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Desenvolvimento Sustentável – Ensino-Aprendizagem.

No artigo anterior consideramos os motivos para que a Dimensão Cultural venha ser inserida no conjunto de áreas que compõe o Desenvolvimento Sustentável – Ensino-aprendizagem. Esta dimensão, Cultural, é vasta e deve ser aprofundada nas principais áreas que abrange, e será feito em seu devido tempo.

Maria Lina Aguiar de Souza

Belo Horizonte, 01/02 de 2021.

2 Minutos

Será explanado sobre a sua relação com as demais dimensões, como o caso da relação Acesso, quando a Dimensão Cultural se relaciona com a Dimensão Social, ou quando junto à Dimensão Econômica gera relações de Tecnologia, ‘Empresariedade‘ e Governança.

Contudo, para esta proposta, buscaremos refletir sobre o papel da Educação quanto ao ensino de Desenvolvimento Sustentável no processo ensino-aprendizagem. Esta abordagem acontece em um momento histórico global, onde a educação está sendo partilhada com os pais ou responsáveis ou praticada em casa por meio da web, dado as limitações da socialização que a pandemia nos impõe. Neste sentido, por que nos parece que o Desenvolvimento Sustentável não alcança os educandos?

Este artigo se justifica pela participação dos leitores do artigo anterior, um em especial, que chama a reflexão de como pensar uma estratégia de ensino-aprendizagem – Prof. Joaquim Aragão, professor da Universidade de Brasília. E para corroborar com a reflexão do professor, ressalta-se, o objetivo do Desenvolvimento Sustentável como ação no hoje, para viabilizar a manutenção das futuras gerações no planeta, e as crianças e jovens no processo educacional fazem parte destas tantas futuras gerações.

Para atender a esta inquietação, por meio de um pensamento revolucionário e participativo, nos basearemos em Paulo Freire, em A Pedagogia do Oprimido. Este artigo não é uma resenha do livro. Antes, fugindo da exposição dissertativa unilateral, aqui é intencionado o compartilhar da busca pelas respostas por meio da reflexão obtida deste título, em um processo no qual quem fala aprende com todos aprende, e que aprendem entre si na medida de nossas correspondências em ‘diálogo com seus semelhantes, mediado pelo mundo’.

Ensino-aprendizagem

Partiremos na consideração Ensino-aprendizagem a partir do desejo consciente e natural ao homem de querer mais de si mesmo, não se conformando com a dialética submissa da aprendizagem habitual.

Não fazemos esta afirmação ingenuamente. Já temos afirmado que a educação reflete a estrutura do poder, daí a dificuldade que tem um educador dialógico de atuar coerentemente numa estrutura que nega o diálogo. Algo fundamental, porém, pode ser feito: dialogar sobre a negação do próprio diálogo. (FREIRE, p.86)

Estratégias de ensino-aprendizagem de Desenvolvimento Sustentável há que ser baseada em uma educação libertadora no diálogo entre o educador e educando, mediado pelo mundo. Mas, antes de considerarmos as possibilidades de estratégias deste sentido, é provocada aqui uma reflexão sobre o processo ensino-aprendizagem em conjunto a sustentabilidade.

Assim como a proposta de acrescentar a Dimensão Cultural a composição do Desenvolvimento Sustentável como o conhecemos atualmente (social, econômico e ambiental) é inovadora para a evolução da Teoria Geral da Administração, a concepção cartesiana da educação sustentável também precisa ser renovada dentro das salas de aulas pelos próprios educadores, percebendo todos, o papel fundamental na formação do ente social.

O processo, e não a prática, educadora deve ser uma ação conjunta de aprendizagem entre os envolvidos mediatizados pelo mundo. Isto significa dizer que tanto o professor como o aluno aprende por meio do conteúdo, das múltiplas relações geradas no processo educacional formal, mas este ‘aprender’ precisa ser mediado pelo o mundo, pela realidade que os cerca, pela vida de cada ente social, pela região, pelo planeta e pelas emoções geradas de desconforto no momento deste diálogo.

A mesma medida que se percebe com estranheza a alienação do educando de sua realidade, ensinando-lhes coisas que não fazem parte de seu cotidiano, é de igual estranheza exercer uma educação revolucionária onde não haja também ouvidos atentos para a exposição das emoções coletivas ou individuais.

Se “o saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que jugam nada saber”, isto é, uma educação opressora que vê no outro apenas objetos para que haja depósitos de conhecimento vazios de saber verdadeiro, não existirá o “saber na invenção, na reivindicação, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros. Busca esperançosa também”, motivando o senso de humanidade em cada indivíduo para o bem estar social.

Mientras la vida se caracteriza por el crecimiento de uma manera estructurada, funcional, el individuo necrófilo ama todo lo que no crece, todo lo que es mecânico. La persona necrófila es movida por um deseo de convertir lo orgânico em morgánico, de mirar la vida mecánicamente, como si todas la personas vivientes fuezen cosas. Todos los processos, sentimentos y pensamentos de vida se transforman em cosas. La memoria y no la experiencia; tener y no ser es lo que cuenta. El individuo necrófilo puede realizarse com um objeto – una flor o uma persona – únicammente si la posse; en consecuencia una amenaza a su pesesión es una amenaza a él mismo, si pierde la posesión, perde el contacto con el mundo. Ama el control y en el acto de controlar, mata la vida. (Freire citando E. Fromm, p. 90)

[Enquanto a vida se caracteriza pelo crescimento de forma estruturada e funcional, o indivíduo necrófilo ama tudo o que não cresce, tudo o que é mecânico. O necrófilo é movido pelo desejo de transformar o orgânico em inorgânico, de olhar a vida mecanicamente, como se todos os seres vivos fossem coisas. Todos os processos, sentimentos e pensamentos da vida se transformam em coisas. Memória e não experiência; ter e não ser é o que conta. O indivíduo necrófilo pode se realizar como um objeto – uma flor ou uma pessoa – somente se ele a possui; consequentemente, uma ameaça à sua vida é uma ameaça a si mesmo, se ele perder a posse, ele perderá o contato com o mundo. Ama o controle e no ato de controlar mata a vida.] (livre tradução).

A educação para o Desenvolvimento Sustentável nas escolas precisa ser prática de construção de cidadania contínua. A libertação do indivíduo de um sistema opressor como diz Freire e a liberdade individual pelo atendimento das necessidades substantivas como diz Amarthia Sem, em Desenvolvimento como Liberdade, se dará nos apontamentos do Desenvolvimento Sustentável que cumpre dialogar com as questões de igualdade de gênero, raça, sexualidade, nação, religião, de classe (por meio de distribuição justa de riquezas), etc.

Desenvolvimento Sustentável e Educação

Esta é a principal estratégia para Gestão por Desenvolvimento Sustentável quanto ao ensino-aprendizagem para a gestão administrativa público-privada, uma educação libertadora que ofereça aos ‘marginalizados que nunca estiveram fora de (pois não são marginais a parte da sociedade, e sim, condicionados à realidade criada e mantida pela estrutura econômica de um sistema que define a todos e a todos classifica).

Os apartados do convívio social e os de parcos recursos sempre estão dentro de uma estrutura que precisa ser necessariamente excludente e, previamente, define os papeis de cada um para a integração e incorporação ao sistema de acordo com suas posses e poder. E é esta a natureza da diferença dos homens pregada como verdade no atual processo educacional pela elite.

O condicionamento submisso a realidade imutável que começa e está solidificada na educação que percebe o ente social como depósitos de saber acumulados, enchendo-os de pedaços seus.’

A elite, burguesia, classe média(?), classe rica ou super ricos, intelectuais ou intelectualismo alienante e formadores de “opinião” ainda que defendam a justiça social, a liberdade e a ordem, sabem que ser educado para a liberdade é expressão de rebeldia a estrutura estabelecida, ao seu status quo e, unicamente, visará a “ameaça à paz privada dos dominadores”.

A educação que busca respostas no mundo que problematizará todas estas questões em retorno, deve ser uma educação voltada para a rebeldia e inconformidade, para a denúncia. A educação tal qual observamos, são anúncios da realidade que não sugerem atender as inquietações de foro íntimo do ser, ao contrário, busca criar indivíduos autônomos que permanecerão como estão em um processo tido como natural.

Estopim e gatilho – Desenvolvimento Sustentável – Ensino-Aprendizagem.

O Desenvolvimento Sustentável é quebra de paradigma nas relações humanas de uma maneira global. Este processo já está acontecendo, lentamente, e não há como parar sua marcha. O que nos cabe é participar deste processo como entes sociais comprometidos com a vida e bem estar social em pleno exercício de fraternidade e solidariedade.

Então, para fazer com que o conceito de Desenvolvimento Sustentável vire um senso no processo de ensino-aprendizagem, as ações deverão partir dos educadores, que percebendo a mudança no mundo, preparam o futuro por meio de uma educação dialógica com os educandos, refletindo a suas realidades e potencializando o poder de transformação individual de si mesmos e nos outros.

Sempre coube, e ainda cabe, aos educadores organizar a sociedade para que a humanidade seja equitativamente mais justa e governavelmente menos corrupta. Não haverá mudança sem sofrimentos e grandes perdas se os educadores não assumirem esta revolução social. Os governos não querem saber. As entidades empresárias não querem saber.

A verdadeira revolução se faz por meio da educação, mas se esquecem de dizer que esta revolução está nas mãos dos ‘professores’ (educadores) e são eles que realmente tem a força social para de mudança. Todo o resto é divagação que não leva a resultados, apenas na educação ou ação cultural haverá uma mudança com menos perdas, pois esta mudança acontecerá de qualquer forma, mais cedo ou mais tarde.

Bibliografia
FREIRE, P., Pedagogia do oprimido. 62º edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016.
MORIN, E. Eloge de la métamorphose. Le Monde. Publié le 09 janvier 2010 à 13h08 – Mis à jour le 31 décembre 2010 à 14h18.
SEN, A. Desenvolvimento Como Liberdade. Companhia das Letras. São Paulo. 2010.

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP

4 thoughts on “Desenvolvimento Sustentável – Ensino-Aprendizagem.

  • Pedro

    Parabéns ,quanto mais o homem se afasta do seu estado de natureza ,mais infeliz ele se torna. A importância deste tema leva a própria, civilização analizar que a qualidade de vida futura , dar própria psiquê humana , condições melhores de vida . O meio ambiente agradece , e a civilização ganha em manter o equilíbrio entre entre tudo aquilo que e tirado , e também a forma que tudo aquilo pode ser aproveitado . Um tema infinito, necessário nos dias atuais para manter preparado o meio ambiente para as gerações futuras .

    • Exatamente Pedro. A extensão deste tema é para todo o sempre do planeta e da vida nele. Obrigado pela sua participação. Se quiser pode se inscrever em nosso canal AEscolaLegal no YouTube e assistir os painéis, as lives e as entrevistas. Acesse: https://www.youtube.com/c/AEscolaLegal/index
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