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Discrepâncias das Pesquisas Eleitorais?

Existe hoje a equivocada ideia em algumas mídias de que os institutos de pesquisa têm produzido resultados díspares na aferição das intenções de voto nas eleições presidenciais.

Ricardo Guedes

Belo Horizonte, MG – 23/05/2022.

1 Minuto.

São quatro os pontos a analisar. O primeiro se refere à margem de erro das pesquisas eleitorais.
A margem de erro, ou margem de variação técnica, é um indicador do quanto os percentuais medidos podem variar dentro de índice de confiança. Por exemplo, para 2.000 entrevistas a margem de erro é de ± 2,5%, para índice de confiança de 95%.

Isto significa que para uma amostra com 2.000 entrevistas, em cada 100 vezes que aplicarmos a amostra, em 95% das vezes a margem de erro deverá estar em até ± 2,5%, em 5% das vezes poderá estar acima dos ± 2,5%. Isto é uma característica inerente à natureza estatística da teoria amostral.

O segundo ponto se refere à análise das pesquisas hoje divulgadas através dos chamados agregadores. Na Estatística Descritiva, temos como indicadores a média, a mediana, a moda, e o desvio-padrão. Os agregadores, em geral, têm analisado as pesquisas divulgadas através da média de seus resultados, sendo que, de maneira geral, nem sempre a virtude está no meio.

Se agregarmos as pesquisas dos institutos, em verdade não obteremos o efeito de melhor representatividade, podemos estar somando alhos com bugalhos, distorcendo a informação para o ‘mercado’.

O terceiro ponto se refere à adequação dos métodos dos institutos de pesquisa. Supor que o Brasil não conta hoje com uma base de dados adequada para o cálculo de amostras é um equívoco. É verdade que o Governo Bolsonaro não realizou o Censo de 2020, um equívoco para políticas públicas.

[N.E.: As perguntas: por que ele não realizou o censo, e por que ocorreram tantos ataques à imprensa e aos institutos de pesquisas? Seguem sem resposta… Mas, não é óbvio?]

Mas, baseado na distribuição espacial dos Setores Censitários do IBGE de 2010 que cobrem a totalidade do país, e nos dados da PNAD Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE, que atualiza anualmente os indicadores para sexo, idade, escolaridade, renda e outras variáveis, as amostras podem ser calculadas tanto para o País como para os Estados.

Os institutos que integram o Conselho de Opinião Pública da ABEP – Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa, por exemplo, têm apresentado resultados significativamente homogêneos e adequados, referenciados pelos pares.

O quarto ponto se refere ao que me parece ser hoje uma articulação política para o demérito dos institutos de pesquisa. Vejo, por vezes, a afirmação de que os institutos teriam “errado” em 2018 ao dizer que Bolsonaro não iria para o 2º turno, e que perderia no 2º turno para qualquer candidato. Isto é fake. Os institutos mostraram Bolsonaro à frente tanto no 1º quanto no 2º turno das eleições de 2018.

Dizer o contrário é tão fake quanto dizer que as urnas eletrônicas do TSE não são confiáveis.

Ricardo Guedes – Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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Redação

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