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HOMESCHOOLING – “Bixo” de 7 Cabeças

A Câmara dos Deputados aprovou recentemente projeto que regulamenta o homeschooling ou ensino domiciliar. Vamos pensar um pouco sobre o assunto, sem futurologia, mas com os pés no chão.

Redação

São Paulo, 27/05/2022.

2 Minutos.

Comecemos assim, com algumas perguntas básicas: 1ª) quais serão os pais (avós, tios, irmãos etc.) que têm condições de educar como uma escola – as disciplinas, para ficar no básico? 2ª) Quais as famílias detêm poder aquisitivo suficiente para terem em casa equipamentos e rede disponíveis – cabo, wireless, softwares – acesso a rede móveis e celulares, ou tablets, desktops ou notebooks  e periféricos auxiliares, adequados e em quantidade suficiente para atender 2 ou 3 filhos, por exemplo? 3ª) Quem vai monitorar o tempo de estudo e o aprendizado- aproveitamento deste alunos? 4ª) O que pais trabalhadores (saem de casa às 6h da manhã e voltam às 19h) podem ensinar aos seus filhos, ‘já que nada mais tem a fazer em casa, pela casa, por si’? 5ª) Como fica a segurança de dados sensíveis da família? 6º) O que é Educação/Ensino Híbrido?

A professora do Departamento de Filosofia da Educação da Faculdade de Educação (FE) da USP, Carlota Boto, espera que o projeto seja rejeitado pelo Senado. Ela argumenta com violação do direito das crianças frequentarem a escola – instituição que se interpõe entre a família e o mundo social e prepara o indivíduo para conviver em sociedade.

Na sua professora, a socialização nas escolas é uma questão fundamental: “A socialização é o aprendizado das amizades, da convivência com o outro. Quando você, por razões religiosas, por exemplo, opta por tirar a sua filha ou o seu filho da escola para que ele conviva com crianças da mesma religião, você está impedindo que essa criança tenha a convivência com um conjunto amplo da sociedade, com pessoas que são diferentes dela, mas que, mesmo assim, podem se tornar amigos. Esse aprendizado da amizade é o aprendizado do convívio, e a escola é fundamental para assegurar esse convívio”.

Segundo a professora, estudos sobre o ensino domiciliar têm mostrado que há um vetor religioso acerca das famílias que escolhem esse tipo de educação para os filhos, pois não querem que eles tenham contato com teorias educacionais consideradas ímpias.

Outro ponto é o viés elitista do projeto enxergado por Carlota.

Tudo lá em casa?  Como?

“Isso vai exigir a contratação de professores particulares e, nesse sentido, apenas as famílias de renda alta é que poderão arcar com essa despesa. Me parece absolutamente injusto no que diz respeito à própria igualdade de condições.”

Um último aspecto apontado pela professora é o favorecimento da violência doméstica: “A escola percebe quando a criança vem machucada, traumatizada. Se a família controla o que acontece na escola, a escola também, em certa medida, controla o que acontece na família. São duas instituições que deverão continuar se complementando e se autorregulando”, exprime.

Ela conclui: O homeschooling tem potencial para atingir um grupo muito pequeno no Brasil e que a demanda não é razoável para justificar a aprovação do projeto.

E você, o que acha? Se é pai/mãe e trabalhador – prestador de serviços, empreendedor, micro, pequeno, passa horas longe de casa, ou se trabalha em home office, tem alguma opinião formada?

Assista estes vídeos-entrevistas/debates que podem te ajudar a chegar n’alguma conclusão.

 Educação híbrida: Vídeo 1

Vídeo 2: 

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Redação

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