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Prêmios Nobel e Brasil

O Brasil, com a 7ª população do mundo e a 9ª economia mundial, nunca foi laureado com um Prêmio Nobel.

O Brasil não tem nenhum Prêmio Nobel. Não por falta da capacidade ou de criatividade, mas pela profunda desorganização em nosso sistema educacional universitário e de produção científica.

No mundo, 82 países já foram laureados com o Prêmio Nobel. Dos 889 Prêmios Nobel até hoje laureados, os 10 primeiros países são os seguintes: Estados Unidos com 411 Prêmios Nobel, Inglaterra 137, Alemanha 115, França 74, Suécia 34, Rússia 30, Japão 29, Canadá 27, Suíça 25, Áustria 25. A Índia está em 19º lugar com 10 Prêmios Nobel, a China em 23º com 8. Na América Latina, a Argentina lidera com 5 Prêmios Nobel, México 3, Chile 2, Colômbia 2, Guatemala 2, Costa Rica 1, Peru 1. Já foram laureados, com 1 Prêmio Nobel, Bangladesh, Gana, Iraque, Líbano, Marrocos, Nigéria, Palestina, Tanzânia, Vietnam, dentre outros. O Brasil, nem um.

No Brasil, tudo é muito desorganizado. No dito popular, aqui impera a “bagunça”. A desorganização está no executivo, no legislativo, no judiciário, na saúde, na educação, no futebol. Acho que não é preciso enumerar mais. Os únicos setores organizados no Brasil são o financeiro, o agronegócio, a mineração, e a Embraer. E a nossa música, no esplendor de sua criatividade, como diz Roberto DaMatta em “O que faz do brasil, Brasil”, o primeiro com b minúsculo da nossa economia e do nosso social, o segundo com B maiúsculo de nossa música e valores culturais. É o país do Carnaval, onde somos inigualáveis.

O “Times Higher Education” (em Washington D.C. – EUA), o mais renomado dos rankings mundiais, apresenta três classificações. No “World University Rankings”, que mede o posicionamento geral das Universidades, a USP encontra-se no grupo 200-250, UNICAMP 351-400, as Federais do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul 601-800, a de Minas Gerais 801-1000. No “Impact Rankings”, em sua importância no mundo para a região, a USP posiciona-se em 101-150. O “Reputation Rankings”, no recall das Universidades, posiciona a USP em 81-90. No “US News Global University Rankings” (em Washington), a USP situa-se na posição 127 no mundo; no “QS University Rankings” (em Londres), em 92; e no “ARWU – Academic Ranking of World Universities” (em Shangai), em 101-150.

O problema de nosso sistema de ensino em geral, universitário e de produção científica, é a descontinuidade das políticas educacionais e intermitência dos investimentos. Como dizia Einstein, “a ciência é 5% de inspiração e 95% de transpiração”. Falta-nos a “transpiração” institucional, do descaso pelo conhecimento e ausência de políticas educacionais e de produção científica.

Certamente, por vezes se destacam valores individuais, como foi Cesar Lattes na Física, como Marcelo Viana na Matemática com o Prêmio Louis D. do Institut de France, e Miguel Nicolelis na Neurociência, dentre outros. Mas, no Prêmio Nobel, temos pouca influência acadêmico-institucional para fazer prevalecer nossos cientistas e nossas indicações.

No geral, como pode um país querer ter representatividade no mundo com tais rankings e indicadores? A lógica, aqui, é a da cartelização do ganho, independentemente do conhecimento que se tenha ou que se possa ter, ao invés da geração de conhecimento e inovação na ciência e tecnologia para a geração de bens e do bem-estar social. E por aqui vamos ficando.

Ricardo Guedes – Física pela UFRJ e Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago

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Redação

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