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Cannabis pra Rico – Maconha para Pobre

Já dá para descriminalizar? Até o BTG já embarcou na onda (por que?). O que antes era droga, combatida pelas polícias e guerra moral, agora são ativos financeiros e movimenta bilhões de dólares anuais no mercado medicinal. O uso da planta, porém, tem uma longa e tradicional história de utilidades! Como a evolução digital transformou o mercado da Cannabis Medicinal (segundo investidores).

Redação

São Paulo, 15/02/2023

4 Minutos.

Não foi só a evolução digital. Claro, as TICs e suas aplicações ajudaram. Mas, muito mais se deve a resistência da tradição. Cannabis, maconha, marijuana, béqui, não importa o nome, é o termo usado para designar a origem vegetal e taxonômica da planta. O substrato químico farmacológico dela é o que tem valor comercial para a indústria farmacêutica. Isso não invalida o modo como ela é usada! Remédio, recreativo, industrial, há milênios.

De cigarros a repelentes de mosquitos, óleos tranquilizantes, cremes e sabonetes ou chás. Cânhamo, outro nome utilizado antigamente, era muito usado para fazer cordas, bolsas, roupas, e utensílios. Nos Estados Unidos da América do Norte, por exemplo, significava quase 30% dos produtos da base econômica do país até os 1930, pelo menos.

“A evolução digital vem fortalecendo o segmento da Cannabis Medicinal e, por consequência, contribuindo de forma importante no desenvolvimento do setor. Afinal, até hoje o preconceito e a desinformação ainda estão presentes acerca do uso da planta como medicamento. Porém, isso vem se transformando com a qualidade e a quantidade de dados atuais sobre o tema, revolucionando boa parte dos segmentos envolvidos nos processos de produção, comercialização e informação.

Efeito das redes –

A demanda de referências científicas foi intensificada durante a pandemia, onde as comunicações digitais eram a única maneira de se manter conectado com o mundo exterior, considerando que tudo passou a ser distribuído por canais como Youtube, Instagram, TikTok. Além disso, plataformas de cursos, escolas e universidades captaram a necessidade de adaptarem seus conteúdos para o digital. Esse é um processo que continua e, por isso, acredito que tenha acelerado as trocas de informações em diversos setores como o da saúde.

Cannabis pra Rico - Maconha para Pobre
A folha da planta e os usos polêmicos. (Img. Web)
Avançou? Como andam as tartarugas?

Há poucos anos, boa parte da população, tanto pacientes como médicos, não conhecia os tratamentos à base de cannabis. Hoje a situação mudou com informação e educação dos envolvidos, tenho observado um movimento de quebra de paradigmas com o conhecimento científico.

Com base nisso, o profissional esclarece pacientes e familiares sobre as possibilidades de tratamentos para doenças e condições, que por algumas vezes não tinham solução, ou possuíam efeitos colaterais fortes com medicamentos alopáticos.

Além disso, a evolução da telemedicina conectou médicos e pacientes e ajudou milhares de pessoas, tanto nas capitais como nas zonas mais distantes e remotas. Esse mecanismo ajudou a educar mais profissionais da saúde a identificarem possíveis pacientes com condições para utilizar cannabis. Os cursos on-line, grupos de estudos, webinários, congressos on-line e inúmeros outros meios permitiram acelerar as trocas de informações e nivelar o conhecimento sobre o uso.

Comunicação: informação e conhecimento

E esse movimento é observado nos números de médicos prescritores. No Brasil, o número de médicos prescritores vem se multiplicando a cada ano. Nos últimos seis anos, com um crescimento médio de 124% ao ano, de acordo com dados da Anvisa. Houve impacto positivo também no tempo de recebimento de produtos. Antigamente, todo o processo para utilizar o medicamento depois da receita médica demorava cerca de 4 meses, hoje conseguimos em poucos dias.

Outro grande benefício foi no comércio digital, que passou por diversos estágios como, por exemplo, na comunicação e na jornada do paciente. Anteriormente, nós não tínhamos a oportunidade de ter uma aproximação com o cliente final, hoje temos e isso nos permite uma personalização muito grande para o desenvolvimento de produtos e para prestar um atendimento humanizado, que por muitas vezes é o que a pessoa precisa.

Cada dose um efeito

Além de aprimorar os processos de comunicação e informação, a transformação digital foi fundamental para aperfeiçoar o processo de cultivo, que cada vez mais é surpreendido por técnicas digitais que revolucionam e trazem maior eficiência nas produções. Afinal, garantir a qualidade dos produtos é fundamental para garantir resultados promissores e naturalizar na sociedade os benefícios dos medicamentos à base de cannabis medicinal.

Na produção, em módulos controladores, por exemplo, é possível controlar o ambiente, acompanhar e intervir, em tempo real e remotamente, na temperatura, umidade, circulação de ar e quantidade de fertilizantes do local. Além disso, existem inúmeros outros controles que, com inteligência artificial, podem identificar se uma planta está doente ou se necessita de um nutriente específico. Essa evolução trouxe mais eficiência na produção, elevando não só a colheita, mas também as concentrações de canabinóides nas flores, que antigamente eram de 100 a 200 gramas por planta, hoje, podem chegar a 1kg.

O Brasil é um dos países que mais pesquisa e produz artigos científicos. Por isso, reitero que a informação gera conexão. Com base nela, estamos nos abrindo para novas possibilidades.

O mundo digital acelerou os nossos passos, deixou a evolução linear para trás e trouxe uma evolução exponencial. Forçou a nossa criatividade e o nosso pensamento para usufruir das possibilidades tecnológicas para melhorar a eficácia da planta como forma de tratamento. Conheci o caso de uma menina de 10 anos com epilepsia que tinha cerca de 30 convulsões por dia, isso significa mais de um ataque por hora. Neste caso, medicamentos à base de cannabis reduziram para uma vez a cada três meses, depois seis e hoje zero.

Descrevo a transformação digital no setor da cannabis medicinal hoje como viabilidade e agilidade. Entendo que a informação foi um dos pontos que mais o transformou. A mesma informação que quebra paradigmas é a que trás esperança, novas oportunidades de tratamento e, logo, qualidade de vida.”

[N.E.:  Outra observação: a Cocaína  e o ópio por exemplo, já causaram guerras e mortes suficientes que não justificam a atual hipocrisia do mercado! Já assistimos estes filme inúmeras vezes. Cansou! Sem apologia às drogas e ao mercado de entorpecentes: deixem a Ciência falar.

Fabrizio Postiglione – CEO Fundador da Remederi.

 

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP