Ciência na Educação – Brasil Medíocre
No dia 28 de abril, comemoramos o Dia da Educação. É uma data que merece ser festejada, porém, estamos diante de grandes desafios para esse setor no Brasil e no mundo, principalmente no que diz respeito à Ciência e Pesquisa.
Daniel Minozzi
São Paulo, 28/04/2022.
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Sob o âmbito global, segundo dados de uma pesquisa da Unesco, a valorização do conhecimento científico ainda é desigual no mundo.
Mais de 60% dessa produção e pesquisa está concentrada na China e nos Estados Unidos. Em paralelo, quatro a cada cinco países destinam menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) para investimentos em pesquisa científica. No Brasil, essa porcentagem é de 1,26%, contra 1,79% da média mundial. De acordo com o levantamento do Ipea, o Governo Federal investiu no ano de 2020, em Ciência e Tecnologia, menos recursos do que o montante aplicado em 2009 – R$17,2 bilhões contra R$19 bilhões.
Em 2022 já tivemos uma notícia mais animadora. Em março, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação anunciou que o governo irá destinar quase R$1 bilhão em recursos para o desenvolvimento de pesquisas, pagamento de bolsas e demais ações em favor da ciência. A pandemia foi uma grande mola propulsora para investimentos na Pesquisa e na Ciência.
A necessidade de encontrar alternativas rápidas para tentar barrar a ferocidade da Covid-19, logo nos primeiros meses, fez muitos países injetarem dinheiro nessa empreitada. Porém, ainda não foi suficiente para diminuir essas diferenças.
![Ciência na Educação - Brasil Medíocre](https://aescolalegal.com.br/wp-content/uploads/2022/04/nanotechnolgy-is-good.jpg)
Algumas empresas nasceram dentro do berço da pesquisa científica, em ambiente universitário, com incentivo de entidades fomentadoras de conhecimento científico, como é o caso da Fapesp. A Nanox Tecnologia foi uma dessas companhias. O spin-off da nossa empresa aconteceu nos laboratórios da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – especificamente no Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) – na qual eu e o Gustavo Simões, sócios da empresa, cursamos a graduação.
Empresa raiz – Nanotecnologia
Nós valorizamos muito as nossas raízes e, uma das formas de expressar a nossa gratidão e incentivar cada vez mais o fortalecimento do universo da pesquisa, é trazer os jovens estudantes para atuar na Nanox e prepará-los para se tornarem profissionais com o olhar voltado para a pesquisa.
Ao longo de mais de uma década de atuação no mercado de tecnologia, graças à pesquisa pudemos dar passos importantes. Em virtude dos laços que temos com o ambiente acadêmico, avançamos no desenvolvimento de tecnologia de prata que ganharam protagonismo no combate à contaminação da Covid-19.
A tecnologia de prata esteve e está presente em lugares que muitos não imaginam. Desde roupas, produtos de proteção como EPI, utilidades domésticas, móveis e até em embalagens plásticas e de papel. Em poucos meses estávamos com um produto nas mãos que era capaz de inativar o vírus SARS-CoV-2 em menos de um minuto por contato.
Esse é só um dos exemplos que o investimento em pesquisa nos proporcionou. Nós acreditamos que o Brasil ainda precisa caminhar a passos largos para criar bases sólidas para o ensino público do básico ao superior, mas também pode colher frutos maduros se olhar com mais carinho para a Ciência.
Daniel Minozzi – Químico – Mestre em Ciências de Materiais – (Unesp) -Diretor da Nanox – Nanotecnologia.