O Colunista
O colunista é hoje o carro-chefe da mídia mundial.
Belo Horizonte, 06/08/2024
1,8 Minuto.
A imprensa no mundo passou por três fases. A primeira, até a década dos 1950, que foi a fase da notícia. Era difícil achar e produzir a notícia, em contexto histórico de pouca inter-relação entre os países e as culturas, com pouco fluxo das informações. Superman era o Clark Kent do Planeta Diário, e Clark Kent o Superman, que ao chegar à terra teve como missão de seu pai mostrar os caminhos para o homem, porque “eles são bons, mas não sabem por onde ir”. O repórter é o centro da imprensa, na árdua tarefa de encontrar e divulgar a notícia.
Os anos de 1960 mudam o curso da história. É o movimento estudantil mundial, os Beatles e a renovação dos valores, a contestação à Guerra do Vietnã, a luta pelos direitos da cidadania, que então emerge. O editorial passa a ser o carro-chefe da imprensa. Não que a notícia tenha perdido a sua importância, mas já então mais facilitada pela maior interrelação entre os países e os povos, e o fortalecimento das Agências de Notícias, como a UPI, a AP e a France Presse, proporcionando a maior uniformidade das notícias.
Posiciona-se o editorial do New York Times contra a Guerra do Vietnam. No Brasil, o Jornal do Brasil e os Diários Associados, com Assis Chateaubriand, tomam proeminência no cenário nacional.
Com a internet nos anos de1990, mais notadamente a partir dos anos 2000, o colunista, com a informação, interpretação e análise das tendências, toma a proeminência na mídia mundial.
O Colunista
Não que a notícia e o editorial deixem de ter o seu lugar de importância. Mas a notícia fica mais fácil com a mídia eletrônica e os celulares; o editorial passa a se fazer implícito nas análises dos jornais; e ao colunista cabe a análise e prospecção dos fatos. Alguns colunistas passaram a desempenhar a tríplice função da notícia, do editorial e da análise. Assim foi com a Coluna do Castelo.
Paul Krugman, no New York Times, expressa a força tripartite desta tendência da mídia atual. O Globo, a Folha e o Estadão colocam hoje, mesmo antes da manchete em seus sites, a lista dos colunistas no topo da página. Às vezes, a manchete provém da citação de um colunista. Na imprensa nacional, Merval Pereira é hoje, na minha opinião, quem mais expressa a tríplice função da notícia, editorial e análise na imprensa nacional. É um prazer ler e escutar todos os dias os colunistas nos blogs, jornais, revistas, TVs e rádios. Gostaria de citar a todos nominalmente, mas a lista seria muito grande e haveriam muitas lacunas dentre os citados.
O colunista traduz a expressão da realidade atual, dentro do que o filósofo alemão Johann Herder chama de o “espírito dos tempos”, na análise e reinterpretação dos fatos, na prospectiva do amanhã.
Sinto-me honrado em escrever artigos no Blog do Noblat, na revista ISTOÉ, e no site AEscolaLegal.
Ricardo Guedes – Ph.D. pela Universidade de Chicago e Autor
[N.R.: O colunista é uma das colunas que sustentam uma redação. Sem ele o prédio é torto e frágil ]