Ensino

A escrita via TICs na escola: entre o tradicional e o moderno ou A escrita via TICs: proibir ou liberar?

Não há dúvidas de que, na escola brasileira, a escrita dos alunos sempre foi motivo de preocupação, especialmente para professores de Língua Portuguesa.

Jandira Pilar

SP, 31/07 de 2020

1 Minuto

Na contemporaneidade, então, a escrita TICs na escola tem tomado uma dimensão muito maior, em se tratando de alunos no final de Ensino Médio.

Quem ensina redação nesse nível de ensino sabe que os textos vêm cada vez mais marcados por abreviações e coloquialismos, próprios da linguagem usada em mensagens enviadas por aparelhos celulares.

Mais do que isso, observa-se a incidência de frases sem pontuação ou com pontuações em excesso, como se os pensamentos fossem interrompidos abruptamente.

Esse jeito, apressado e impaciente de escrever, traz aflição a pais e a educadores e merece ser analisado sob dois vieses.

Do ponto de vista do jovem, não se trata de desleixo ou desdém pela escrita. Para uma geração hiperconectada, a fluidez das relações sociais, já mencionada por Zygmunt Bauman, traduz-se em códigos e abreviações, em fragmentos de textos, em imagens.

Se o celular lhe oferece, a qualquer instante, “o mundo na palma da mão”, para que ler e escrever textos longos e cansativos? É mais fácil “ditar” e deixar que o aplicativo se encarregue de “escrever” e, inclusive, de enviar para o professor. Escrita Tics na escola resolve…(?)

Do ponto de vista da escola, não se trata de tentar impedir que a linguagem das TICs adentre a sala de aula, espaço em que a gramática normativa já há algum tempo vem sendo substituída por uma escrita oralizada.

Como, então, a escola pode cumprir a sua função de ensinar a “escrever bem” sem os conflitos pela presença incessante da tecnologia?

A resposta está no caminho entre o tradicional e o moderno. A noção de gênero textual/discursivo, prevista na matriz de referência do Enem, aponta para um trabalho com gêneros digitais, e o celular já vem sendo usado em muitas escolas como ferramenta de ensino.

Do mesmo modo, textos de gêneros variados encontrados na internet são muito bem-vindos como suporte para selecionar argumentos na escrita de um texto dissertativo-argumentativo, que exige uma linguagem formal.

Se os alunos conhecerem todas as possibilidades da linguagem e a sua relação com o contexto de uso, não será tão difícil aprender a aplicar as regras da gramática normativa em um texto para o concurso que o levará até as portas da universidade.  

Jandira Pilar  – Doutora em texto e discurso – Especialista em redação para ENEM e vestibulares

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Redação

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