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Três Práticas Digitais

Três práticas para aproveitar a habilidade dos nativos digitais para engajar os estudantes no aprendizado. Especialista dá sugestões e exemplos do que professores podem adotar para propiciar o aprendizado digital seguro às crianças e aos adolescentes.

 

 

Redação

São Paulo, 31/05/2023.

3,2 Minutos

As palavras educação e digital podem ter uma série de significados a partir da forma como são combinadas. Por um lado, a digitalização da educação está relacionada com a disponibilidade de ferramentas tecnológicas que levam o processo de aprendizado para o ambiente (ferramenta), onde hoje as crianças e os adolescentes se encontram: a tela – seja do computador, do tablet ou do celular.

No Brasil, a conectividade tem crescido de forma acelerada nos últimos anos, especialmente entre as crianças e adolescentes. Segundo a pesquisa “TIC Kids Online Brasil 2021”, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), em parceria com o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), cerca de 93% das crianças e adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos utilizam a internet. Ainda de acordo com o levantamento, 78% desse público têm perfis em redes sociais, revelando um aumento de 10 pontos percentuais em relação a 2019, fase pré-pandemia.

Porém, ao mesmo tempo em que os recursos digitais tendem a motivar, engajar e estimular nativos digitais na trilha de aprendizado, há uma outra combinação de palavras (não separadas por uma partícula de ligação) que precisa ser levada em consideração: educação digital. A prática envolve uma série de habilidades e conhecimentos necessários para processar a sociedade atual a partir da sua complexidade sócio emocional e de temas como fake news, cyberbullying e crimes cibernéticos.

Ligações perigosas 

A circulação de notícias falsas, a quantidade de pessoas que se informam somente pelas redes sociais ou aplicativos de mensagem e o potencial de viralização de conteúdos produzidos são elementos que podem alterar e comprometer o exercício da cidadania plena e, por isso, precisam ser discutidos nos espaços escolares.

A mesma pesquisa citada anteriormente mostra que mais da metade dos jovens entre 9 e 17 anos já se deparou com conteúdos violentos ou pornográficos na internet. Além disso, cerca de 24% dos entrevistados afirmaram ter sofrido algum tipo de violência ou assédio online recente.

Ou seja, os hábitos de consumo de informação desta geração de estudantes – que passa mais de 3h por dia na Internet (segundo o CGI.br) e que prefere formatos multimídia, com destaque para vídeos curtos (de acordo com o Pew Research Center) – faz com que gestores e docentes precisem se (pre)ocupar não apenas em disponibilizar e dominar a tecnologia, mas também de que forma trabalhar o aspecto da cidadania digital a partir de um ambiente seguro.

Orientações necessárias
Três Práticas Digitais
Em ambientes seguros, professores tem de praticar hábitos seguros. (Img. Web)

Diante deste desafio contemporâneo de atuar em um cenário de fontes, volumes de informações ilimitadas e descentralizadas,  Eny Muniz, Diretora Pedagógica da Britannica Education no Brasil para lista três práticas que os professores podem adotar, a fim de  lidar com suas turmas.

A instituição de mais de 250 anos é referência em curadoria e distribuição de conteúdo seguro para a educação.

Sua prática começou com edição da Enciclopédia Britânica (a mais antiga do mundo em inglês, impressa por 244 anos) e se estende até os dias atuais por meio das soluções digitais utilizadas por escolas em todo o mundo. Confira abaixo:

Proporcione segurança para oferecer autonomia e protagonismo

A geração que se encontra em sala de aula hoje nasceu e cresceu com diferentes recursos presentes em seu cotidiano, como dispositivos móveis, redes sociais, aplicativos, jogos eletrônicos, realidade virtual e mais recentemente, a inteligência artificial. De maneira geral, está acostumada a lidar com um grande volume de informações simultaneamente. É capaz de realizar múltiplas tarefas de forma eficiente, possui profunda afinidade por imagens e jogos e preferência por conteúdos que sejam apresentados de forma multimídia e hipertextual.

“Além disso, lidar com essa geração tem um desafio adicional, já que esse conjunto de características faz com que ela antecipe a noção de autonomia e, como consequência, busque um papel de protagonista da sua própria vivência, o que inclui o ato de aprender”, detalha Eny.

A resposta para fazer disso algo positivo está em propiciar um ambiente em que seja seguro buscar informações, com foco na composição de repertório para as temáticas contemporâneas. Isso significa, de alguma forma, limitar o acesso a fontes especialmente pensadas por educadores e especialistas em educação como maneira de prepará-los para o uso consciente e crítico do ambiente da Internet e suas aplicações no futuro.

“No passado, esse era o papel da enciclopédia, que a cada volume era atualizado com questões do futuro, como o aquecimento global. Hoje, a distribuição desses conteúdos é digital e em diversos formatos, o que facilita a adoção pelos estudantes dentro e fora da sala de aula com o potencial de se tornar seu principal buscador de referência”, completa a especialista.

Ofereça a profundidade adequada para cada faixa etária

Segundo um estudo realizado pelo Pew Research Center em 2020, os nativos digitais têm uma preferência por métodos de aprendizagem mais dinâmicos, interativos e colaborativos como jogos e simulações, que os ajudam a manter o interesse e a concentração nas atividades educacionais.

Na atualidade, essas aplicações são consideradas mais eficazes para a retenção e aplicação do conhecimento pois aproximam os estudantes do conteúdo de forma divertida, lúdica e estimulante. E o processo como um todo ainda incentiva a criatividade, a proatividade e o senso crítico dos estudantes.

Mas, de acordo com Eny, da Britannica Education, para que se tire o melhor proveito da prática é preciso ter o cuidado de oferecer níveis diferentes de profundidade em relação à temática que se alia a gamificação para o aprendizado.

Três Práticas Digitais
Ambientes estimulantes ampliam a capacidade de reter conhecimentos. (Img. Web)

“A noção de cidadania no século XXI vai além das pautas clássicas de garantias e oportunidades, como acesso à educação, saúde e cultura, e inclui temas relacionados à tecnologia digital, igualdade de gênero, raça, orientação sexual, inclusão de pessoas com deficiência e questões ambientais e de sustentabilidade”, enfatiza. “Tudo isso deve permear o ciclo escolar completo das crianças e dos adolescentes. Pretende-se que eles formem uma bagagem útil na decodificação de situações e de como agir na sociedade. E, nesse sentido, os jogos e simulações são muito válidos para trabalhar a vivência e promover um aprendizado contínuo. Desde que, claro, a profundidade aplicada seja condizente e alinhada com cada faixa etária.”

Aplique metodologias ativas de ensino

Os modelos clássicos de aula já não são suficientes para os nativos digitais, eles precisam de novos estímulos e novas formas de contato com o conhecimento. Por isso, as metodologias ativas são fundamentais para o aprendizado atual.

O objetivo dessas práticas é incentivar o estudante a aprender de modo autônomo e participativo. Ele precisa estar no centro do aprendizado. Precisa de utilizar suas habilidades tecnológicas e de interatividade para adquirir conhecimento.

“Portanto, a partir da segurança adicionada às fontes de informação e da correta segmentação de profundidade por faixa etária, é possível trabalhar com formatos de rotina diferentes. Um exemplo é a sala de aula invertida, em que os docentes orientam os estudantes a mergulhar em determinado conteúdo em casa, e, posteriormente, aproveita o ambiente escolar para promover discussões e debates em conjunto. Dessa forma, trabalha-se muito mais as habilidades críticas e socioemocionais do que o ‘decorar‘ do passado”, completa.

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Redação

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