EducaçãoEducadoresMulherPedagogos(as)

Educação é o Bicho Mano!

Começo com um exemplo usando a etimologia do termo. Desde a complexidade do sentido original ‘educere‘ que em latim quer dizer colocar em um caminho.

Publisher

São Paulo, 06/03 de 2021.

1 Minuto

Desde a complexidade do sentido original do termo: ‘educere – educare ‘ que em latim quer dizer conduzir para fora, colocar em um caminho, há quase 3 mil anos atrás, os pedagogos adotaram uma postura, alterada com o passar do tempo, porque na práxis da função, também original, eles eram as pessoas que conduziam os filhos (“paidós” em grego) – dos patrícios romanos às escolas.

Ou seja, eram os guias (escravos guias, parte das vezes), na verdade condutores que pegavam as cirnças pelas mãos e as conduziam às escolas, e também que as orientavam a seguirem o caminho dos pais.

Ora, quem tinha filhos e pedagogos tinha recursos, e o que um homem de posses (as mulheres eram ‘secundárias’ naquele contexto histórico) queria para seu filho? “Agen” – o caminho a seguir – a conduta, uma orientação: que lhe seguisse os passos e mantivesse a todo custo a fortuna da família.

Patrícios eram assim, sem tirar nem por! Pater, pátria, donos das terras (conseguidas com lutas, guerras, espadas, sangue e suor) – geralmente generais e cônsules romanos. E o que faziam os pedagogos, porque os pais estavam na luta, no mercado, no senado, cuidando das terras ou de seus exércitos…

Pedagogos orientavam os filhos dos ricos.

Da Grécia veio a inspiração sofistica. Professores pagos, diferentes dos filósofos, os sofistas introduziram o conceito de paidéia (paidós: criança, filho) – e o estilo, o jeito de ser dos modelos ancestrais, e só aos dotados de recursos era possível oferecer a Educação que os manteria capazes de defender a fortuna da família.

Educação é o Bicho  Mano!
    Pedagogo grego e garoto. Proteção anti-pedófilo! (Img Internet)

Eram o que hoje conhecemos como a iniciativa privada na Educação. Voltada para os patrícios gregos, era assim como para os romanos educadores de líderes (os ricos dominavam a cena nos impérios). Ainda hoje é assim. Escolas que cobram até 18 mil reais de matrícula, tem obviamente uma carga ideológica atrelada à dominação pelo capital. Não é pública nem é para o público. Eis uma diferença entre dois estatutos: o republicano e o imperial.

Atualmente vivemos em um estado republicano e democrático. Certo?

Dando um salto histórico Max Weber, em Cultura e Política nos traz o conceito de “private dozent” em que, durante suas digressões e palestras, acerca das diferenças entre os estados organizados nos países, introduz uma crítica fundamentada em seus estudos sociológicos: “para ser um professor universitário na Alemanha, é necessário que se tenha um dote, uma estrutura, uma proteção robusta, no caso financeira, para custear os estudos.”

Filho de peixe é peixinho!

Ele observa ainda: “difere dos EUA, onde as liberdades democráticas permitem ao jovem avançar sem esta estrutura tão radical”, e numa digressão, em um jogo do capital com o estado (política pública), pelo bem do desenvolvimento da sociedade, e por conseguinte do país, em que os custos podem ser diluídos para facilitar o caminho – a educação – do jovem, que um dia devolverá à sociedade na forma de conhecimento para a evolução, aquilo que aprendeu e apreendeu na sua formação superior, seja como professor, seja como pesquisador.

Não observamos, contudo, esta prática como sendo um propósito em si. Aqui, no Brasil então ela basicamente inexiste, por uma razão: não fomos educados para isso! Desde o império.

A beleza deste exercício humano e democrático, infelizmente se perdeu na história do país e vive esquecido na atualidade, mas permanece ecoando nas mentes como um imperativo digno da razão kantiana: “Um doutor, PhD ou qq outra categoria avançada na Educação, deve à sociedade tudo o que aprendeu e por força moral, a sua ética deve conduzi-lo à devolução deste conhecimento!”

Fica, entretanto, ecoando também nas mentes das pessoas mais argutas e observadoras a seguinte questão: “a Educação, como orientação para seguir um caminho é mesmo para todos? E se isto é verdadeiro, que tipo de educação recebemos?”

 

 

 

 

Compartilhar

Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP