Educação PolíticaRecentesSociedade

Imigrantes e Refugiados

Cerca de 200 alunos imigrantes e refugiados no Brasil obtiveram certificado em língua portuguesa. O projeto já atendeu cerca de 1500 pessoas que chegaram ao Brasil. Tirando de Letra

Redação

São Paulo, dezembro de 2023

2 Minutos.

Logo no começo deste mês 200 alunos de diversas nacionalidades, incluindo afegãos, sírios e venezuelanos, se formaram nos programas Tirando de Letra. Composto por aulas emergenciais que ensinam noções básicas de português, receberam visão geral sobre a cidade e os direitos de refugiados e imigrantes no Brasil e PLAC . O sistema possibilita uma imersão mais profunda na língua portuguesa e prepara os alunos para o pedido de naturalização. A iniciativa é uma realização da Associação Educação Sem Fronteiras (ESF).

A ESF foi fundada em 2020. Com os seus serviços atendeu cerca 1481 pessoas imigrantes e refugiadas apenas entre abril e outubro deste ano. Atualmente, aproximadamente 155 alunos são atendidos em centros de acolhimento distribuídos em três cidades brasileiras: São Paulo, Guarulhos e Poá.

O curso segue o sistema europeu de ensino e tem mais cinco módulos, além do emergencial. A partir do nível intermediário (4º módulo), os alunos têm acesso ao certificado de proficiência em língua portuguesa. Desta forma podem dar entrada no processo de naturalização. O programa é realizado em parceria com a Escola da Cidade, e é reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC).

A formatura aconteceu em meio a situação humanitária que se agravou no Afeganistão, afetando, principalmente, os grupos mais vulneráveis da população. Somente entre setembro de 2021 e março de 2023, o Brasil emitiu mais de 7,2 mil vistos humanitários para afegãos, conforme dados do Ministério das Relações Exteriores.

Oportunidades e respeito aos que vêm de longe

Segundo o empreendedor Social e Presidente da ESF, Adriano Abdo, a missão da iniciativa é acelerar a integração daqueles que buscam oportunidades no Brasil por meio de aulas introdutórias de português. “O curso tem como objetivo garantir aos estudantes uma visão geral da cidade onde vivem, além de oferecer orientações sobre como se comunicar com a população brasileira local”, explica o presidente.

A Educação Sem Fronteiras conta com a parceria da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), que contribui financeiramente para a existência do programa de imersão linguística e formação cidadã. Na entrega dos certificados, Maria Beatriz Nogueira, chefe do escritório do ACNUR em São Paulo, ressaltou a importância de oferecer oportunidades para que os imigrantes aprendam o português.

“A missão é para que o português como língua de acolhimento se torne uma política pública nacional. Falar português, ensinar português, é uma das coisas que a gente tem em abundância no nosso país. Como a gente não tem essa iniciativa em todas as cidades? A gente precisa de parceiros como o Educação Sem Fronteiras para expandir esse projeto e expandir o português como língua de acolhimentos cada vez mais”, pontua.

Metodologias funcionais

Para apoiar os imigrantes e refugiados, o projeto divide suas atividades em duas áreas principais: atendimento ao público e educação. De acordo com Adriano, há também uma preocupação com a adaptação e respeito à cultura. “Nós buscamos apoiar os imigrantes em sua adaptação ao Brasil. Respeitamos as suas culturas e valorizamos suas contribuições para a nossa sociedade.

Não se trata de uma integração colonialista do tipo: ‘coma feijoada, aprenda futebol e samba, aqui está o checklist para você se tornar um brasileiro’. O nosso trabalho é integrá-los à cidade, ao idioma e principalmente aos seus direitos”, completa o presidente.

Quanto à educação, o instituto adota uma abordagem pedagógica popular, inspirada na visão de Paulo Freire, na qual os educadores e alunos desempenham um papel central na aprendizagem a partir do diálogo. As aulas são dinâmicas e relevantes para a realidade dos alunos, salientando a oralidade e a comunicação como ferramentas essenciais para a integração.

Outras ações em destaque

Entretanto, a Educação Sem Fronteiras passou por uma renovação em sua equipe em 2023, resultando em um aumento significativo no número de colaboradores. Atualmente, o projeto conta com cerca de 55 pessoas, entre trabalhadores, prestadores de serviço e voluntários.

Além do programa Tirando de Letra, a instituição implementa diversas outras ações voltadas a imigrantes e refugiados, tanto presencialmente quanto online. O PLAC possibilita uma imersão mais profunda na língua portuguesa, enquanto o projeto Travessias oferece preparatórios gratuitos para provas de vestibulares, Encceja e Enem.

Já o Geração Sem Fronteiras se destaca ao proporcionar cursos profissionalizantes em áreas de programação e inovação tecnológica, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades nesse setor.

A Educação sem Fronteiras é a primeira associação de educação para imigrantes e refugiados do Brasil, sem fins lucrativos, foi fundada em 2020 e alinha-se com 6 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

 

[N.E.: o blog do MDS da Rede SUAS não está funcionando.]

Compartilhar

Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP