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Crescimento Racional Integrado

O dia 17/06, foi o Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação. Trata-se de uma data extremamente importante em vista da brutal aceleração/intensificação das mudanças climáticas que estamos experimentando.

Campinas, 18/06/2024
3.2 Minutos.

No Brasil, temos a enorme área do Sertão, de cerca de 105 milhões de hectares, que representa mais de 10% do território
brasileiro. O semiárido mais populoso do mundo. Sem dúvida, “O sertanejo é antes de tudo um forte“, palavras de Euclides da Cunha, que simplesmente não entendeu como o homem era capaz de viver naquelas condições.

Entretanto, o mundo mudou e a força do sertanejo, que se encontra lá e por todo o país em vista das migrações, hoje pode transformar esse jogo e tornar o semiárido uma nova fronteira agroindustrial e de desenvolvimento humano. Para isso, poucas coisas são necessárias, mas a mais importante é a determinação.

Inicialmente, uma das maiores fontes de emissão de CO2 do mundo é a climatização de países temperados. O cérebro humano precisa de conforto térmico para refletir. Trata-se de uma máquina dispendiosa, que com 1,5% do nosso peso, consome 20 a 25% das nossas calorias. Portanto, para pensar profundamente, entender problemas (ciência), desenvolver soluções (tecnologia) e evoluir processos produtivos (inovação) é necessário, antes de tudo, a ambientação correta. Para aquecer sempre foi fácil.

As fogueiras, seguido das lareiras e aquecedores, deram conta do recado. Para resfriar, algo fundamental nas zonas tropicais, tivemos que esperar a invenção do ar condicionado, tido como o principal responsável pelo desenvolvimento de países hoje extremamente inovadores como Singapura.

Tudo o que nós temos – Decisões políticas

Precisamos simplesmente fazer isso nas nossas escolas, universidades e ambientes de trabalho. Inundar o Sertão de ar condicionados (refrigeradores de ar), uma vez que a região está inundada de usinas eólicas e solares, gerando um enorme excedente de energia elétrica. Vamos conectá-las aos cérebros dos nossos geniais Sertanejos.

Em segundo lugar, vamos desenvolver espécies adaptadas e produtivas. O Agave, a Palma Forrageira e a Macaúba são grandes exemplos. A partir dela podemos produzir energia e combustíveis avançados, e uma enorme miríade de produtos alternativos. Além disso, “sequestramos carbono“, o que qualifica o solo e gera microclima para qualquer cultura.

Vejam abaixo duas zonas de sertão. Na esquerda, uma área que plantava agave, mas que foi arrancado por causa do declínio do preço do sisal. À direita, uma área equivalente com o plantio de sisal. Vejam a quantidade de carbono do solo. Dá para plantar também nas entrelinhas.

Crescimento Racional Integrado
As gritantes e óbvias diferenças entre solos ‘abandonados’ e os racionalmente integrados. (Img. Gonçalo Pereira)

Além disso, os solos do Sertão são extremamente férteis. A eles apenas falta carbono, que é exatamente o que temos que tirar da atmosfera. E podemos fazer isso sob a forma de Biochar, um “carbono aerado”, quase um “suflair” para microrganismos, que fazem a produtividade agrícola explodir.

Entendo ser essa a única política capaz de resolver a seca e a desertificação.

Crescimento Racional Integrado
Bioma Caatinga e altimetria do Semiárido brasileiro
(Img. Lab. Geoprocessamento Embrapa Semiárido)
Informações complementares

[N.E.: A Caatinga ocupa uma área de cerca de 844.453 quilômetros quadrados, o equivalente a 11% do território nacional. Engloba os estados Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. A Caatinga é considerada como um dos ecossistemas brasileiros mais degradados pelas atividades humanas, sendo estimado que 45,3% de sua área total já estejam alteradas, o que a coloca como o terceiro bioma brasileiro mais modificado, sendo ultrapassado apenas pela Mata Atlântica e o Cerrado.

Por outro lado, é considerado como o menos protegido, com apenas 8% de sua área sendo mantida em 123 Unidades de Conservação, das quais 41 de Proteção Integral e 82 de Uso Sustentável.

Etimologia: Caatinga
Os indígenas, povos originários da região, a chamavam assim porque, na estação seca, a maioria das plantas perde suas folhas, prevalecendo na paisagem a aparência clara e esbranquiçada dos troncos das árvores. Daí vem o nome Caatinga (caa: mata e tinga: branca) que significamata ou floresta brancatraduzido do tupi.]

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP

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