Cavalos – Educação e TEA
A importância do esporte no desenvolvimento de pessoas com deficiência é tema de muitos estudos. O esporte paraequestre é uma destas possibilidades. Ele tem como diferencial ser o único esporte em que existe uma relação entre dois seres vivos. Muitos praticantes do esporte paralímpico, já eram esportistas antes da deficiência.
Natalie Schonwald
São Paulo, 16/05/2023
2 Minutos.
Os primeiros povos que utilizaram cavalos, principalmente para o transporte, viviam na Ásia entre 3.500 e 4 mil anos A.C. A partir daí, a relação entre seres humanos e cavalos passou por modificações e se tornou mais diversificada, envolvendo outros fins até chegar à prática esportiva.
Os esportes como um todo, geram grandes benefícios para pessoas com deficiência. Neste artigo especificamente, vamos falar do Transtorno do Espectro Autista (TEA), o esporte paraequestre e a educação.
Pessoas com TEA ganham muitos benefícios com a prática do esporte paraequestre. Este é composto pelos esportes equestres, mas adaptados por serem praticados por pessoas com deficiência. Dentro destes esportes temos o Adestramento Paraequestre, o Para Tambor e o Para Enduro, sendo que a única modalidade paralímpica é o Adestramento.
Esta modalidade consiste na execução de figuras pré-determinadas, em um percurso chamado reprise, o atleta recebe este “documento” um tempo antes de cada competição para que possa treinar e decorar a ordem do que deve ser feito na pista. O objetivo desta modalidade é que as figuras sejam feitas com o máximo de perfeição e naturalidade possível, para obter a maior nota.
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Cavalo e pessoas – um conjunto
As reprises são compostas por figuras como círculo de 10m, círculo de 20m, diagonais, linhas retas, paradas totais do cavalo na postura adequada, quanto menos aparecer a interferência do cavaleiro para a execução em cada um dos comandos, maior será a nota do atleta.
A classificação funcional é o primeiro passo no esporte, essa classificação é realizada por uma fisioterapeuta e para se tornar classificadora existem cursos específicos.
Nesta classificação o profissional analisa o comprometimento gerado pela deficiência de cada atleta.
A classificação dos atletas dentro do adestramento paraequestre é dividido em cinco graus e o atleta é colocado em cada um de acordo com a deficiência, quanto maior o comprometimento do esportista, menor o grau que o atleta é classificado. Um aspecto importante deste esporte é que homens e mulheres competem juntos.
Um dos aspectos da educação trabalhado na prática do esporte paraequestre é o socioemocional. Muito valorizados atualmente, já que existe uma relação com o animal. É importante enfatizar que este é o único esporte que existe uma relação entre dois seres vivos.
A educação Inclusiva:
A educação inclusiva trata da diversidade, e a priori, foi entendida como uma inovação na área da educação especial. Gradualmente, passou a ser compreendida como uma tentativa de oferecer uma educação que seja mais satisfatória e gere aprendizado para todos, a qual devem-se adaptar as necessidades individuais dos alunos. Portanto, de modo a implementar uma verdadeira inclusão de cada um no grupo a que pertence e expandir os horizontes dos educandos.
A principal característica da educação inclusiva é que não se permite a discriminação das deficiências. Todos, sem exceção, têm direito a acessar o currículo culturalmente valioso durante todo o tempo que permanecerem na escola, pois cada aluno é membro importante e essencial do grupo.
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Assim, o sistema educacional tem responsabilidades que vão além de desenvolver os conteúdos. Devem levar em conta os direitos econômicos e sociais dos estudantes e suas famílias.
Desta forma, devem ser feitos maiores esforços para ascender ao que aparentemente hoje é inalcançável, de maneira que os jovens sejam preparados para enfrentar os novos desafios do futuro.
Perceber o outro, respeitar o valor do pluralismo, e assim travar a luta da exclusão por meio de traçados, entre os membros dos grupos diferentes em contextos de igualdade. Isso se dá por meio do descobrimento gradual do outro e do desenvolvimento de projetos de trabalho em comum.
O TEA e a equoterapia
Os casos de autismo têm aumentado muito, e o objetivo do esporte paraequestre é o desenvolvimento biopsicossocial, facilitando a interação com grupos.
Segundo o DSM -V, o autismo é um transtorno que se caracteriza por atrasos no desenvolvimento de comunicação e socialização, e apresenta padrões repetitivos, além de uma grande necessidade de uma rotina clara. Também apresenta comportamentos vocais e motores estereotipados. Por ser um espectro existe uma variação de comportamentos entre os indivíduos com TEA.
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Pessoas com espectro autista tem dificuldades nas interações interpessoais, normalmente os sintomas aparecem na faixa dos três anos e se estendem até a idade adulta, onde se apresentam de forma moderada.
O esporte paraequestre trabalha diversos aspectos educacionais, um deles são os aspectos sociais, já que existe uma relação entre a equipe e o praticante.
Além de aspectos de atenção e concentração, também trata das dificuldades físicas que muitas vezes aparecem no quadro das pessoas com TEA.
Os primeiros passos no esporte paraequestre normalmente acontecem através da equoterapia, e para começar a praticá-la existem diversas instituições pagas e até projetos gratuitos por todo Brasil.
Natalie Schonwald – Psicóloga – Pedagoga