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Poluição Atmosférica e Saúde Humana

“Pare de poluir o ar antes que ele impeça sua respiração.”

Maringá-PR, 02/07/2024
5 Minutos.

Por que discutirmos sobre a poluição atmosférica atualmente é tão importante?

É o segundo maior fator de risco de doenças não transmissíveis. É um grande problema de saúde ambiental que afeta todos de baixa, média e alta renda. Impressionantes 99% da população respira ar que excede os limites de qualidade seguros definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse ar poluído, cheio de partículas finas de várias fontes, como combustão de combustíveis fósseis, incêndios florestais e canteiros de obras, representa riscos significativos à saúde – notavelmente, um risco aumentado de câncer de pulmão.

A poluição do ar é a maior ameaça ambiental à saúde pública globalmente. É um perigo ambiental sério que nos afeta diretamente, prejudica a qualidade do ar, gera impacto negativo significativo na alimentação, na água e na segurança econômica de grande parte do mundo. Tal como na agricultura e nos ecossistemas (agrotóxicos e desmatamento) e, indiretamente, através do seu impacto no clima. A poluição do ar se configura como um problema ambiental de proporções trágicas, com impactos severos e diretos na saúde do homem.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 7 milhões de pessoas morrem prematuramente a cada ano devido à exposição ao ar contaminado, sendo este o principal risco ambiental à saúde. No Brasil, este número chega a 40 mil mortes anuais, dados do Ministério da Saúde.

Esse problema é causado por diversas substâncias nocivas que se acumulam na atmosfera. Partículas finas (PM10 e PM2.5 – podem ser encontrados em regiões próximas a indústrias e em nevoeiros e fumaça, respectivamente), dióxido de nitrogênio (NO2), dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3) e compostos orgânicos voláteis (COVs). O mais grave nos é o CO de alta afinidade com a hemoglobina, formando o que denominamos de carboxihemoglobina que provoca intoxicação, podendo levar a morte.

Políticas Públicas e fiscalização da sociedade

Portanto, respirar o ar com uma alta concentração de CO reduz a quantidade de oxigênio a ser transportado na corrente sanguínea para órgãos essenciais como o coração e o cérebro. A exposição a altas concentrações de CO pode causar tontura, confusão, inconsciência e até a morte. Com o avanço das tecnologias de controle das emissões veiculares, os níveis de CO reduziram-se muito, principalmente nos grandes centros urbanos. Ainda assim…

Várias políticas públicas adotadas nos últimos anos, no âmbito das três esferas de governo, criaram impactos diretos sobre os níveis de emissões de poluentes veiculares. Algumas dessas ações focaram diretamente o problema da poluição, buscando medidas de mitigação das emissões de poluentes. Contudo, muitas outras, que tinham outros objetivos, acabaram gerando resultados negativos em termos ambientais. Por exemplo, políticas de barateamento da gasolina ou redução tributária de automóveis e motocicletas.

Os poluentes atmosféricos vêm de atividades cotidianas como a indústria, o transporte, a agricultura, as queimadas e até de processos naturais. A poluição do ar está diretamente relacionada ao comportamento diário das condições meteorológicas de uma determinada região urbana ou industrial, monitoradas por meio de diversos parâmetros meteorológicos, tais como:

Pressão atmosférica • Estabilidade atmosférica • Direção e velocidade do vento • Temperatura ambiental • Radiação solar • Umidade relativa do ar • Precipitação da chuva • Perfil térmico da temperatura, dentre outros.

Efeitos negativos, cumulativos e fatais

Em uma escala local, o vento e a estabilidade atmosférica são os principais fatores que afetam o transporte e dispersão dos poluentes. A atmosfera está sempre em movimento, e o movimento do ar, tanto horizontal quanto vertical, está extremamente relacionado com a dispersão dos poluentes; a partir de sua fonte de emissão o vento dilui os poluentes e também os dispersa rapidamente, como mostra a figura 1

Poluição Atmosférica e Saúde Humana.
Fig. 1 – Ciclo pernicioso da poluição atmosférica, do solo e da vida . (Img. do autor)
Poluição Atmosférica e Saúde Humana.

Não importa onde você mora, você pode estar exposto à poluição do ar causada por escapamentos de veículos, fumaça, poeira da estrada, emissões industriais, equipamentos de jardim movidos a gás, produtos químicos que usamos em nossas casas e outras fontes. Tanto a exposição de curto quanto de longo prazo a poluentes do ar pode causar uma variedade de problemas de saúde.

Os efeitos da poluição do ar em nossa saúde são variados e bastante preocupantes. Quando estamos expostos a altos níveis desses poluentes, podemos desenvolver ou piorar várias doenças, especialmente as que afetam os sistemas respiratório e cardiovascular.

Por exemplo, as partículas finas podem entrar profundamente nos nossos pulmões e até na corrente sanguínea, o que pode levar a problemas respiratórios como asma, bronquite crônica e enfisema, além de aumentar o risco de infecções respiratórias.

Além das complicações respiratórias, as doenças cardiovasculares também estão correlacionadas com a poluição atmosférica. As substâncias tóxicas no ar podem induzir inflamação sistêmica, estresse oxidativo e alterações na coagulação do sangue, aumentando o risco de infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).

Uma pesquisa publicada na revista The Lancet revela que a poluição do ar contribui para cerca de 20% das mortes por doenças cardiovasculares em áreas urbanas.

#Poluição Atmosférica e Saúde Humana – O impacto adverso da poluição na saúde humana é o principal motivo para seu controle. A população em geral, principalmente a que vive nas zonas urbanas, sofre com os efeitos da poluição. Seguramente, alguns subgrupos são mais sensíveis a esses impactos: crianças muito novas, nas quais os sistemas respiratórios e circulatórios estão em formação. Além das pessoas idosas, nas quais esses sistemas não funcionam mais eficientemente. Também as pessoas que têm doenças como asma, enfisema e doenças cardíacas; e durante a gravidez, a poluição do ar pode causar complicações sérias. Nascimentos prematuros, baixo peso ao nascer e até aumentar o risco de mortalidade infantil. Um ponto imprescindível a ser destacado são as pessoas em situação de pobreza, pessoas que não têm acesso a cuidados de saúde.

Além dos problemas respiratórios e cardíacos, a poluição atmosférica também pode afetar outras áreas da nossa saúde. Pesquisas mostram que a exposição a esses poluentes pode prejudicar o desenvolvimento neurológico em crianças, dificultando a aprendizagem e o comportamento. Em adultos, há indícios de que a poluição do ar aumenta o risco de doenças como Alzheimer e Parkinson.

Reflorestamento e Preservação do meio ambiente – Poluição Atmosférica e Saúde Humana.

Para mitigar os impactos da poluição atmosférica na saúde humana, são necessárias políticas públicas robustas e eficientes. A adoção de tecnologias limpas na indústria e no transporte, a implementação de zonas de baixa emissão em áreas urbanas e o incentivo ao uso de energias renováveis são algumas das estratégias fundamentais.

Investir em sistemas de transporte público eficientes, seguros e acessíveis, além de promover a infraestrutura para ciclistas e pedestres, pode reduzir o número de veículos nas ruas e, consequentemente, as emissões de poluentes. A implementação de programas de coleta seletiva, reciclagem e compostagem, além do controle da queima de lixo e aterros sanitários, contribui para reduzir as emissões de gases poluentes e proteger o meio ambiente.

Conscientizar e educar a população, informando sobre os riscos da poluição atmosférica e incentivar a adoção de hábitos mais sustentáveis, como evitar o uso excessivo de carros, utilizar transporte público e descartar resíduos corretamente, é essencial para promover mudanças de comportamento.

Acordos globais devem ser seguidos. A cooperação internacional é fundamental para combater a poluição atmosférica, pois os efeitos da poluição transcendem fronteiras nacionais. Acordos internacionais, como o Protocolo de Kyoto, e o Acordo de Paris são importantes marcos para estabelecer metas de redução de emissões e promover a colaboração entre países.

Combater a poluição atmosférica é um desafio urgente que exige o engajamento de todos os setores da sociedade. Ao tomar medidas individuais e apoiar políticas públicas eficazes, podemos contribuir para um futuro com ar mais puro e um planeta mais saudável.

Profª Drª Eliane FernandesBióloga – Doutora em Ciências/Direito Ambientais – UEM

#Poluição Atmosférica e Saúde Humana.

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