O Brasil envelheceu. As taxas de nascimento recuaram e as de mortalidade se mantiveram estáveis com ligeiro decréscimo, como reflexo da maior longevidade. Por sua vez, o mercado, pantagruélico, entidade amorfa, insensível e cruel, devora os mais novos e joga fora os mais idosos. A 3ª idade. Enquanto outra fatia do mesmo trata dela como a melhor idade… Cinismo puro.

Fernando Nogueira da Costa

Campinas, São Paulo – 16/05/2025
2.4 Minutos

Ítala Nandi tinha 27 anos quando se tornou a primeira atriz a fazer nu frontal no teatro brasileiro. O ano era 1969 e o espetáculo, “Na Selva das Cidades”, do lendário Teatro Oficina. Aos 82, novamente marcou época protagonizando uma cena de orgia com sete atores no filme “O Clube das mulheres de negócios”, exibido nos cinemas no ano passado.

A ideia da diretora Anna Muylaert era que Nandi se tornasse um símbolo contra o etarismo, preconceito baseado na idade de uma pessoa. E a atriz não para. Em maio, estreia no Teatro Poeirinha, no Rio, a peça “Paixão viva”, em que revisita seus 65 anos de carreira e com o qual vai rodar o país. “Há discriminação com relação à idade”, constata.

Realidade e estatística

A trajetória da artista é uma síntese do cenário do país, que hoje tem expectativa de vida maior e menos nascimentos. Ela tem somente um filho.

O envelhecimento da população marcou o século XXI do Brasil.

Uma mudança que impõe desafios, como melhor acesso a saúde, educação e ao mercado de trabalho, segundo o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves.

Ele é professor aposentado da Escola Nacional de Estatísticas (Ence) uma instituição vinculada ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ítala Nandi é considerada uma das grandes divas do teatro brasileiro. É autora de livros, produtora e professora universitária, doutora em artes cênicas. Eustáquio é referência em estudos populacionais e respeitado no país. Ambos participaram, a convite do jornal Valor (30/04/25), de uma conversa sobre o aumento da longevidade da população brasileira e seus desafios. O encontro foi para marcar, dentro de um conjunto de iniciativas nacionais e internacionais, os 25 anos do jornal.

Fernando Nogueira da Costa – Profº Drº. Titular do IE UNICAMP

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