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Futuro: Educação Trabalho e Vida

Para preparar futuros graduandos e graduados para o trabalho, as escolas básicas e as universidades devem alinhar seus processos e ensino com os avanços tecnológicos, sem esquecer de cuidar e muito bem do seu corpo docente. Mas, Futuro: ‘Educação Trabalho e Vidanão é uma equação linear.

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São Paulo, 14/04 de 2020.

3 Minutos

No novo milênio, a tecnologia começou a se infiltrar no processo educacional, e estudantes e professores começaram a utilizar a tecnologia de maneiras básicas (também conhecidas como Educação 2.0).

À medida que essa tecnologia avançava, incluindo a infiltração em massa de uma Internet mais gerada pelos usuários, a Educação 3.0 foi se formando. Os alunos então tinham seu próprio acesso às informações, e a opção de aprender virtualmente com plataformas para se conectar facilmente a(os) professora(es) e outra(os) aluna(os).

A educação não estava mais centrada entre alunos e professores, mas adotava uma abordagem mais em rede, com os alunos tendo sua própria conexão direta com uma variedade de fontes de informação diferentes. O(a) professor(a), portanto e claramente, foi posto(a) em ‘certa’ desvantagem frente às novas possibilidades do futuro: educação trabalho e vida.

Dar aulas não é só possuir um equipamento

Isso incentivou o desenvolvimento de uma maneira mais personalizada de aprendizado, na qual foi celebrada a independência do aluno e uma abordagem única de estudar. Obrigou também aos professores a submeterem-se a uma nova carga de aprendizado, e, por sua feita, suportar novos custos, para que pudessem acompanhar o desenrolar do processo sem serem dispensáveis.

No entanto, estamos agora entrando em uma nova fase: a Educação 4.0.  Adaptações, remodelagem, reestruturação em diversos sentidos, são absolutamente necessárias. Para desespero dos docentes, a distância entre suas necessidades para se manterem ativos e funcionais e seus salários aumentaram enormemente. Basta para isso comparar o salário médio da categoria com os preços dos equipamentos.

O que é o Educação 4.0? Quem e como será a(o) professora do futuro?

A Educação 4.0 é uma abordagem desejada (e seguramente necessária) para o aprendizado que se alinha à quarta revolução industrial emergente. Essa revolução industrial concentra-se em tecnologia inteligente, inteligência artificial e robótica; que conduz a IoT, às cidades inteligentes, e novos modos de vida; tudo isso que já afeta nossa vida cotidiana, ainda que nem todos percebam de imediato.

Para que as escolas básicas (o fundamental  e o ensino médio) e as universidades continuem a produzir estudantes de sucesso, elas devem preparar seus alunos para um mundo em que esses sistemas ciber-físicos sejam predominantes em todos os setores. Para tanto, professores de sucesso também deverão estar prontos.

Isso significa ensinar os alunos sobre essa tecnologia como parte do currículo, mudar completamente a abordagem do aprendizado e utilizar essa tecnologia para melhorar melhor a experiência do ensino médio e da universidade.

Robôs irão substituir uma grade número de empregados. O futuro será, no mínimo, tenso. (Foto: Internet)

Apenas considere que a(o)s professora(e)s deverão se equipar, se reciclar, estudar e aprender o máximo possível sobre as modernas tecnologias utilizadas neste novo “normal” , em que equipamentos caros são trazidos de fora do país, modelos, códigos, linguagens e periféricos – mesmo os de interface amigável – sem os quais será impossível atender à demanda dos estudantes. Enfim, o corpo docente atual não é nativo digital – ele foi levado no meio da onda, e muitos já se afogaram.

Preparando os alunos para as indústrias em evolução.

Os sistemas ciber-físicos estão se tornando cada vez mais integrados em vários setores, afetando inevitavelmente os requisitos de habilidades para os funcionários.

Uma pesquisa da McKinsey Digital (empresa especializada em pesquisa de dados digitais da Inglaterra) revelou que, devido à quarta revolução industrial, 60% de todas as ocupações poderiam ter pelo menos um terço de suas atividades automatizadas. A outra leitura desta informação estatística é: 60% dos trabalhadores poderão perder seu emprego se medidas de mitigação não forem tomadas urgentemente. Ainda, assim, uma carga enorme será depositada sobre as costas dos que ficarem empregados.

O tópico de como a inteligência artificial pode afetar os empregos no futuro já vem sendo bastante explorado em sites, revistas e palestras: Como a inteligência artificial influenciará o setor global de ensino superior, é um destes temas que tiram o sono de muita gente. Futuro: Educação Trabalho e Vida não é bem uma sequência ordenada como querem os programadores e suas logicas encadeadas. As duas últimas variáveis da equação – Trabalho e Vida – não dependem de fatores unilaterais ou decodificáveis.

No entanto, há muito mais a considerar do que a possível interrupção nas habilidades exigidas para várias funções. A quarta revolução industrial também afetará as habilidades sociais necessárias para os alunos e a(os) professora(es)no futuro. Não à toa a inteligência emocional se tornará fator preponderante para as relações sociais de amanhã.

Só para quem estiver trabalhando

Em 2016, o Fórum Econômico Mundial (DAVOS) produziu um relatório explorando essas mudanças. Eles previram que, até 2020, “mais de um terço do conjunto de habilidades básicas desejadas da maioria das ocupações será composto por habilidades que ainda não são consideradas cruciais para o trabalho hoje“.

Algumas das habilidades sociais que eles afirmam que em breve se tornarão indispensáveis incluem a resolução de problemas complexos, habilidades sociais e habilidades de processo.

A tecnologia também nos permite estar constantemente conectados e, como resultado, as funções de trabalho estão se tornando cada vez mais flexíveis e adaptáveis.

A Educação 4.0 trata de evoluir com o tempo e, para instituições de ensino superior, isso significa entender o que é exigido de seus futuros formandos e graduados.

Uma nova abordagem para a aprendizagemO aluno meio máquina
Humanos aprendem a ser humanos com outros humanos. (Img Internet)

Ao alinhar os métodos de ensino e aprendizagem com as habilidades necessárias no futuro, as universidades devem ter certeza de que estão preparando com êxito seus alunos para a quarta revolução industrial.

Um método para fazê-lo é incentivar a aprendizagem remota acelerada, que é a ideia de que os alunos aprenderão o conhecimento teórico remotamente usando meios digitais (você sabe: celulares, tablets, notebooks, computadores…) garantindo, ao mesmo tempo, que quaisquer habilidades práticas sejam aprendidas pessoalmente.

Mas, isso em teoria e em parte – o aluno deve também botar a mão na massa – praticar – usar o senso físico aliado ao senso lógico. As escolas deverão ter laboratórios para estas aulas práticas.

Essa é uma maneira mais flexível de aprender que requer responsabilidade e bom gerenciamento de tempo; habilidades que serão necessárias devido ao aumento da economia freelance, ou ao desemprego sem garantias legais de trabalho e empregabilidade.

A mudança para esse modo de trabalhar também exigirá que os alunos aprendam a se adaptar rapidamente às novas situações que possam enfrentar em suas carreiras em evolução. Sim, porque educação e trabalho não se separam, são fundamentos indissociáveis e estruturais de qualquer sociedade saudável. Por sociedade saudável entendam alto nível de produtividade e economia, como sempre dividida entre classe superiores, sejam privadas ou de servidores públicos, e o resto da população que tem de se virar como der.

E quem imagina, cria, pensa o projeto a partir de uma necessidade social?

Já um aprendizado baseado em projetos destaca a importância de estudar um amplo conjunto de habilidades que podem ser aplicadas a cada cenário, em vez de se ater a um conjunto de habilidades diretamente vinculado a uma função específica.

Práticas de aprendizagem como o SCALE-UP estão aumentando em popularidade em instituições como a North Carolina State University. Isso no dito ‘primeiro-mundo’, que fique claro. Uma maneira de aprender  em escala que aumenta os alunos sentados em mesas redondas espalhadas pela sala, permitindo que o professor caminhe livremente pelo espaço e se aproxime dos alunos, se necessário, usando máscaras antigripais, algo impensável na escola pública dos países emergentes, o caso do Brasil.

Entre a realidade e os sonhos

Com essa maneira de aprender, os alunos também estão “resolvendo problemas em laptops e quadros brancos, respondendo a perguntas em tempo real e ajudando uns aos outros a aprender”.

A abordagem para exames e avaliações também mudará, afastando-se do método tradicional de absorver e retransmitir uma grande quantidade de informações; habilidades não tão necessárias no futuro.

Em vez disso, podemos ver os alunos avaliados “analisando sua jornada de aprendizado por meio de projetos práticos e experimentais baseados em aprendizado ou trabalhos de campo”.

Obviamente, a maior mudança que provavelmente veremos como parte da Educação 4.0 é uma fusão mais profunda da tecnologia no processo de ensino. O objetivo final de utilizar essa tecnologia e adotar novos métodos é colocar os alunos no centro do processo educacional, “mudando o foco do ensino para o aprendizado” .

Adaptação a novas realidades.

As instituições de ensino superior estão caminhando para uma maneira mais personalizada de ensinar. Utilizando dados e acompanhando o desempenho dos alunos, as universidades poderão identificar alunos com dificuldades e fornecer estratégias de aprendizado otimizadas para atender às suas necessidades.

A Educação 4.0 adota esse avanço na análise e o utiliza para tratar cada aluno como um indivíduo, entendendo que as necessidades de aprendizado de todos e os resultados desejados serão diferentes.

Também houve conversas sobre diplomas totalmente personalizáveis, nos quais um aluno não precisa escolher apenas uma ou duas disciplinas para estudar, mas pode selecionar módulos de vários programas.

No entanto, alguns ainda não estão convencidos com essa abordagem e veem esse afastamento da estrutura tradicional de graus como problemático. Por exemplo, o professor de ensino superior de Oxford, Simon Marginson, acredita que, “enquanto mantiverem currículos fixos, a flexibilidade fará com que outras instituições pareçam de qualidade inferior”.

No entanto, é provável que a nova abordagem da estrutura do programa crie estudantes mais versáteis, capazes de se adaptar a várias opções de carreira; algo que será extremamente valioso no futuro, mas massacrante no presente.

Independentemente disso, para formar graduados preparados para assumir o futuro estado de emprego, as universidades devem evoluir e aceitar que as mudanças em alguns processos tradicionais são inevitáveis. Quem pagará o preço será a sociedade do presente.

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP