Abre-se uma Janela de Oportunidades.
Ao longo dos tempos, as transformações sociais e econômicas percebidas na história têm proporcionado da mesma forma alterações no processo de passagem de conhecimento entre pessoas através da educação.
Se há centenas de anos a predominância eram pais ensinando filhos e mais velhos educando os mais novos, com base em sua experiência e interesses dentro de um alcance bastante limitado, com a revolução industrial nas últimas décadas o processo de ensino foi igualmente industrializado.
Novas profissões, cadeias globais de consumo e com tudo isso surge a necessidade de formação de mestres e professores em grandes quantidades, para levar conhecimento a uma massa de pessoas demandadas a suprir as necessidades de um mercado cada vez mais veloz.
Até muito recentemente os modelos educacionais clássicos, com escolas e grades curriculares claramente definidas, foram suficientes para manter oferta e demanda de mão-de-obra em um razoável equilíbrio.
![Abre-se uma Janela de Oportunidades. Retrato da mesmice repetitiva.](https://aescolalegal.com.br/wp-content/uploads/2021/06/martelos-andando.gif)
Com a atual onda de transformação digital, uma revolução mais profunda nos impacta diretamente e com tanta velocidade que cria um vórtice de alta complexidade para nós sapiens, seja no relacionamento entre as entidades físicas (pessoas, construções, meio ambiente) e/ou com as abstrações de Yuval Harari.
Novas tecnologias com infinitas possibilidades instigam a nos tornarmos consumidores com novas necessidades e comportamentos, sendo que ao mesmo tempo, temos urgência em nos tornar profissionais que precisam reaprender suas habilidades para atender às empresas que estão tendo que se adaptar para sobreviver e atender a estas novas demandas.
Neste ponto, começamos a perceber que os formatos de educação tradicionais não são mais suficientes e a inovação acontece. Não há grade de formação que resista ao impacto das novidades e dê a certeza de que o conteúdo ensinado neste ano será relevante no próximo ciclo e estará conectado às novas tendências e necessidades.
Esta crise existencial dos modelos educacionais, agravada pelo contexto COVID-19, tem sido extremamente valiosa para a inovação ao criar uma janela de oportunidade para equidade e inclusão através da educação, respeitando os diferentes níveis de diversidade no aprendizado e desempenho profissional.
Percebemos tanto a popularização de modelos que já estavam por aí, porém em segundo plano, quanto para o surgimento de novos formatos e possibilidades que devem ser amplamente explorados e, assim, cada um poderá construir seu próprio modelo que atenda ao seu ritmo, suas necessidades e às do mercado em que atua ou ambiciona atuar profissionalmente.
Na teoria
Metodologias, melhores práticas, frameworks. Existe uma ampla variedade de alternativas para tornar o aprendizado mais simples e eficiente, nos permitindo estar preparados para compreender e navegar através destes complexos cenários.
Métodos que utilizem recursos visuais para decompor e organizar cenários, como o design thinking, por exemplo, são os queridinhos do momento – e não é à toa. Os post-its coloridos já eram extremamente úteis para estruturar e compartilhar conhecimento quando em papel, e hoje através de plataformas digitais como Miro e Mural o alcance é ilimitado.
Quando combinados a processos de realização de resultados, como o modelo Ágil e o Lean, temos um arsenal de ferramentas extremamente poderoso para aprender na prática, onde conseguimos medir os resultados, erros e acertos, e calibrar de forma assertiva nossa jornada de formação que não é mais uma linha reta mas um emaranhado de curvas e ciclos de reaprendizagem continuada.
#ficaadica: experimente somar estas ferramentas a bons mentores e mentoras. Independentemente da idade ou formação, sempre tem alguém disponível por aí que pode nos agregar muito com suas vivências.
![Os post-its coloridos já eram extremamente úteis. Abre-se uma Janela de Oportunidades.](https://aescolalegal.com.br/wp-content/uploads/2021/06/postit.jpg)
Na prática
Através dos mais variados canais digitais de informação (redes sociais, portais de conteúdo e notícias, acervos online, newsletters) podemos acessar e validar conhecimento, por conta própria ou em contato direto com especialistas. A educação não precisa mais ser unidirecional, todos podem educar a todos, não há mais verdade absoluta.
Além disso, existem hoje startups como a Carambola, que se propõe a preencher uma lacuna histórica de desalinhamento entre as oportunidades de emprego disponíveis no mercado de trabalho de tecnologia da informação e as empresas que disponibilizam estas vagas.
Há uma grande dificuldade para acolhimento de novos entrantes, uma vez que as entregas são sempre urgentes com líderes, equipes e squads excessivamente atarefados por estarem suprindo exatamente a falta de pessoal qualificado para executar os projetos em um ciclo ruim que mantém a exclusão de quem está fora, e esgota quem está dentro promovendo alta rotatividade nas profissões relacionadas.
A forma encontrada pela Carambola para endereçar este sério problema passa por uma revisão profunda no processo de onboarding das pessoas pré-selecionadas, geralmente com alguma formação básica em tecnologia, para atuar nas junto às equipes nas empresas.
Nestes times, o modelo ágil de execução de projetos é utilizado para acelerar as habilidades das pessoas em quatro dimensões (soft skills, hard skills, processos e orientação a resultados) para alinhamento aos parâmetros executados na empresa contratante e assim maximizar o desempenho individual, e consequentemente a satisfação do colaborador consigo e com sua habilidade de aprender e gerar resultados profissionalmente.
Futuro
Algumas instituições tomaram a dianteira e buscam configurar o futuro da educação no mundo. Em meados da década passada, a Singularity estabeleceu novos modelos para pós-graduação e formação executiva, enquanto mais recentemente o Google provocou abalos nos cursos técnicos e superiores ao lançar seus próprios certificados de proficiência em plataformas tecnológicas. Ambos fazem uso intensivo de métodos visuais e ágeis para formar profissionais aptos à nova realidade de mercado.
Vai dar certo? Quanto vai durar? Aguardamos e seguimos na caminhada.
Thiago Ponte é cofundador da panda3.