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Professor para Professor

O bate papo com o vereador progressista Eliseu Gabriel do PSB paulista sobre AEscolaLegal, em seu programa de podcast Conversa de Professor nem de longe chegou perto do que trata este texto. De fato, na ocasião falamos, exclusivamente, de projetos educacionais que pudessem abrir espaços para ampliar e melhorar a qualidade da educação, com o apoio das novas tecnologias de comunicação.

São Paulo, 13/06/2024
3,2 Minutos.

Bate papo com o vereador. Na segunda semana de Junho participei de uma entrevista com Eliseu Gabriel, vereador em SP pelo PSB. Como ele, Eu estou ligado às lutas da Educação. Como ele, vejo-a como direito inalienável da pessoa humana, e da mesma forma batalhamos pela laicidade, pela gratuidade e pela obrigatoriedade do Estado em promover, cada vez mais o acesso, a qualidade, os recursos para a estrutura, e o apoio aos professores e sua dignidade, aos alunos e aos profissionais que orbitam o vasto universo educacional.

Por estado, entenderemos de saída o Município de São Paulo. Deste modo, onde o vereador tem o espaço para a sua enérgica atuação partidária e parlamentar em prol da Educação na cidade. Diversas são as suas leis e ações neste sentido, tanto que pode-se dizer o vereador da Educação é Eliseu Gabriel. Mas, ele não trabalha num só campo. Atua em diversas frentes pela melhoria da qualidade de vida das pessoas e do que a cidade tem e deve oferecer a elas. Humanista e físico formado pela USP, sua larga visão dos problemas da cidade o tornaram um guerreiro ativo e confiável na área da Educação.

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Eliseu Gabriel debate Educação. (Img Web)

Embora este não tenha sido o escopo do bate-papo de Conversa de Professor, sabemos de antemão, que os problemas se avolumaram, e as soluções são, muitas das vezes, precipitadas e obedecem a preceitos político-ideológicos, e, ultimamente de forma bem agressiva, aos ditames das bulas de mercado e luta por espaços parlamentares.

Para ele, pelo menos, a Educação (ou diga-se: alunos e professores) são a verdadeira razão de sua luta e graças a solidez de seus princípios, arrivistas e aventureiros de plantão enfrentam dificuldades.


Observadores e críticos atentos

Percebemos nas escolas estaduais da cidade, infelizmente, que a estrutura da Educação estadual foi solapada na base pelo desinteresse dos vários governos, alguns municipais e federais. Ou seja, ao abandono e a desqualificação do nível intelectual do corpo docente, a falta de incentivos, e aos péssimos salários, seguiram-se o desmonte da qualidade dos serviços públicos prestados.

Salas superlotadas, falta de equipamentos e fechamento dos espaços físicos, destinados às salas de leitura, bibliotecas, laboratório, escolas inteiras e reduções catastróficas, em pesquisa universitária.

Por exemplo, a criação de hortas foi uma jogada inteligentes para suprir a ausência deste espaços e da degradação. Mas, é ínfima e carrega o selo do oportunismo. Sem desprezar a sua importância (Ciências) torna-se simples e básico de compreender: escolas particulares nunca dispuseram de terrenos suficientes para “competir” com as públicas.

Assim, tiveram de improvisar em seus pequenos espaços laboratórios experimentais de práticas agradáveis aos sabor do marketing de atratividade. Ofereceram aulas de línguas estrangeiras, aulas de musicalização, jardins e hortas, salas de informática e computação e se lançaram aos modais tecnológicos da atualidade, acriticamente.

Correndo para se atualizar, de qualquer forma

Quanto a este último tópico, o poeta, linguista e estudioso Ezra Pound dizia: “Uma pessoa que não consegue acompanhar a tecnologia de sem tempo, está fora do mundo!” Sim, a escola pública, ao tornar-se depósito de crianças e jovens carentes e das classe médias baixa, perderam enormemente o poder de competir no mercado por profissões cuja mente, a capacidade de raciocínio, o intelecto estratégico está sistematicamente adaptado, em relação a mão-de-obra física, àqueles que pagam melhor.

Paulo Freire, bem como seu antecessor Anísio Teixeira deixou claro que a educação pública é a fábrica da Democracia. Seus projetos eram populares porque pensavam em um Brasil para todos, unido e em construção. Freire apontou também que a falência desta educação é um projeto das classes dominantes saudosas da escravidão, da servidão dos ditos inferiores aos seus propósitos. Para tanto, estes projetos educacionais, à despeito de se modernizarem, tornaram-se a “fábrica dos inferiores”.

Pior, com a chegada de propostas fascistas e quartelizantes ao cenário ideológico, hoje temos as indefectíveis escola cívico-militares. Soldado obedece, não pensa! A sociedade civil corre um grande risco.

O país não é branco, não é negro ou preto, não é pardo, indígenas (não mais) ou qualquer outra coisa. Deste modo, se há uma divisão ela é clara: clubes de milionários e ricos de um lado, o resto do outro. E as estratégias para manter as divisões são óbvias: uma classe intermediária, intercalada para achatar a de baixo e aspirar ascensão acima, imaginando-se rica ou capaz de alcançar a riqueza.

O projeto está em andamento

Para tanto, todos os expedientes possíveis são utilizáveis. Inclusive apoiar golpes militares, fazer guerras, invadir favelas, comunidades e acabar, derrubar direitos trabalhistas, destruir a força moral, a unidade e a capacidade de pensar e criticar o sistema construído. Entretanto, deixar um bom número deles vivos é necessário, para ter uma mão-de-obra para construir, limpar e coletar as sobras e o lixo das camadas “superiores”.

A falta de educação crítica e análises reais facilita a criação e a repetição este estado de coisas. Assim, até aqui eles estão ganhando. O dinheiro tem força e a capacidade de criar ilusões também.

Quando estes começarem a perder força e espaço, entram as armas. Para eles a vida dos que estão abaixo nada vale. Já têm robôs inteligentes e máquinas e tecnologia para substituí-los. Resistir é absolutamente necessário, porém, é sempre bom ter em mente que o futuro molda-se de acordo com as necessidades. Questão de tempo?


Acesse o podcast Conversa com Professor aqui.

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP

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