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Geoparque do Brasil 15 Anos

O primeiro geoparque, chancelado pela UNESCO, no Brasil completou 15 anos em setembro. O Geopark do Araripe, localizado no Ceará, entrou para a Rede Global de Geoparques (GGN) no ano de 2006 e desde então segue sendo o único projeto brasileiro a fazer parte desta lista.

Redação

Crato – CE – 01/11 de 2021

2 Minutos

Outras áreas do nosso país vêm pleiteando uma vaga nesse rol de locais de elevado valor geológico e paleontológico. Possivelmente teremos uma série de geoparques brasileiros chancelados pela UNESCO no futuro, mas até lá destaca-se o pioneirismo do Geopark do Araripe.

Geoparque Brasil 15 anos
                      O 1º geoparque do Brasil completa 15 anos – na região do Crato – Ceará – NE do Brasil – (Img. Internet)

Para Joana Sanchez, representante da Comissão de Geoparques da Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), a chancela é importante para o país, pois traz um reconhecimento para um patrimônio geológico excepcional como o de Araripe.

“A bacia do Araripe conta com a maior larga strata de fósseis, é impressionante todas as camadas de rochas apresentarem algum tipo de fóssil e contarem uma história geológica fenomenal. Ser reconhecido como geoparque Unesco traz um status de que temos potencial, de que temos história e conhecimento e nos coloca no mesmo patamar que todos os locais do mundo.” completou a professora.

O Geopark Araripe foi criado com o auxílio de diversos órgãos e instituições, incluindo o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). Ele leva esse nome pelo seu território fazer parte da Bacia Sedimentar do Araripe. O local possui uma área de 3.789 km2 (IBGE/FUNCEME, 2001) que são distribuídas pelos municípios de Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri (CE). O geoparque faz parte de uma região muito importante para registro geológico do período Cretáceo, com destaque para seu conteúdo paleontológico, com registros entre 150 e 90 milhões de anos, que apresenta um excepcional estado de preservação e revela uma enorme diversidade paleobiológica.

Geopark Araripe faz 15 anos
                                         Geossítio Ponte da Pedra no Geopark do Araripe  – (Foto: Arquivo SGB-CPRM)

Os principais objetivos do Geopark Araripe são proteger e conservar os sítios de maior relevância geológica e paleontológica, territorialmente denominados geossítios. Além disso, o mesmo possui uma relação importante com a educação, turismo e desenvolvimento. O geoparque tem como um de seus braços o setor de educação ambiental, no qual, tem o objetivo de proporcionar à população local e aos visitantes, oportunidades de conhecer e compreender os estudos e tudo que acontece dentro do parque.

Dessa maneira, esse setor lidera diversos projetos como os: Geopark nas Escolas, Geopark nas Comunidades, Oficinas Pedagógicas, Colônia de Férias e muito mais.

Outros setores do geoparque são o Geoturismo e a Geoconservação. No primeiro, o objetivo é incentivar um turismo de qualidade, baseado nas múltiplas valências do território, através de uma estratégia de promoção e divulgação de nível internacional. Todos os municípios envolvidos com o geoparque têm um potencial enorme para o turismo, no entanto, a região que se destaca é a do Cariri, que vem cada vez mais se consolidando como destino para turistas por conta de todas as suas qualidades e diversidades de atrações, que vão desde a parte cultural até o turismo religioso e natural.

Geoparque do Brasil 15 anos
                          O Geopark do Araripe representado pela linha vermelha no Mapa do Ceará. (Foto: Arquivo SGB-CPRM)
Geração de desenvolvimento na região

Por sua vez, a geoconservação é crucial assegurar a salvaguarda do geopatrimônio brasileiro, tem assim a ideia de garantir os cuidados com esse patrimônio, porém utilizando-o de maneira racional e sustentável. Dessa maneira, esse trabalho é essencial para a proposta do geoparque de ensinar e divulgar a todos a sua história, seus patrimônios e natureza.

O reconhecimento mundial do Geopark Araripe, segundo Rafael Soares, pesquisador do setor de Geoconservação do mesmo, também demonstrou que a prática de fazer de um geoparque o programa de desenvolvimento territorial sustentável para um território funciona. E assim, ela pode ser produzida também em outros locais, claro, consideradas as diferentes especificidades locais e regionais.

De fato, a entrada do mesmo na Rede Global de Geoparques abriu espaço para outros trabalhos no Brasil começarem a serem produzidos tendo o Geopark Araripe como exemplo. Para Rafael Soares a chancela da UNESCO representou:

“Um despertar para essa possibilidade de expansão do nosso trabalho enquanto geocientistas. A comunidade geológica, e das demais geociências, suas principais organizações e sociedades, começaram a perceber novos horizontes e, felizmente, resolveram investir nisso, acreditando firmemente nos desdobramentos positivos possíveis que o Programa de Geoparques da UNESCO poderia trazer aos territórios mais diversos.”

Dentro do Geoparque existem 9 geossítios que os visitantes podem conhecer. Geossítios são locais bem delimitados graficamente e que concentram formações geológicas com grande valor. Por exemplo, o Geossítio Floresta Petrificada do Cariri, local onde se encontram fragmentos de troncos petrificados com aproximadamente 145 milhões de anos.

                                        Geossítio Floresta Petrificada do Cariri. (Foto: Luis Carlos Bastos Freitas/SGB-CPRM) 

 

Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) – imprensa@cprm.gov.br

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Redação

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