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Impactos da Transformação Digital na Educação

A transformação da cultura digital nas escolas requer, além de políticas públicas coerentes e constantes, um esforço conjunto de gestores, professores, alunos e famílias para integrar as inúmeras possibilidades de ensinar e de aprender, com tecnologias cada vez mais poderosas de forma coerente e eficiente.

Para grande parte das escolas, principalmente públicas, há um brutal descompasso entre as possibilidades e a realidade, tanto no acesso como no domínio tecnológico e pedagógico que as plataformas com inteligência artificial nos trazem. Mesmo com esse gigantesco desafio a vencer, é importante que todos os educadores conheçam e experimentem, até onde lhes for possível, as inúmeras possibilidades e questões que o digital traz para ensinar e aprender a partir de agora.

Todas as escolas estão enfrentando mudanças nas formas de ensinar e de aprender com metodologias ativas, aprendizagem criativa e humanizadora. Com apoio de plataformas e aplicativos cada vez mais evoluídos, dialogam com a experiência, vivência, sensibilidade e motivação dos estudantes. Mas, o cenário ainda muito desigual. As tecnologias “inteligentes” estão mostrando que, nas mãos de profissionais criativos e humanos, podem contribuir para redesenhar os currículos. Também as metodologias, os espaços, a tutoria e a avaliação, tornando a escola muito mais aberta, participativa e relevante.

Integração das competências

Começamos a ter diagnósticos mais precisos dos avanços e lacunas de cada estudante. No que precisam focar mais, com tutores digitais e outras tecnologias como apoio para a gestão de cada etapa, com a supervisão e acompanhamento docentes. Cada aluno pode ter uma sequência curricular mais personalizada, de acordo com sua realidade e necessidades. Além disso, ao mesmo tempo, participar de projetos grupais com muita experimentação e compartilhamento.

Tendo acesso e domínio digitais, os docentes podem desenhar e gerenciar o que cada estudante aprende, os avanços e as dificuldades de cada um. Cada aluno pode ter seu tutor virtual com o qual interagir, tirar dúvidas, avançar. O professor pode acompanhar o percurso de cada aluno, e assim desenhar atividades adequadas para o momento em que ele se encontra, ajudando-o a problematizar, contextualizar, orientar nas dimensões mais criativas, complexas e humanas.

Impactos da Transformação Digital na Educação. Futuro e conquistas. (Img. Web)

Cada professor pode acompanhar o mapa dos avanços e dificuldades de cada estudante e redesenhar estratégias ativas mais adequadas para cada um e acompanhá-las em cada etapa.

Pode ver como esse aluno está em relação a outras turmas do mesmo ou de outros colégios parceiros. O professor pode visualizar as estratégias didáticas de cada colega e propor algumas atividades ou projetos em conjunto.

Possibilidades

Os gestores podem acompanhar e gerenciar o andamento das turmas, onde há alguns problemas específicos, antecipar-se a situações que podem trazer problemas mais adiante (ausências, desistências…), podem avaliar o desempenho dos docentes por área de conhecimento, por série, por escola, analisando um conjunto de escolas.

Enfim, podem ter um mapeamento dos pais, das questões mais controversas e das estratégias mais adequadas.

Acender as luzes e o preparo da longa jornada

As famílias podem ter acesso ao planejamento, andamento e avaliação do processo de ensino e aprendizagem dos seus filhos. Portanto, como ele está dentro da sua classe e em relação a outros colegas de outras classes. Além disso, receber feedbaks mais precisos para ajudar na solução de problemas antes que eles se avolumem ou se tornem mais difíceis de enfrentar. Famílias também pode colaborar com suas competências profissionais e seu tempo para ajudar os alunos em workshops e outras formas de colaboração (itinerários formativos).

Estou ciente de que a tecnologia não é uma panaceia e que a educação é um processo essencialmente humanizador, de encontro entre pessoas que se ajudam, interagem, se apoiam. Contudo, a transformação digital também revela problemas difíceis de resolver como a desigualdade de acesso, principalmente para alunos de baixa renda e em regiões pouco conectadas.

Como estamos em uma fase ainda incipiente de difusão dessas novas plataformas de IA, precisamos também entender os desafios que eles trazem para nossa vida pessoal, social e especificamente na educação. De fato, esses sistemas usam enormes bases de dados, filtrados por algoritmos, visões de mundo e interesses. Sabemos que há vieses nestas escolhas, que podem não ser imparciais, objetivas ou éticas.

Assim, ainda estamos numa fase muito nebulosa de como funciona a caixa preta da inteligência artificial. Sabemos que os sistemas com IA se espalharão para todos os domínios, aplicativos e plataformas.

Cuidados e necessidades a serem tomados com as ferramentas

Há visões de mundo muito diferentes em quem trabalha com educação e também nos que vendem soluções tecnológicas. E, em paralelo, com a tutoria mais “inteligente” e personalizada, precisa ir junto uma formação humanista e crítica para que não tenhamos crianças e jovens interagindo excessivamente com máquinas, que são atravessadas por múltiplos interesses.

Infelizmente, as consequências negativas da exposição exagerada às telas já são hoje mais perceptíveis no quotidiano e nas investigações acadêmicas. Os alunos estão constantemente conectados à internet e às redes sociais, o que pode prejudicar a concentração e a atenção e o risco de dependência das tecnologias digitais e de viver em bolhas informacionais fechadas.

Entretanto, o uso excessivo das tecnologias digitais também pode levar à ansiedade: os alunos podem se sentir pressionados a estar sempre conectados e a acompanhar as últimas tendências. Tem aumentado também a tristeza, depressão, o isolamento nesses últimos anos de confinamento e pós-pandemia.

A frente

 Ou sejam o processo digital vai se aprofundar e, junto com ele, os cuidados redobrados na formação e acompanhamento de crianças e jovens, que precisamos ter todos: pais, educadores, estudantes, organizações políticas e sociais.

Tendo uma visão aberta, acolhedora e integradora e os recursos disponíveis, o ecossistema da escola pode ser muito melhorado, em todas as dimensões. Portanto, o planejamento de cada docente e de seus colegas pode ser enriquecido com o mapeamento de ações possíveis físicas e digitais, dentro e fora da escola, nos equipamentos sociais e culturais da cidade, na integração entre o mundo físico e o digital. O mapeamento de eventos, lugares, pessoas interessantes no entorno que possam interagir com a escola de várias formas. Deste modo podem-se chegar a otimização de recursos, dos espaços, dos tempos, das atividades para cada tipo de aluno e para o desenvolvimento de uma maior consciência social.

 José Moran – Professor, Escritor e Pesquisador de projetos educacionais inovadores. 
Autor do blog Educação Transformadora

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP

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