CiênciasDestaquesTecnologia

A Ética e os Limites

Explorando os limites da ética: Neurociência e o desenvolvimento de chips cerebrais. Até aonde isso pode ir, se você deixar?

Fátima Bana

São Paulo, 15/08/2023

1,8 Minutos.

Nos últimos anos, avanços surpreendentes no campo da neurociência levantaram uma série de questões profundas e complexas. Muitas sobre os limites éticos da pesquisa e da aplicação de tecnologias que interagem diretamente com o cérebro humano.

Um desenvolvimento recente, conforme relatado em algumas mídias, destaca a criação de um chip de computador com células do cérebro humano na Austrália. o fato, nos obrigando a repensar cuidadosamente as implicações relacionadas à bioética.

A bioética, o estudo das questões éticas que surgem na intersecção da biologia, medicina e tecnologia, é mais relevante do que nunca neste cenário. Já que o desenvolvimento de chips cerebrais, capazes de interagir com células cerebrais humanas, abre infinitas possibilidades e dilemas morais que devem ser cuidadosamente considerados.

Uma das principais preocupações é o consentimento informado. O uso de células cerebrais humanas para desenvolver tecnologias de interface cérebro-computador levanta a questão: ‘os envolvidos no processo realmente entendem de forma plena sobre o que estão concordando?’ Além disso, fica a indagação relacionada à autonomia individual,. Afinal, ‘até que ponto uma pessoa controla as interações entre o chip e seu próprio cérebro?’

Várias mãos em muitas vias. 

Outro tema complicado é a privacidade e a segurança dos dados cerebrais. Com a capacidade de interagir diretamente com o cérebro humano, o chip cerebral pode acessar informações altamente sensíveis. Desta forma,  requer uma consideração cuidadosa das medidas de segurança para proteger esses dados e garantir que não sejam mal utilizados.

A Ética e os Limites
Lá onde mora a essência. Exigem-se cuidados necessários.  (Img. Web)

Ademais, a redistribuição de poder também é uma questão a ser considerada. O potencial de melhorar a função cerebral ou até mesmo adicionar novas habilidades, por meio desses chips, pode criar desigualdades significativas.

Fundamentalmente,  entre quem tem acesso a essas tecnologias e quem não tem. O que aumenta ainda mais o fosso entre as diferentes classes sociais. Fato que afeta negativamente a equidade em nossa sociedade.

Em meio a esses desafios éticos, é imprescindível que a pesquisa e o desenvolvimento nesse campo sejam acompanhados por uma forte regulamentação e uma estrutura ética sólida.

A colaboração entre cientistas, profissionais médicos, filósofos, formuladores de políticas e a sociedade como um todo é essencial. Portanto, na busca para definir parâmetros aceitáveis na adoção de tecnologias cerebrais avançadas.

Invasores responsáveis

Ao explorar as possibilidades inovadoras oferecidas pela interação entre neurociência e tecnologia, também é importante lembrar que os avanços científicos e éticos andam de mãos dadas. É importante garantir que os benefícios dessas tecnologias sejam obtidos de forma ética, responsável e justa, respeitando os valores fundamentais e os direitos dos indivíduos.

A criação de chips de computador a partir de células cerebrais humanas é apenas um dos muitos exemplos que nos forçam a pensar no complexo moral envolvido no avanço da neurociência. Devemos ter uma abordagem multidisciplinar sobre esse tema. A fim de garantir um progresso científico harmonioso com os princípios éticos que sustentam nossa sociedade.

Em última análise, a bioética é uma bússola que nos guia no caminho para a compreensão e aplicação ética da neurociência e suas fascinantes inovações.

Fátima Bana – Neurocientista e Psicopedagoga.
Pós-graduanda em Neuropsicologia – MBA em Aprendizagem Cognitiva – BTI Brasil.

 

Compartilhar

Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP