões onde acontecem.

Então, são intangíveis do ponto de vista humano, não as controlamos, mas estamos sujeitos e submetidos às suas consequências, assim como todos os outros seres vivos e animados do planeta. A não ser que seja a explosão de um artefato nuclear, aí é outra história para outro artigo.

Entretanto, o ser humano toca a terra, nela cava buracos, corta árvores, bota fogo em florestas, caça, mata e prende animais, pesca, joga lixo nos rios, fumaça no ar, plástico nos mares. Enfim, revoluciona a ordem natural do planeta, da superfície do planeta, onde vive, melhor dito, ainda que cave buracos e atinja camadas mais profundas da sua “pele“, seus mantos superior e inferior., sempre atrás de fontes energéticas.

Só é rico quem tem. Por que?

Entretanto, ele também pinta, canta, escreve poemas, literatura, desenvolve teses acadêmicas, pensa, sonha, constrói e produz. E destrói. E usa dinheiro, cartão de crédito, tem conta em banco, poupança, investimentos, letras do tesouro, bitcoins. Do real ao virtual o complexo mental que gera objetos e situações tangíveis ou intangíveis é, via de regra, aquele mesmo que separa as classes sociais.

Responda rápido: quantos Bitcoins, Ethers, Polygons ou outra criptomoeda você possui hoje em sua carteira de investimentos? Nenhuma? Por que? Daquelas que os bancos e outras grandes empresas apoiam e lastreiam e estão superprotegidas por senhas criptografadas com chaves de 256 bits. Conhece? Usa? Sim? Portanto, você é daqueles do lado de lá. Lado dos ricos, ou dos que podem ser, dos que podem se tornar, dos que tendem a… Isso se estudar, se envolver e investir bastante tempo e dinheiro no assunto, e na sua intangibilidade.

Entendeu o nó górdio da questão? Quem ou o que determina o valor das criptomoedas? Elas vão substituir as moedas tradicionais: dólar, euro, real, yuan, pesos? Se sim, as relações econômicas estarão todas erradas e propensas ao caos econômico mundial, de roldão iremos com elas.

Desta forma, só que tem dinheiro tangível, ainda que seu valor seja dependente de lastros e papéis, letras, contratos, créditos, variações de bolsas e mercados, daquele tipo que pode ser transformado em pedra, metal, batata, é que pode se considerar rico. Justamente porque só com as batatas é se podem adquirir bitcoins, ethers e outras criptomoedas. Elas todas, as moedas, por si só, nada valem, não têm lastro.

Mas, quem as tem é rico! Quantos ricos existem no Brasil, e no mundo? E eles comem o que plantam, criam? O que produzem de fato? Que tal descobrir e desmistificá-los? Deixá-los nus!

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP

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